Sei que um de nossos maiores medos como seres humanos diz respeito à s mudanças. Tinha um amigo que dizia jocozamente: "Não abro mão de meus defeitos". No fundo, era bem verdade. Não dizemos abertamente e nem admitimos, mas achamos que somos assim e assim e é isso que nos identifica com nossa essência. Somos ou estamos? Se nossa sociedade levasse em conta os pensamentos de Heráclito, filósofo grego do século VI A.C., veria que nossa essência é a mudança. E é só a mudança que nos realiza. A vida é dinàmica, na verdade, um sistema dinàmico e complexo. O medo de mudanças traz em sua raiz uma expectativa de que o que temos pode não ser bom, mas o novo é ou pode ser pior. Basta olhar a vida nos seus mais variados estágios. Por que o recém nascido chora tanto? Por que a criança chora muito nos primeiros dias de escola? Por que o adolescente se revolta com os pais, com os parentes e amigos e com o mundo? O que está na base do abuso da drogra? Ou da bebida? Ou mesmo dos anti-depressivos? Por que é tão difícil a convivência num relacionamento? Ou o trauma de uma perda?Mesmo nas religiões, por que os discípulos de Buda o abandonaram quando ele resolveu sair da meditação profunda para tomar um banho e comer? Por que Jesus disse que "ninguém que põe a mão no arado e olha para trás, não é digno de mim"? A vida puxa para a frente e não há que se ficar amarrado a nada, pois isso nos tira a verdadeira essência da vida: o novo! Claro que isso traz incertezas e riscos, mas, como disse Prigogine, o ganhador de Prêmio Nobel de Bioquímica, sem riscos não há vida. Ele disse mais: " a vida só é plena longe do equilíbrio". Bem equilibrado é aquele que está no cemitério. Por isso é que harmonia é diferente de equilíbrio. Portanto, que tal deixarmos de lado o medo de mudanças, assumirmos todos os riscos de um governo diferente depois de 500 anos e ainda sem o "apoio" americano e sem caciques ditando normas económicas que dizem ser únicas quando a Teoria do Caos assegura que isso é uma balela? Que tal dar um basta aqueles que, por não gostar de nossas idéias, nos chamam de néobobos ou vagabundos? Que tal assumirmos de verdade nossa vida dinàmica e a vida dinàmica de um povo e de uma sociedade ansiosa por se libertar de uma mentalidade coronelista e dizer alto para todos ouvirem: AGORA É LULA???