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Artigos-->ÁUSTRIA – BRASIL, DIFERENÇAS CULTURAIS -- 09/12/2013 - 11:48 (Francisco Miguel de Moura) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


ÁUSTRIA – BRASIL, DIFERENÇAS CULTURAIS



 


Francisco Miguel de Moura 

Academia Piauiense de Letras

 







            Não sou nenhum entusiasta nem propagador dos meios eletrônicos. Por exemplo, as cartas outrora eram muito mais pessoais, mais íntimas, com mais sentimento do que as de hoje, quando quase toda comunicação se passa por e-mails. Já o nome me aborrece, tentei até aportuguesá-lo para imeil – imeiles (singular – plural, respectivamente). Mas, o diabo é que não vingou. Observo, entretanto, que quem passeia por esse mundo novo que é a internete, às vezes encontra coisas muito interessantes.


O que passo a contar é um caso muito pessoal. Não abro e-mail de quem não conheço. Mas aqui e acolá a gente termina escorregando. Foi no dia que abri o de um Sr. Raimundo Nonato de Andrade Leal. Começa assim: “Saí do Piauí, com 15 anos de idade à procura de conhecimentos e algo que não sabia o que era, mas tinha certeza que existia. Aos 16 passei no vestibular do ITA e aos 21 terminei a universidade e fui ao mercado de trabalho; trabalhei em São Paulo, Recife, São Luís e Teresina. Não consegui me identificar com o trabalho e a busca tinha que continuar. Vim para a Europa e algumas coisas na vida da Áustria me fascinaram muito: A ausência de pobreza absoluta, uma igualdade maior entre as pessoas, o respeito para com a educação e a dignidade humana arrancaram-me dos meus sapatos como um supapo do Asterix”.


 


             Meu correspondente, depois de relatar as coisas boas da Europa, algumas que nós já sabemos, disse também que, por acaso, encontrou na internete um “link” (palavra que significa ligação em inglês e poderia ser aportuguesado para “linque”), sim, encontrou um “link” para um blogue meu. E lembrou-se que há muitos anos me visitou em casa, quando então trouxera poemas seus e pediu-me que eu os lesse. E cita trechos de um poema meu. Depois disto mudou de assunto, a “carta-email” é longa, não posso transcrevê-la e passo para o que me parece o assunto principal. Faz comparações com a cultura da Áustria e do Brasil, contando o caso de um senhor que foi processado há algum tempo, os jornais divulgaram em suas manchetes depois do boletim de ocorrência na polícia. E por quê? Ele estava fazendo “cooper” no campo e foi picado por uma abelha, nas proximidades de uma apicultura. O apicultor foi processado e, em sua defesa, numa entrevista, disse não ter culpa, nem ele nem a abelha, e pediria ajuda a quem soubesse como criar abelhas de outra forma, pois que estaria pronto a fazer a experiência.


 


           Esta história pode causar emoções, mas é ao mesmo tempo intrigante, penso eu. Vale ou não vale a liberdade de quem trata de sua saúde e faz seu exercício diário, em lugar livre? E a abelha não teria também liberdade de voar por onde quisesse?  Na nossa “interlândia”, num passado não muito distante, era costume criarem-se os bichos soltos, pastando livres. Quem se sentisse prejudicado que fizesse a cerca de seu sítio. Desse costume é que passou ao vulgo aquela história de compararem-se as raparigas (as jovens) a cabras e/ou ovelhas e dizer-se que os cabras (rapazes) podiam ficar soltos, quem tivesse suas cabritas que as guardassem bem guardadas em casa.


 


          Será que aqueles costumes austríacos apontados por meu correspondente não são reminiscências psicológicas (v. Sigmund Freud) do tempo em que a Europa era apenas campo, as cidades modernas ainda não tinham nascido?


 


           Quem gosta de pensar e explorar minudências, fique com essas sugestões. O certo é que, segundo meu missivista, existe na língua alemã, uma palavra que retrata bem o retraimento do povo austríaco, que lá é chamado de “Amoklauf”, e é inexplicável para nós latinos: “As pessoas aqui (na Áustria) não explodem, elas às vezes implodem”.


 


            Bem, muitas outras coisas ele contou-me numa correspondência de três páginas, em tipo miúdo. Tais como: a educação dos cachorros, por exemplo: “eles não latem, não brigam, não fazem cocô nem xixi no metrô e nos parques”. Nessa daí eu embarco com o amigo do Sr. Raimundo Andrade Leal (e-mail: randrade@chello.at). Esses bonzinhos cachorros austríacos imitam os donos; ao contrário, os nossos também nos imitam e, assim, são insuportáveis. Se os nossos fossem como os austríacos, eu adoraria cachorros. Mas, do jeito que são, eu os detesto até quando vejo no cinema ou na televisão.


Meu corresponde diz que tem grande curiosidade sobre a cultura popular do Brasil, pois há muito tempo saiu daqui e na juventude não teve condições de observá-la. Eu acho que a nossa cultura popular está totalmente deturpada, danificada, irreconhecível. Mas em todo caso, curiosidade mata. E, caso meu correspondente volte ao Brasil, vai ver que aqui se morre, não por suicídio como na Áustria, mas por homicídios a toda hora. Não adianta reclamar dos poderes públicos. Nosso governo geral ampara criminosos, traficantes, drogados et caterva.


 


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