Certo dia ouvi do meu chefe a seguinte frase:
- Meu sonho era ser um surfista... praia todo dia, ondas fenomenais, mulheres... sem grandes preocupações, só fazendo o que gosto. Mas tive que estudar muito e hoje estou aqui, atrás de uma mesa, preso em um escritório, cheio de preocupação e estressado. A gente faz o que a sociedade espera...
O que ele disse me fez pensar que a maioria das pessoas estão insatisfeitas com sua vida profissional mas não tem coragem de partir para fazer aquilo que realmente gostam. Há vários fatores que influenciam nessa decisão, como por exemplo, o medo de arriscar, falta de dinheiro, pressão dos pais, vergonha do que os outros vão pensar e assim por diante. O ideal seria que o trabalho fosse prazeroso e mesmo com alguns momentos de dificuldade, as compensações fossem maiores. Passamos a maior parte de nossas vidas trabalhando e por isso deveríamos nos dedicar naquilo que temos aptidão. Mas nem sempre isso ocorre e muitos de nós contam os minutos para que o dia passe rápido, esperando o momento de ir pra casa.
Penso que há muitos talentos sendo desperdiçados por aí pelo simples fato de estarem no lugar errado, fazendo coisas de que não gostam sentindo-se como “estranhos no ninho”, mas que por algum motivo foram levados a fazer.
Sei que não é fácil largar tudo e fazer aquilo que der vontade, ainda mais nos dias de hoje em que conseguir um emprego está cada dia mais difícil e as pessoas praticamente se engalfinham na disputa por uma vaga. E o que é pior, quando conseguem entrar no disputado mercado de trabalho descobrem que não era bem aquilo que esperavam.
Muitas vezes somos obrigados a tomar decisões por influências externas mas no íntimo queremos coisas bem diferentes,que permanecem ali, ocultas, desejos que talvez nunca serão realizados. Chego a acreditar que estamos perdendo a capacidade de sonhar e nos deixando levar pelas imposições de nossa sociedade, que exclui aqueles que não se enquadram em seu perfil. Enquanto isso, nossos sonhos vão sendo deixados para trás e talvez nunca sejam resgatados. O que fazer então? Estou certa de que há várias pessoas se perguntando a mesma coisa, vivendo esse mesmo dilema, acordando pela manhã sem disposição para enfrentar mais um dia e rezando para chegar logo o fim-de-semana para finalmente fazerem aquilo que realmente têm vontade. Quem sabe um dia essa situação mude e todas as pessoas se sintam realizadas e felizes com seu trabalho. Mas ninguém pode mudar isso por nós. Devemos encarar os problemas e os entraves que impedem a nossa felicidade, reconhecer quando estamos no caminho errado e tomar outra direção e não nos ocultar nas sombras fazendo sempre o que os outros esperam. Nascemos todos para brilhar, para viver cada dia da melhor forma possível, afinal todos temos direito a um lugar ao sol.
