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Artigos-->UKIYO-E DE KUNISADA EM OPÚSCULO DE 1865 -- 04/02/2014 - 08:28 (LUIZ CARLOS LESSA VINHOLES) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos





 UKIYO-E DE KUNISADA EM OPÚSCULOS DE 1865




                                                                                                                                                                                                                                                                                                                         L. C. Vinholes





 

Em breve dois opúsculos publicados em 1865, com textos e xilogravuras de autores japoneses ativos na passagem dos séculos XVIII e XIX, farão parte do acervo do Museu de Arte Leopoldo Gottuzo que no ano passado promoveu a exposição: Cerâmicas e Gravuras Japonesas. Impressos em fino papel artesanal de arroz, escritos em japonês cursivo, com caligrafia de difícil leitura, reúnem textos assinados por Shunsui (&
26149;&
27700;
) e xilogravuras ukiyo-e (&
28014;&
19990;&
32117;
), de Kunisada (&
22269;&
35998;
), nomes que aparecem nas páginas 22 de cada um deles. As gravuras das respectivas capas são coloridas e as demais em preto e branco. Destas, no primeiro opúsculo três ocupam uma página e 8 duas páginas; e no segundo 2 uma página e 9 duas páginas. Os dois opúsculos, respectivamente com 24 e 28 páginas, estão unidos em um só volume pelo sistema tradicional japonês de costurar o dorso dos livros no lado direito e não no esquerdo como no sistema ocidental, fazendo com que as páginas sejam viradas da esquerda para a direita.







Shunsui é o prenome de Tamenaga Shunsui (&
28858;&
27704;
&
26149;&
27700;
) nascido em 1790 e falecido em 1844, conhecido novelista, mas também autor de contos eróticos, do período Edo (1603-1867) que usou o pseudônimo de Sasaki Sadataka (&
20304;&
12293;&
26408;&
35998;&
39640;
) e foi contemporâneo do poeta e escritor Ryutei Tanehiko(&
26611;&
20141;&
31278;&
24422;
), cujo nome artístico foi Takaya Hikoshiro (1783-1842).







Kunisada, cujo nome completo é Utagawa Kunisada (&
27468;&
24029;
&
22269;&
35998;
), também conhecido por Utagawa Toyokuni III (&
19977;&
20195;&
27468;&
24029;&
35914;&
22269;
), nasceu em Edo[i] em 1786 onde faleceu em 12 de janeiro de 1865, dois anos antes da proclamação da Reforma Meiji que alterou sensivelmente os hábitos e o rumo da cultura e das artes japonesas com a introdução dos conceitos e princípios ocidentais. Foi um dos mais populares artistas do seu tempo, autor de mais de 20.000 xilogravuras, mais conceituado do que seus contemporâneos Hokusai (1760-1849), Utagawa Hiroshige (1797-1858), Utagawa Kuniyoshi (1797-1861) e Toyoshige Toyokuni II (1823-1880).







Kunisada tornou-se discípulo preferido de Toyokuni, um dos maiores artistas da xilogravura do Japão, de quem herdou o nome passando a ser Utagawa Toyokuni III. Por ter produzido gravuras eróticas (shunga = &
26149;&
30011;
ou makura-e =&
26517;&
32117;
), o que também faziam outros mestres do seu tempo, por pouco escapou de enfrentar problemas com a campanha de repressão promovida em 1842 contra esse tipo de arte. Shunga é palavra escrita com os ideogramas de primavera (&
26149;
=shun) e quadro (&
30011;
= ga), pois primavera tinha conotação com erotismo. Consta que as shunga eram colocadas sob os travesseiros das mulheres na sua noite de núpcias, daí serem chamadas também de makura-e: &
26517;
,makura= travesseiro e &
32117;
,e= quadro, pintura.







As xilogavuras ukiyo-e sempre registraram tipos populares, figuras de destaque e diferentes aspectos da cultura e dos hábitos japoneses, mostrando, às vezes com detalhes de muita riqueza, vestimentas, objetos do cotidiano, ambientes internos e externos. Não seria exagero dizer que o ukiyo-e fez o papel da fotografia e que o nele documentado pode interessar não só aos profissionais das artes visuais, mas também aos de outras especialidades.







Nos opúsculos em apreço Kunisada oferece aos estudiosos de música informações diversas no que diz respeito, por exemplo, aos instrumentos musicais tradicionais do Japão, usados nos templos shintoistas[ii] (&
31070;&
36947;
=shinto, religião nacional do Japão) e na orquestra da música da corte, ogagaku (&
38597;&
27005;
= música elegante), na forma pioneira no período Heian(704-1185)[iii], deixada de lado no período Kamakura (1185-1333), de regime militar, mas preservada em pequenos grupos em Nara, Kyoto e Osaka, e só retomada em 1867 com a Reforma Meiji que restabeleceu o poder imperial com sede em Tokyo. Na gravura da página 9 uma cortesã toca o sho (&
31513;
)instrumento conhecido no Ocidente como “órgão de boca”, feito de bambu, geralmente com 17 tubos, 15 com palhetas e 2 mudos, fixados a um recipiente de madeira coberto de laca. Nas páginas 11 e 12, as gravuras mostram três cortesãs tocando outros instrumentos que também fazem parte da música do gagaku: o shichiriki  (&
31731;&
31717;
),com palheta dupla e sonoridade semelhante a do oboé; o ryuteki (&
40845;&
31515;
),flauta travessa feita de bambu; e o ohdaiko (&
22823;&
22826;&
40723;
), um dos dois tradicionais grandes tambores mostrando no centro o desenho do mitsudomoe (&
19977;&
24052;
) ou três redemoinhos/turbilhões, usado quando são executadas peças de estilo togaku (&
21776;
&
27138;
) que tem origem na música chinesa da dinastia Tang (619-907).  O outro grande tambor que também faz parte dos instrumentos de percussão usados no gagaku é o que exibe o desenho do futadomoe (&
20108;&
24052;
) ou dois redemoinhos, usado nas peças komagaku (&
39640;&
40599;&
27005;
) que tem influência da música da península coreana e da Manchúria.




 






 






 



























[i] Nome de Tokyo durante o período Edo (1603-1867).















[ii] Chamados de jinjya ou miya.















[iii] Informações decorrentes dos meus estudos no Departamento de Música do Palácio Imperial de Tokyo, com os professores Sueyoshi Abe e Hiroharu Sono, e no templo shintoista Uguisudani Jinjya (1957-1959).







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