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Artigos-->Paulo Honório E Lulla Da Silva Em "São Bernardo" -- 04/12/2013 - 15:16 (Sereno Hopefaith) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
“A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso.

A palavra foi feita para dizer.”

(Graciliano Ramos em entrevista a Joel Silveira)



RESUMO



No Brasil a ciência da linguagem possui destaque global com uma produção de textos que se sobressai na elaboração simbólica de apresentação e representação dos atores do discurso (personagens), por suas histórias, narração e inventividade.



Os estudos e pesquisas sobre o discurso de autores brasileiros são conhecidamente filiados a Michel Pêcheux, um dos fundadores da Análise dos Discursos. Seu desenvolvimento manteve a consistência de princípios na associação língua/sujeito/ideologia/história. Os discursos aqui associados afirmam-se enquanto lugar privilegiado dessa filiação e especificidade.



Análise do Discurso: perspectivas da história, da linguística e do sujeito: para explicitar esses estudos e relações selecionei interfaces narrativas do discurso romanceado do autor nordestino Graciliano Ramos: “São Bernardo”. Obra característica da Segunda Geração do Modernismo. Por ser um trabalho literário de denúncia social, com vetor narrativo orientado por questões críticas do Brasil Rural, “São Bernardo” ostenta as tensões sociais, históricas, em elevado grau dramático e cenográfico de manifestação.



Simultaneamente, para melhor explicitar a enunciação de caráter ideológico do mencionado romance, a mais representativa do legado literário da Geração de 30, faz parte desta redação discursiva a composição literária polifônica de um sintagma da cenografia política encenada pelo ex-presidente Lulla da Silva: “O Beija-Mão”.



Paulo Honório, principal personagem do romance São Bernardo, reconhece a forma ferina e cruel em que manteve Madalena atrelada a seus interesses de patrão, fazendeiro, latifundiário. Manteve-a dessa forma desnaturada e a todos os empregados de São Bernardo. Ele não consegue conceber a ideia de um novo projeto de vida.



O ex-presidente Lulla da Silva, ao beijar a mão de Jader Barbalho, ao contrário de Paulo Honório, concede a si mesmo um novo projeto de vida política, mostrando a todos os brasileiros sua disposição em fazer qualquer tipo de concessão à ideologia política que até então havia combatido em seus tempos de política sindical.



Seu novo predicado (a defesa pública de todos os corruptos mais emblemáticos do país) determina o novo sujeito em que se transformou o ex-presidente. Negando a suposta ideologia política anterior ao diploma de presidente da República.



Paulo Honório tentou compreender as razões que teriam conduzido Madalena ao suicídio. Lulla da Silva sabe as razões que o conduziu ao “Beija-Mão” de políticos defenestrados pelos eleitores. Ambos, devido ao mesmo processo de enunciação biográfica, se equivalem ideologicamente: Paulo Honório pela traição à sua própria humanidade enquanto latifundiário, fazendeiro, patrono de "São Bernardo", Lulla da Silva, por seu projeto político de poder pelo poder. Que traiu não apenas à sua suposta ideologia anterior, mas a causa política e social de um povo oprimido por essa ideologia política do poder pelo poder.



Este trabalho promove ou privilegia a interface da Análise dos Discursos na Teoria Literária. Afirma-se, como em todo discurso, no conceito de heterogeneidade discursiva. Conceito este formulado por Pêcheux na década de 70.



Sua tradução por Authier-Revuz, linguista do grupo de Pêcheux, fora efetuada a partir da formulação de ideias desenvolvidas por Mikhail Bakhtin na obra “Dialogismo e Polifonia”, continuidade do livro “Bakhtin e o Círculo”.



A noção de intertextualidade, desenvolvida por Julia Kristeva, contribuiu para a desconstrução da pretensa heterogeneidade nas cenas dos eventos enunciativos nos discursos aqui intertextualizados a partir da análise do processo de unificar dialogismo e polifonia nesses textos literários de análise discursiva:



O texto de enunciação discursiva de Paulo Honório no romance de Graciliano Ramos “São Bernardo”, e o do ex-presidente Lulla da Silva da Silva através das cenas de intensa significação ideológica do “Beija-Mão”. Forma ferina e cruel de manter o eleitor brasileiro atrelado à ideologia escravagista a qual supostamente combateu em seus discursos sindicalistas.E estaria a combater no evento sociopolítico, histórico e jurídico, da compra de votos através do “mensalão Bolsa-Família”.





