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Cronicas-->Vovó Viaja -- 01/07/2000 - 11:03 (Renato Rossi) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Era uma vez uma vovozinha que resolveu viajar. Marcada a viagem, apressou-se a preparar a mala. Mala já um pouco antiga, destas com pontos brancos e pretos. Carijó como ouvi uma velhinha chamar uma vez ao chegar em Porto Alegre.

- Meu filho, me alcança aquela carijó

Fui procurar a galinha, mas logo me dei conta do que ela estava falando. Olhando meu casaco descobri que também ele era o que ela chamava de carijó. Parece apropriado. Coisa de quem já criou galinha alimentada com cascas de melancia.

Mala grande, como convém às viagens internacionais, sobretudo às transoceànicas. Saias, blusas, casacos, dois terninhos, um preto e um azul claro, no dia ela escolheria de acordo com a ocasião e seu estado de espírito. Cintos, cintas, chinelos, bermudas, sapatos, meias, meias calças e calças inteiras, pequenas e grandes, ligas (ainda usam ligas?), lenços, anáguas, roupas íntimas em geral. Vitaminas, todo um alfabeto e ainda o magnésio. Cremes variados, sais, sabonetes, lenços umedecidos, tinturas, pasta depilatória, pentes, escovas e o que mais precise uma vovó para seu cuidado pessoal. Uma peruca loira, outra cinza e ainda um coque estilo vovozinha. Para o mar, maiós coloridos, um com grandes margaridas estampadas. Um único biquíni, destes mais discretos. Como viajava só, talvez tivesse coragem. Quem sabe? Livros, capa de chuva, luvas, sombrinha. Há que ser previdente.

Embrulhados em papel pardo, nossa vovó levava alguns segredos. Tamanhos e formatos variados. Não eram muitos nem muito grandes, mas era secretos. Não os revelo, mais por desconhecimento do que lealdade. Ocorre que eu nada entendo de segredos de vovozinhas e, excluindo uma ou outra bandalheira, não posso imaginar o que levaria nossa passageira em seus pacotes de papel pardo. Talvez presentes. Não sei. Há quem diga que após os setenta as vovós não tem mais segredos. Não posso concordar. Diga isto a uma delas. Vovós, de qualquer idade, são mulheres, senhoras, pessoas. Pessoas, as vezes, tem segredos a carregar na mala. Mesmo as vovós. Quem diria? Seja como for, sendo segredos, não são da nossa conta.

Ocorreu contudo que a mala era mesmo muito grande e sobrou espaço. Há quem diga que ela aproveitou.

Ela nega.

Escrito em 13.06.2000
Publicado na Seção Comentários do Cidade Virtual Brasília em 24.06.2000


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