POESIA EM PROZA
CRIANÇA
Christina Cabral
Criança levada, arteira, engraçada, de sorriso branco, de olhar tão franco e alegria sem par. Criança brejeira, feliz companheira das rodas do louco pião. Criança que corre, que salta, que pula, que cai, se machuca e vai a chorar o beijo buscar, o afago, o carinho e volta a brincar.
Criança que passa na praia, na praça, chupando sorvete, feliz a cantar. Criança que sobe ladeira do morro, nem sabe se a vida é pobreza ou riqueza. Sorri para o dia, sorri para o vento, sentindo que o tempo é beleza, é beleza!
Criança negrinha, ternura da raça, tão cheia de graça, é meiguice no olhar. Criança morena, ruivinha, loirinha, é sempre criança, é flor, é esperança a se renovar.
Seus olhos,criança, são chamas, são brasas, curiosas, inquietas a buscar, a buscar! As mãos da criança são pássaros festivos, sem peias, sem pouso, a voar, a voar! Se pendem no sono, são duas pombinhas largadas, cansadas do louco lidar.
Na casa, o silêncio se faz de repente e fica na gente enorme vazio, na falta do riso, do grito, da zanga. Criança, criança! Não vai acordar?
Se vem da escola trazendo a sacola e abre o portão, é o sol, é o vento perdendo o assento em um furacão.
- Não suba, não pegue, não minta, não negue, não bula, não toque! O rosto lavar, as mãos esfregar! Coma devagar, não dance o roque! Deixe o gatinho! Cale a boca cheia, que coisa tão feia para um menininho!
Prendê-la em meus braços – criança, criança! – seguir os seus traços, sentir seu calor, é quando a vida se faz mais sentida, nos laços de amor
Mande suas crítica e impressões. São muito importantes para mim.
Christina
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