INTRODUÇÃO:

A SITUAÇÃO CÊNICA

DOS ENUNCIADOS



Toda unidade de comunicação oral e/ou escrita, por mais elementar seja, constitui-se forma de enunciado. Os enunciados são inscritos em certo contexto que fornece coerência ao discurso. Certo “Contexto de Situação” (Malinowsky, 1923) define tal noção de “Situação” pelo conjunto de fatores extralinguísticos (que não são de natureza gramatical) nos quais um texto está fundamentado e que são de grande interesse para estabelecer o sentido do mesmo.



Um enunciado dos mais conhecidos no estudo da análise de textos de comunicação diz que “enunciado se opõe à enunciação do mesmo modo que um produto se opõe ao ato de produzir. A extensão do enunciado não importa, ele pode ser de algumas palavras ou de um livro” (Maingueneau, 2001).



O espaço em que o enunciado acontece denomina-se quadro cênico do qual fazem parte a cena englobante (tipo de discurso) e a cena genérica. Esta, fornece as dicas específicas que conduzem à compreensão do gênero em que está sendo enunciado o discurso.



O conhecimento dos enunciados literários do romance “São Bernardo” são, à priori, indispensáveis para que você, leitor, permita-se à interpretação do discurso de enunciação literária do personagem Paulo Honório. E, consequentemente, possa fazer, com competência, as associações pertinentes à compreensão da homogeneidade ideológica, dos interesses pessoais e políticos, que unem as personagens do patrão, fazendeiro e latifundiário Paulo Honório ao político Lulla da Silva... De modo que o leitor possa identificar sem mais demandas, os sentimentos de cobiça, avidez e empenho pessoal de ambos, no manter as vantagens e mordomias de seus propósitos ideológicos.



A competência linguística em si mesma, presumo, não se faz suficiente à compreensão dos enunciados de ambos os atores aqui analisados em suas enunciações discursivas. Os atos individuais em ambas as cenografias, acontecem em tempos históricos diversos, mas unidos pelas cenas sociais dos acontecimentos históricos que afirmam a natureza de uma mesma ideologia do levar vantagem a qualquer preço.



Paulo Honório quer levar vantagem a qualquer preço da mais-valia do trabalho de seus empregados na fazenda “São Bernardo”. Lulla da Silva, deseja, a qualquer custo, manter-se na cena do poder político com sua política de “Beija-Mão” e a discursiva defesa de todos os atores políticos, notoriamente corruptos, aliciando-os para o exercício dos cargos de governo com seu proselitismo demagógico de interesse pessoal: a exemplo do ““mensalão Bolsa-Família””.



A situação cênica de cada uma das enunciações (Paulo Honório/Lulla da Silva) é resultante do progressivo desenvolvimento da condição anterior e intermediária dos enunciados discursivos da história dessas personagens. Na cenografia de cada uma delas, este discurso dissente se origina, produz e desenvolve ao analisar a teia de causa e efeito que mantém o interesse pertinente do leitor no desenvolvimento dos conflitos de cada um dos eventos cenográficos:



A cenografia ideológica gerada pela administração da fazenda “São Bernardo” por Paulo Honório no romance homônimo de Graciliano Ramos, e a cenografia do líder político Lulla da Silva no cenário político nacional.



"A cenografia implica, desse modo, em processo de enlaçamento paradoxal. Logo de início a fala supõe certa situação de enunciação que, na realidade, vai adquirindo validade progressivamente por intermédio da própria enunciação. Deste modo a cenografia é ao mesmo tempo a fonte do discurso e aquilo que ele engendra" (Maingueneau 2005, p.88).



No romance “São Bernardo”, a personagem Paulo Honório criou a utopia de um lugar que era melhor do que o anterior, um lugar construído a partir de sua vontade de ser o proprietário, o dono, não apenas de propriedade privada (bens móveis e imóveis), mas da vontade anímica das pessoas que para ele trabalhavam.



No cenário da política nacional, a personagem Lulla da Silva se apropria das vantagens adquiridas no exercício do poder político, para investir na miséria dos eleitores mais necessitados da sociedade brasileira através de uma encenação de produzir vantagens sociais (distribuição de renda associada a uma suposta melhoria da educação escolar) que na realidade institucional, produz apenas um esquema partidário de compra em massa de votos, usando a argumentação contrária à intenção política sub-reptícia.



