Em ritmo de trote
No mundo de hoje, a violência está presente o dia inteiro em nossas vidas. As causas secundárias, conhecemos todas : apologia ao crime por parte da mídia, falta de credibilidade da polícia, falta de vergonha de grande parte dos políticos. A causa principal, também conhecemos : falta de cultura do povo, desde a base. As verbas destinadas ao ensino são pequenas e muitas vezes, mal aplicadas. No entanto, só podemos contar mesmo com a família (a maior parte do tempo dispersa) e com a escola, no sentido de reverter este quadro (nem que demore 50 anos).
Assim sendo, gostaria de sugerir que as entidades que estão preocupadas por uma melhor qualidade de vida, através de sua autoridade máxima, dessem início a um programa de modificação do trote, pois tentar acabar com ele, não funciona. É claro que a Instituição não fomenta nem patrocina atos selvagens para receber novos alunos. No entanto, pode ao longo do ano, através de seus brilhantes professores, transmitir a idéia de usar o trote em benefício da comunidade carente local, por exemplo. Ou de uma Instituição de caridade que esteja em péssimo estado. No lugar de ridicularizar os novos alunos (e às vezes machucá-los), os líderes da brincadeira, poderiam criar dois grupos (por exemplo) com a incumbência de (entre outras dezenas) :
a) coletar mantimentos, roupas, produtos higiênicos, etc para uma entidade necessitada (ao invés de pedir dinheiro nas esquinas para serem entregues aos líderes dos trotes).
b) realizar mutirão para limpar galerias pluviais, jardins, parques, monumentos, escolas primárias, hospitais, bibliotecas públicas,
(talvez sob supervisão da Região Administrativa).
Ao final da competição (sadia), o grupo que tivesse o melhor desempenho (as regras do jogo seriam definidas pelos participantes), receberia um diploma da Faculdade pelos bons serviços praticados, além de um lanche pago pela turma perdedora.
Isto sim, seria um trote de alto gabarito e qualidade, ao qual nenhum calouro se furtaria a participar, pois teria a chance de praticar Cidadania em prol de semelhantes menos afortunados.
A Faculdade que sair na frente neste projeto, com certeza vai adquirir maior respeito junto à população da cidade e seus alunos serão vistos com maior orgulho por todos nós ! Estes jovens, quando começarem a dirigir o País, com certeza o colocarão no rumo da verdade e da felicidade.
Haroldo P. Barboza – Andaraí – maio de 1997.
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