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Poesias-->38. EM DIA DE TEMPESTADE -- 30/03/2003 - 07:10 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Não vamos cogitar de aqui compor,

Em dias de cruel estardalhaço.

A trova, seja boa o quanto for,

Sempre haverá de se perder no espaço.

Assim, eu recomendo, com vigor,

Que agora vá pegar papel almaço,

Que está a perigo o bom setor elétrico,

Que o nosso tema não quer ser mais tétrico.



Não tenho propensão para faquir:

É sofrimento injusto a pobre rima.

Eu sei que quer o nosso Wladimir

Pôr no papel a prova desta estima,

Mas há um tempo imenso, no porvir,

P’ra melhorar, ó raios, este clima.

Caso dê certo apenas uma oitava,

É porque a transmissão a chuva entrava.



Não liga este meu médium para o medo

E, intimorato, faz o bom trabalho.

Não quer deixar o posto muito cedo.;

Não quer pensar jamais: “Agora eu falho!”

Mas quando vê que o verso é tão azedo,

Nesta improvisação de quebra-galho,

Percebe que amanhã é um outro dia,

Para o apanhado justo da poesia.



Esse sujeito aí não toma jeito,

Interessado mais num novo chiste,

Que possa vir dizer-lhe, com respeito.

Se é com amor que o gajo sempre insiste,

Esse tempinho extra eu bem aceito,

Porque não quero vê-lo nunca triste.

O duro é que o leitor fica de fora,

Que é outra a lei do verso que vigora.



Então, vou resumir a situação,

Que a tempestade já está mais calma.

Houve faíscas salpicando o chão,

Deixando mui pequena a nossa alma.

P’ra receber do etéreo a vibração,

O nosso bom amigo a mão espalma,

Pois seu desejo de servir supera

O medo de vir logo p’ra esta esfera.



Ao desligar a máquina eletrônica,

Não tinha que temer perder o verso,

Mas ganhou o tema uma outra tônica,

Estando no presente agora imerso.

A mente sente a rima, catatônica,

Enquanto co’o leitor aqui converso.

Talvez possa extrair qualquer lição.;

O mais certo, porém, é dizer “não”.



Como provar, no fato, que o improviso

Não é a forma de valor corrente?

Eu não sabia só que o meu aviso

Iria refletir-se-lhe na mente.

O resto estava pronto e agora biso,

Leitura mui fiel que levo à gente,

Para pensar nos itens da existência,

Em forma diletante ou de ciência.



Mas, no final da vida, o bem se acerta:

Ludibriar o povo é inoperante.

A morte é, simplesmente, a porta aberta,

Para mostrar que a alma segue adiante.

Assim, esta poesia a gente oferta,

Para provar o amor ao semelhante,

Esteja confiante no futuro,

Esteja a equilibrar-se sobre o muro.



Não sei se convenci o meu leitor

De que é lorota apenas o improviso.

Quando aqui vem o verso seu propor,

A turma julga sempre ser preciso

Deixar, na trova, um bem de grão valor,

Sem prometer abrir-lhe o paraíso.

Então, faz com que pense ser verdade

O enredo, p’ra que a imagem mais lhe agrade.



O dia esteve mais ameaçado,

Porque o caro médium fraquejou,

Mas, quando o medo foi ultrapassado,

Ouviu-me a repetir o “aqui estou”,

Tão próprio dos poetas deste lado,

Que gostam de ensaiar o nobre “show”,

Para agradar e pôr em segurança

Aquele que nos serve e jamais cansa.



O exemplo vivo que me trouxe aqui

Estava pronto já, há uma semana.

Tendo caído a chuva que previ,

Pedi ao mestre a tarde mais insana,

Na parte em que descasco o abacaxi,

Ouvindo alguém dizer: — “Ele se engana,

Se pensa que lucrei com sua vinda!...”

Senti que a emenda está pior ainda.



Mas agradeço a Deus a persistência

Que demonstrou o irmão que me atendeu.

Bem sei que, para a trova, a tal freqüência,

Em grande parte, a turma me valeu.

Mas foram doze estrofes, contingência

Que tive de ditar: crédito meu.

Porém, quem mais ganhou foi o leitor,

Que sabe, agora, o quanto é bom compor.



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