A personagem Paulo Honório ideologicamente se apropriou do corpo, do “corpus”, da vontade, das ideias, do tempo real e psicológico de seus empregados na fazenda “São Bernardo”. Todos nela, fazenda, são apenas extensões do interesse pessoal de enriquecimento pessoal do latifundiário. Todos, exceto ele, personagem principal, são meros coadjuvantes na consecução desses interesses: econômicos, políticos, ideológicos.



A personagem política Lulla da Silva, ideologicamente, se aproveitou da miséria material dos eleitores nacionais, de suas necessidades mais vitais, para torná-los a todos, coadjuvantes políticos “inocentes” cooptados por ele, via “mensalão Bolsa-Família”, transformando-os em meros segmentos “coisificados”: eleitores “coisas” serviçais de seus interesses eleitorais, dos interesses de manutenção de seu partido político no poder pelo poder. Eleitores esses atrelados, encabrestados, endividados pelo processo programático, sistemático, da compra de votos para si mesmo, com dinheiro público: todos vítimas “inocentes” do “mensalão Bolsa-Família”.



“ETHOS” DO PERSONAGEM PRINCIPAL

“ETHOS” DAS PERSONAGENS SECUNDÁRIAS



Em “São Bernardo” Paulo Honório é a imagem de um homem empreendedor, dinâmico, dominador, obstinado, possessivo, determinado, obcecado. A personagem vai se afirmando na narração do “tempo ideológico do enunciado”. Ele não desanima com os fracassos: supera os empecilhos sem considerar princípios, quaisquer que sejam: religiosos, morais, éticos, honra ou vergonha. Ele deflagra toda uma série de ações de banditismo, jagunçagem, ameaça judicial, chantagem, para apressar a aquisição das terras da fazenda “São Bernardo”.



No cenário político brasileiro, Lulla da Silva é a imagem do político empreendedor, dinâmico, dominador, obstinado, possessivo, determinado, obcecado. Afirmou-se politicamente a partir de um discurso ideológico que, posteriormente às suas eleições para presidente da República, simplesmente execrou, negou, ignorou. Para manter-se e a seu partido político no poder pelo poder, na gerência das instituições (Legislativo, Executivo, Judiciário), encenou a política do “Beija-Mão” e a política discursiva eleitoreira que tirou o político José Sarney do ostracismo para promover o enaltecimento e a louvação nacional do mesmo no evento discursivo que o manteve na presidência do Congresso.



Em linguística enunciado se define no segmento da cadeia falada de comprimento narrativo (in)determinado, nitidamente por marcas formais: a fala, a retomada da fala por outro falante, e/ou por outros falantes ideologicamente cooptados (via discurso direto livre, p.ex.). A palavra latina “dictium” define este tipo de enunciado para que nunca seja confundido com o sentido da enunciação, desde que, enunciação, opõe-se ao conceito linguístico de enunciado. Quando não o complementa.



No “tempo narrativo da enunciação”, o falante adota uma atitude de distância diante do discurso enunciado, dele, por vezes, se distancia totalmente. Quando utiliza o pronome “eu” essa distância tende a diminuir. O uso da terceira pessoa, ou a ausência direta de referências enunciativas ao falante, aumentam a distância entre ele e seu enunciado. Dialogal.



"A cena da enunciação é, ao mesmo tempo, a fundação ou a atualização de um já dito e a legitimação, a validação, daquilo que funda ou atualiza: todo discurso pretende convencer fazendo reconhecer a cena de enunciação que ele impõe e por intermédio da qual se legitima. Entende-se por isso que o dito e o dizer se sustentam reciprocamente" (Maingueneau, 2006, p. 181).



No “tempo narrativo da enunciação” do personagem Paulo Honório, Madalena continuou estigmatizada, culpada, acusada de querer impedi-lo de tornar “São Bernardo” um lugar próspero, à custa da escravização de seus empregados. Madalena desejava humanizar as relações entre os empregados da fazenda “São Bernardo” de modo que a desumanização dos mesmo pudesse parar de vitimá-los enquanto “coisas” a serviço dos interesses de enriquecimento do marido Paulo Honório.



