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Artigos-->Votar no caqui correto -- 26/03/2002 - 20:05 (Haroldo Pereira Barboza) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A difícil escolha do caqui.



Separar uma laranja estragada das demais é fácil, quando sua casca apresenta deformações e colorações evidentes que indicam seu estado de putrefação. Mas olhando para um belo caqui reluzente, não é possível saber se ele está no ponto ou com cica. Neste caso nos desculpamos pela escolha mal feita, pois não temos meios de identificar esta irregularidade. E não podemos culpar a Natureza de má fé, pois ela não premeditou isto para nos iludir. Ter cica, faz parte do ciclo da vida de certas frutas. Nós é que não adquirimos conhecimentos suficientes para identificar este incômodo aos nossos paladares. Estamos procurando sinais de vida em planetas distantes 10.000 anos-luz e não sabemos metade dos segredos escondidos a 2.000 metros abaixo do mar.



Depois desta introdução que mais parece o início de alguma fábula, podemos fazer a analogia com os candidatos que regularmente se apresentam para os cargos públicos. Alguns poucos estão com a ficha corrida (eles chamam de currículo) tão suja que certamente não seriam aprovados nem para trabalhar como serventes em um antro de pilantras (até entre os pilantras existe algum tipo de ética). E por falar em trabalho, você pode ter certeza que metade dos homens que militam na vida pública a mais de 30 anos ininterruptos, caso percam o mandato não saberão desenvolver nenhuma atividade produtiva que lhes garanta o sustento. Ainda bem que já recebem aposentadoria após 8 anos de profundos "esforços" pela comunidade. Você sabia que eles trabalham(?) no máximo 800 horas por ano enquanto você, que ganha 10 ou 40 vezes menos dedica o triplo de tempo pela sua empresa e a maior parte de seus impostos caem nas contas correntes deles?



A relação de candidatos que temos disponível, mais parece com um cesto de caquis reluzentes. Só que não é um polimento natural. É uma maquiagem preparada pela mídia acorrentada, que varia de intensidade conforme o poder econômico do grupo que patrocina a legenda da qual faz parte o elemento nocivo. Algumas pessoas nos aconselham a escolher bem, procurando informações do passado do candidato. Só que esta pesquisa não está disponível para 95% da população, que mal tem tempo de arrecadar o suficiente para a alimentação da família. Quem possui meios de pesquisar arquivos, jornais antigos, acompanha o cotidiano político e troca idéias com membros de boa posição na comunidade, tem uma enorme chance de tentar estabelecer o perfil dos candidatos em pauta. Mas eles são hábeis em se camuflar. A todo instante trocam de partido e fazem novas coligações com promessas que depois os deixam comprometidos e obrigados a montarem novas falcatruas para atender aos interesses daqueles que o sustentam agora. Mas este grupo de eleitores esclarecidos (médicos, advogados, engenheiros e outros de grau similar) representa menos de 10% dos eleitores. Não decide as eleições. A grande massa de votantes é mantida na escuridão das informações. Como um operário da construção civil, depois de carregar sacos de cimento nos ombros sob o Sol durante 12 horas e passar 2 horas dentro dos trens apinhados, terá ânimo para buscar informações que melhorem suas vidas? Quando muito, ainda possuem forças para chamar a todos de ladrões (os bem intencionados pagam pelos colegas a quem não denunciam). Estes elementos sofridos da população são atraídos para a página de esportes pela manchete colorida (que observam nas bancas, pois seus centavos quase não são suficientes para o café matinal) que diz: "Mengão arrasa e humilha time de Campinas". Ou então são conduzidos para a seção de fofocas com a chamada: "Atriz da novela das oito desfaz casamento de três meses". Estes leitores nem percebem aquelas duas linhas em letras pequenas que anunciam sem entusiasmo (quando anunciam): "Deputado Federal está envolvido com desvio no INSS". Não tiveram a felicidade e oportunidade de serem orientados nas escolas para desenvolverem o espírito de cidadania em defesa de seus direitos. E seus filhos estão no mesmo caminho, tornando-se "soldados das drogas", cuja média de vida não chega a 25 anos. E a sociedade que tem consciência do perigo que espreita nosso futuro, não se atreve a exigir uma articulação sólida para combater este caos.



Em qual caqui vamos votar no próximo pleito?





Haroldo P. Barboza – Matemático, Analista de computador e Poeta – Março / 2002



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