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Cartas-->17. AO MEU COMPANHEIRO DESCRENTE -- 03/05/2001 - 08:48 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Querido Adolfo:

Não quero prevalecer-me de nossa antiga amizade para dar-lhe um merecido puxão de orelha, principalmente porque, ainda que lhe fornecesse todas as pistas de quem sou e de tudo o que fizemos juntos, ainda assim você levantaria sérias dúvidas a respeito de como o nosso amigo médium teria tido acesso a tais informações.

Mas o povo daqui não tem pressa, porque sabe que, vai dia, vem dia, todos passam para o lado de cá. O que estou aguardando é o momento em que você se dispuser a aceitar, pelo menos, a sugestão de que deve meditar a respeito da possibilidade da existência deste setor existencial a que nós damos o nome de plano ou esfera espiritual.

Adolfo, se você pudesse apresentar um certo ceticismo lógico e argumentasse em termos da impossibilidade real das idéias da doutrina espírita, sem se afirmar descrente, fincando pé e balançando a cabeça... Mas você é duro, companheiro, desta firmeza de quem tem a consciência tranqüila, porque sabe que mantém o prisma da moralidade superior como o roteiro mais sensato para ter todos os direitos respeitados, à vista de respeitar os de todos os semelhantes.

Neste aspecto, você até parece pairar mais acima de alguns membros de nossa comunidade terrena apegados a seitas intransigentes quanto às normas da fé cega e da responsabilização total dos sacerdotes ou que tais, que assumem o papel de superego dos fanáticos religiosos. Mas esta é crítica que você mesmo exerce, com razão, ajeitando à sua maneira a visão dos que parecem satisfazer-se com noções paupérrimas da bem-aventurança, já que se estimulam para uma felicidade semelhante aos prazeres que almejam realizar em seu dia-a-dia sensório.

O que me pareceu, finalmente, ter sido uma vantagem foi o fato de ter partido muito novo e de ter-me restabelecido da perturbação da morte tão pronto. Assim, pude observar o crescimento (aspas) das pessoas que comigo partilhavam da esfera carnal, abrindo um leque de perspectivas para cada uma, no sentido de examinar, com delicado respeito, como é que as estruturas espirituais cativas da densidade corpórea vão adaptando-se aos azares da caminhada, ao mesmo tempo que vão assumindo as responsabilidades de seus atos, tendo em vista facultarem-se oportunidades de purgação (aspas), ou melhor, de redenção, através do entendimento integral das ações em função das atividades preconizadas como as melhores para se vencer, em nome de Jesus.

Isto posto e para que saiba, meu caríssimo Adolfo, tenho acompanhado a sua vida e feito o possível para dar-lhe uma lúcida e inteligente assistência, porque nem sempre o seu desempenho é capaz de prever os percalços que certas criaturas ainda malévolas são capazes de preparar, para que você se enleie em aspirações menos dignas. Mas isto que venho dizer-lhe é para dar-lhe pálida idéia de tudo quanto os seus protetores oficiais (aspas) têm feito para oferecer-lhe condições de progresso.

Por que é que você, esquecendo-se um pouco dessa rígida diretriz de manter-se coerente com princípios que lhe parecem os mais justos e mais adequados para uma vida alegre, longe da turbulência dramática das crises de consciência, as quais você sagazmente quer evitar, porque percebe que os rumos de uma eventual tese de caráter espírita irá conduzi-lo por uma estrada que irá exigir um retorno às bases, para fixação das novas premissas existenciais, por que você não se dá um tempinho, tira férias, compra uns livros e vai ler na praia ou no campo, longe do bulício e da pressão da megalópole, a ver se não se assusta com as novidades que, sub-repticiamente, esta minha missiva veio trazer-lhe?

Fique em paz, meu bom Amigo, e se recorde de mim, quando jogávamos futebol juntos, eu na qualidade de centroavante, você na defesa, no meio da área, despachando para longe as ameaças dos adversários. Lembra-se das derrotas que sofremos às vezes; ou se especializou em só recordar as vitórias, quando enchíamos a taça de cerveja e todos sorvíamos a mais pura alegria do companheirismo?

Saudade, Adolfo; muita saudade!

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