No “tempo narrativo da enunciação” política discursiva de Lulla da Silva, o eleitor brasileiro notoriamente carente de Qualidade em todos os serviços básicos devidos à população pelos poderes executivos (municipal, estadual, federal), pelas legislações políticas, pelas garantias constitucionais ditas democráticas aos eleitores, permitiu-se comprar pelos “trinta dinheiros” do “mensalão Bolsa-Família”, garantindo a simpatia desses eleitores carentes de tudo, à liderança demagógica e oportunista do mesmo.



A ideologia do discurso e da “praxis” de Paulo Honório visava, sempre, a submissão impiedosa, sádica, cruel, sinistra, tirânica, dos corações e das mentes das pessoas submetidas ao controle de sua vontade de dominação. Ele visava obter delas a subserviência total, tirando delas sua humanidade, querendo delas uma atitude apenas de servidores. Seus trabalhadores eram prestadores de serviços, assalariados, coisas, “objetos” de uso e abuso de seu poder econômico, político, ideológico.



A mesma coisa discursiva que justifica a permanência no poder político das influências do ex-presidente da República que exerce sua ascendência eleitoral a partir do uso e do abuso do prestígio de Lulla da Silva em decorrência dos “trinta dinheiros” pagos pelo “mensalão Bolsa-Família” para que os miseráveis eleitores brasileiros continuem avalizando todas as suas iniciativas demagógicas, as mais ridículas, que prestigiam a permanência de seus políticos partidários e aliados no poder pelo poder.



As instituições nacionais, submissas a esse modelo de compra de votos com dinheiro público, denominam de democracia. Mas a análise do discurso de Lulla da Silva, não se confirma na melhoria dos serviços básicos (educação, saúde, segurança, transporte, habitação) devidas, de há muito, à população de “inocentes” eleitores cooptados pelos “trinta dinheiros” do “mensalão Bolsa-Família”.



Mesmo nos momentos de maior dramaticidade do “discurso de enunciação” da personagem principal do romance “São Bernardo”, quando Paulo Honório mostra-se afligido por muitas culpas (após Madalena suicidar-se), ele, Paulo Honório, não atenuou a intensidade do sadismo presente em sua ideologia de dominação escravagista de seus empregados. Ele, o latifundiário e fazendeiro Paulo Honório, estava possuído pelas premissas de seu “Ethos” ideológico.



Ou seja: o latifundiário Paulo Honório continuou possuído pela abrangência de seu entendimento de enunciador gestor privilegiado, gestor da imagem que projetava de si mesmo a qual propiciava ser ele, ao mesmo tempo, o arquiteto, organizador e enunciador de sua ideologia por meio de seu discurso. A empatia e a afirmação do próprio discurso de autopossessão discursiva: física, mental, anímica, ideológica de incorporação do demônio da ideologia do capitalismo cromagnon.



"Falamos de incorporação para designar a ação do “Ethos” sobre o co-enunciador. Jogando com a etimologia, podemos ver como essa “incorporação” opera em três regimes indissociáveis: (1) a enunciação leva o co-enunciador a conferir um “Ethos” ao seu fiador, ela lhe dá corpo (2) o co-enunciador incorpora, assimila, desse modo, um conjunto de esquemas que definem para um dado sujeito, pela maneira de controlar seu corpo, de habitá-lo, uma forma específica de se inscrever no mundo (3) essas duas principais incorporações permitem a constituição de um corpo o da comunidade imaginária dos que comungam na adesão a um mesmo discurso" (Maingueneau, 2004, p.99).



O sujeito da enunciação é sempre o sujeito falante. Identificado com seu “Ethos”. Com sua autoridade discursiva política, ideológica e, por vezes, inconsciente. “Ethos” significa aquela pessoa caracterizada pela predominância de atitudes e sentimentos de uma coletividade, de um grupo político, de um povo. “Ethos” é a marca registrada de suas atitudes, comportamentos, manifestações culturais.



“Ethos” não diz respeito apenas, como na retórica antiga, à eloquência judiciária ou aos enunciados orais: é válido para qualquer discurso, mesmo para o escrito. O texto escrito possui, mesmo quando o denega, o tom que dá autoridade ao que é dito. Esse tom permite ao leitor construir uma representação do corpus e do corpo do enunciador (e não, evidentemente, do corpus e do corpo do autor efetivo). A leitura faz então emergir uma instância subjetiva que desempenha o papel de fiador do que é dito (Maingueneau, 2004, p.98).



