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Poesias-->32. UM TRAPALHÃO -- 24/03/2003 - 11:45 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Atrapalhei-me, um dia, co’a virtude,

Pensando estar de bem co’a natureza,

Quanto a torpe matéria nos ilude,

Prometendo do amor total certeza.

Queria, então, dizer: — “Fiz o que pude,

Para manter tal chama sempre acesa.”

Mas, quando aqui cheguei, que decepção:

Falou mais forte o “ego” que a emoção.



Atrapalhei-me, então, também no etéreo,

Sem entender por que o tal castigo.

Julgava-me um sujeito muito sério,

Pois não gostava de correr perigo.

O meu trabalho foi sem refrigério:

Podia o meu patrão contar comigo.

E, lá na igreja, a espórtula bem grande:

Deixar um pouco mais não há quem mande.



Querendo partilhar do bem geral,

Não fui capaz de ver um pouco além.

Pensei que trabalhar nesse ideal

Seria dar um pouco do que tem,

Mas maltratei quem era meu igual,

Satisfazendo o dono do armazém.

E punha do meu bolso algum trocado,

Para prover o padre, com agrado.



Eu via que era assim que se fazia:

Lição que o povo todo assimilava,

A vida sempre tem muita alegria,

Se a gente for mais livre, não escrava.

Assim ia fazendo, dia a dia,

Sem reparar quão grande a minha trava:

Lição que Jesus Cristo nos passou,

À qual o tonto aqui não atentou.



— “Agora, não adianta lamentar.” —

Um dia, lá no Umbral, pensei comigo.

Queria era sair do mau lugar.

Onde, porém, iria ter abrigo?

Então, fui repassando, devagar,

Toda razão possível p’ro castigo.

Cheguei à conclusão, muito infeliz,

Que os males eram todos de raiz.



Muito egoísmo, orgulho e tal vaidade

Que me cegava a vista de mim mesmo.

Pensava estar fazendo caridade,

Ao dar as tais espórtulas a esmo,

Mas, lá na Terra, quem se persuade

Que não se agrada porco com torresmo?!...

O “próximo” está longe, eternamente,

Quando só o patrão parece gente.



Cada repetição não vem à toa:

É para demostrar como é que sofre

Aquele que, na Terra, não destoa,

Pensando nas moedas do seu cofre.

A consciência ali jamais perdoa,

Mesmo quando se apela a Santo Onofre,

Porquanto o gajo sabe quando é rima

E o protetor percebe quem sublima.



Assim, aconteceu também comigo:

Arrependi-me a tempo da maldade.

Não precisei voltar para o perigo,

Que, em ondas, cá na Terra, a alma invade.

Fui recolhido a este bom abrigo,

P’ra meditar no amor da caridade,

E, quanto mais me convenci do orgulho,

Mais precisei pisar em pedregulho.



Trabalho, com ternura, para um chefe,

Que me quer ver completamente são.

Não vejo um só colega mequetrefe

E chamo a qualquer deles “bom irmão”.

Pensei na minha espórtula ser blefe:

Queria era comprar a salvação.

Agora, estudo as normas da Doutrina,

Que, com amor, o mestre nos ensina.



Assim é que pediram esta trova:

Que demonstrasse a todos meu valor.

Eu penso que o meu verso só comprova

Que devo me esmerar para compor.

Mas, como tudo sempre se renova,

Um dia, eu voltarei, com mais amor,

Pedindo a Deus melhor inspiração,

Para que a rima nunca venha em vão.



Estando, agora, livre p’ra compor,

Pois o serviço terminou acima,

Vou repetir o cânone em vigor,

Aproveitando o que me der a rima,

Para pedir ao povo mais amor,

Pois só co’amor o dom se legitima:

De que me adianta aqui fazer os versos

Se, no final das contas, são perversos?



É bom saber que todos, na ciranda,

Irão cantar cantigas bem felizes.

Mas que fazer se o “cara” aí não anda,

Na compreensão das sérias diretrizes?

É bonitinho ver um urso panda,

Mas, se faminto, há de arrancar raízes.

A imagem sofre um pouco de estranheza:

Pensa no que dirás, junto a esta mesa.



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