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Cartas-->A Feijoada do Espinosa Em Dia Errado -- 18/11/2002 - 21:51 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

A Feijoada do Espinosa
(por Domingos Oliveira Medeiros)

Não sabia que baiano gostava tanto de feijoada. Principalmente aos domingos. Geralmente, cá pelas bandas do nosso Brasil, o domingo tem sido reservado para os galináceos. Galinha ao molho pardo, em alguns lugares, notadamente na região Norte; e galinha à cabidela, na região nordeste, entre outras. Faz parte de nossa cultura. Desde os tempos dos Barões “assinalados”. Influências de tantos estrangeiros que andaram pelo nosso país. Andaram andando, e andaram roubando, quando não desperdiçando ou desviando riquezas, comportamentos e até atitudes. À revelia de conceitos éticos e morais, universalmente aceitos.

Na sexta-feira, por exemplo, o costume é voltado para a chamada carne branca. Sexta-feira é dia de comer peixe. Cozido, frito ou assado. Vai depender do peixe que for encontrado. Se de pele e gordo, melhor cozido. Se magro e mais escamoso, melhor assado. Se cozido, não dispensará, por certo, o pirão. Que é feito com o caldo e a farinha. Uma boa pimenta não se dispensa. A menos que o consumidor tenha problemas intestinais e anais. Assim registra os anais culinários e a literatura médica. Incluindo a de Cordel. Cuidado com as espinhas. Que são espinosas. Quer dizer, espinhosas.

A feijoada, finalmente, é sempre servida aos sábados. Por tradição. No Rio de Janeiro, pelo menos, há milhares de anos. Talvez desde a sua fundação. Da feijoada, é claro! Que, como é sabido, nasceu com a escravidão. Restos de partes dos porcos, que eram jogado fora pelos mais abastados da Corte; partes como o rabo, as tripas, os pés, lombos e miúdos. Que misturados, deram origem à feijoada. Hoje enriquecida com o torresmo, pedaços de laranjas descascadas, e uma boa pinga de entrada, que ninguém é de ferro. Isto é, não se agüenta tomar uisque escocês todos os dias. Nem comer caviar russo. Que a coisa pode ficar russa. E tudo retornar ao início. No banheiro. O mal-estar. E pronto. Eis a amostra de mais uma relíquia: o estrogonofe abrasileirado.

Assim posto, nasceu a feijoada. Do mesmo jeito que a pizza. Com restos jogados fora. De uma classe social para outra. O Ricardo, de origem italiana, o Contrera, sabe disso melhor do que ninguém. E deve ser amante de uma pizza. Hoje com ares de classe média alta. Pizza que, como tudo no Brasil, acaba em várias pizzas. A começar pela própria pizza. Que, a exemplo da máfia italiana, sofreu alterações cá no Brasil. Aquele ex-mafioso, de nome feio e bonito, e desejado, parecido com Boccetta, acabou quebrando o sigilo da “Grande Família”. E entregou todo mundo.

A pizza, do mesmo jeito, mas ao contrário, deixou de entregar todo mundo. Num primeiro sentido, acaba sempre em pizza. No segundo sentido, passou a considerar todo mundo. E hoje temos pizza para todos os gostos. Pizza à portuguesa, à calabresa, de quatro queijos, com ou sem presunto, e, por incrível que pareça, pizza de mussarela.

Mas voltando ao ponto de início, devo dizer que apenas um “domingos”, - se me permitem o erro de concordância numérica, em nome da permissão poética -, foi capaz de escrever tanto a respeito de um mesmo assunto. Não há co-autores. Nem clones. Nem computadores. Nem atores. Domingos é avesso ao virtual. No sentido do irreal. Domingos é único. Pessoal. Simples como devem ser todos os mortais. Ele é mortal. Finito. Restrito ao seu ritual. Clones são semelhantes, apenas, no aspecto físico. Um pouco mais jovens do que o original. Mas não trazem o mesmo arquivo mental. São diferentes. São outros tipos de gente. No campo espiritual. Não guardam os mesmos valores. As mesmas crenças. O mesmo estilo literal. Possuem idéias diferentes. Mas há pessoas que parecem possuir vários clones. É bem verdade. Não é novidade. Se considerarmos apenas uma relação. A mesma maneira. A mesma condição. Que é a inspiração. Para escrever e para sentir. Para escutar seu coração. Aí sim, Possa ser que sejamos várias pessoas. Ao mesmo tempo. Numa só pessoa. Dando a impressão de duplicidade. De multiplicidade. Escrevendo como um exército de assessores. Todos saídos do mesmo local. Do mesmo cordão umbelical..


Domingos Oliveira Medeiros
18 de novembro de 2002


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