Paulo Honório requer pressa, quer produzir para o mercado consumidor capitalista, não há sensibilidade em suas intenções, há apenas a ânsia inesgotável de lucro, afirmada pela noção de quantidade. Seus empregados, coisas que produzem coisas, servem apenas para produzir sua riqueza pessoal a mando do discurso que o justifica perante seus interesses econômicos pessoais.



Marciano, Rosa, “seu” Ribeiro e dona Glória, Casimiro Lopes, Mestre Caetano, ele alquebra, humilha, debilita a todos, acovarda-os, submerge a cada um deles na necessidade dos despossuídos, dos excluídos das benesses do sistema da ideologia capitalista. Cromagnon. Humilha-os, porque sua referência é a cadeia de acontecimentos nefastos que ele superou pela ganância, pela vingança às humilhações sofridas, quando não passava de peão de boiadeiro de outros fazendeiro e proprietários da região.



Da mesma forma Lulla da Silva confirma e justifica o tempo ideológico de seus enunciados discursivos pós-eleições para presidente da República. A suposta(?) posse de seus eleitores coisificados pela miséria e a necessidade, através da compra de votos pelo “mensalão Bolsa-Família”. Sua história, seu histórico político e ideológico mudam. Mudam radicalmente. Os valores discursivos, princípios morais e ética partidária, se transformaram em discursos afirmativos do que há de pior no cenário político e ideológico nacionais. A política do “Beija-Mão” e os discursos de enaltecimento, louvor e encômio das personagens políticas mais corruptas do cenário institucional nacional.



Desta forma se confirma o “tempo ideológico do enunciado da narrativa” do personagem Paulo Honório em “São Bernardo”. A suposta posse de Madalena pelo casamento... É aí que o romance começa, e já estamos, aproximadamente, no 18° capítulo. Segundo a opinião dos teóricos da literatura, (Lukács, p.ex..), um romance é a história da busca de valores autênticos por um personagem problemático, dentro de um universo vazio de significado no qual não há imanência (necessidades psi, procedentes da razão ou da espiritualidade).



Paulo Honório somente agora, no momento problemático da enunciação, passa a ser um personagem que ameaça a afirmação de sua ideologia (após supostamente começar a matutar as razões do suicídio de Madalena). Agora ele não mais está tão senhor de si, coeso, forte, irrepreensível, “dono da cocada preta”. O suicídio dela, sua mulher Madalena, problematiza o autor narrador. E ao mesmo tempo mobiliza sua alienação frente ao reflexo de sua imagem cenográfica.



Lulla da Silva e seus discursos demagógicos, contrários aos princípios morais e éticos partidários que o elegeram duas vezes presidente da República, orgulham-se de seu deslumbramento com a posse provisória do poder político pelo poder político. E se satisfaz soberba e soberanamente com a compra dos eleitores mais miseráveis com o bônus institucional da compra de votos pelo “mensalão Bolsa-Família”.



Paulo Honório continua senhor de engenho, o dono da Casa Grande, feitor e carrasco da Senzala. A objetividade do “herói” épico de “São Bernardo” entra em crise com o suicídio de Madalena (momento da enunciação do personagem). Mas o “herói” épico nacional, o político Lulla da Silva, no momento de sua enunciação política posterior à sua auto-reificação, orgulha-se de ter achado a maneira de manter política e economicamente escravizada a população de leitores nacionais pacificada pelos “trinta dinheiros” do “mensalão Bolsa-Família”.



A “ENUNCIAÇÃO” DE UMA LIDERANÇA

POLÍTICA A PARTIR DA CENA “BEIJA-MÃO”



A enunciação supostamente invisível nos discursos do ex-presidente, explica-se: um operário de Garanhuns perde um dedo numa ferramenta de trabalho. Ele já não tinha simpatia por seus empregadores e pelos então convenientes adversários políticos. Afinal adversário quer dizer o que diverge. Rival. Opositor. Antagonista. O PT era um partido político ético no sentido de que era, superior, moralmente, a seus adversários. No que pese na balança o outro lado do mensalão. O PT fazia seu papel democrático de Oposição ao Governo. O que não acontece nos dias de hoje, descaracterizando o conceito institucional de Democracia: governo do povo, pelo povo para o povo.



Nos momentos históricos discursivos no palanque do sindicalista Lula da Silva, havia a cenografia do tapete vermelho estendido nos palanques. Estendido dos palanques à entrada da rampa do Palácio do Planalto. Palácio é lugar de príncipe, de rei. E houve o evento da Rapunzel que chegou à Torre de Marfim do Palácio do Planalto depois do rei Lulla da Silva ter-se reificado por dois reinados. Presidenciais.



Quero dizer: mandatos. Os atos de fala enunciativos de verborragia fácil ganharam um eleitorado parcialmente ganho por suas próprias demandas sociais demagógicas. Por suas próprias convicções. Ideológicas. Por seus discursos nos quais pontificavam a leitura de um partido político que sustentava a ética enquanto forma de governar com transparência.



O próprio eleitor, incapacitado de definir com clareza suas demandas sociais, por viver sempre atolado no pântano da areia movediça das demagogias eleitoreiras, confiou na ênfase discursiva e na cenografia de palanque do então líder sindical. Seu discurso político supostamente legítimo coincidia com as demandas reais, sociais, do eleitor brasileiro.



Do eleitor que acreditou que essa nova liderança sindical não era mais uma lambança política. Não seria mais um cambalacho social.



Não foi apenas o líder sindical quem ganhou a liderança civil dos eleitores para com sua política. Foi também a liderança civil quem ganhou e estigmatizou o ferreiro Lula da Silva. Transformando-o em líder político para suprir o vazio de liderança social pertinente às demandas políticas dessa mesma sociedade. Segundo Maingueneau “não é diretamente com o quadro cênico que se confronta o leitor (eleitor), mas com uma cenografia” (Ibid. p.87).



A necessidade que o eleitor possuía de ser ator e não apenas observador da cenografia discursiva da política nacional. A necessidade muitas vezes centenária das pessoas. Necessidade dos eleitores de exercer seus direitos a alguma liberdade de participação política na cena dramática da história das massas proletárias nacionais e globais.



História invisível. As massas proletárias, com ênfase para as classes médias, não merecem atualmente, a mais remota visibilidade real na política nacional. Exceto visibilidade aparente, para seus problemas e enunciados sociais cada dia mais tensos e dramáticos. Por que mencioná-los se todos sabem quais, basta saírem às ruas, dirigirem seus carros nos engarrafamentos urbanos, nas estradas tipo cenografia de filme, parafraseando Godard: “Week-end à brasileira”.



Ambos se absorveram potencial e realmente: o líder político oportunista e seus eleitores de apoio. O ex-presidente possui visibilidade social. A Oposição a ele agora, por uma motivação social cármica (esquemas comportamentais de causas e efeitos políticos deletérios), passou a representar e reproduzir a mesma invisibilidade cênica que sempre dedicou às massas proletárias das classes médias. Principalmente.



Se a suposta Oposição não tem discurso, não possui líderes, não possui “Ethos” ou conteúdo ideológico (ideias), como poderia satisfazer a gana por uma liderança política que representasse seus interesses? Os interesses sempre boicotados dos eleitores.



Interesses sociais que todos sabem enunciar: educação, saúde, segurança, preservação do meio ambiente, habitação. Mas na realidade viabilizam a política de degradação ambiental desse Governo, representada pela Usina de Belo Monte de Merda.



A cena englobante é a que corresponde ao tipo de discurso... A cena englobante na qual é preciso que nos situemos para interpretá-lo em nome do quê o referido discurso interpela o leitor (eleitor) em função de qual finalidade ele foi organizado. Uma enunciação política implica um “cidadão” dirigindo-se a outros “cidadãos” (Ib. p.86).



No Brasil “cidadão” político é aquele que tem por hábito de palanque fazer promessas demagógicas no cenário eleitoral das demandas do eleitor. Do eleitor incansável na tarefa de representar os atores sociais que aceitam sempre ser enganados (“Me engana que eu gosto”) por seus prepostos parlamentares e governantes.



Por que, com tantos modos de realizar a cena da enunciação de sistemas de gerar energia a partir do desenvolvimento de tecnologias solares, impulsionadas desde 1860, Lulla da Silva, esse pavão político, ignorou deliberadamente o mercado de energia solar renovável disponível na Terra na ordem de 3,850 ZJ (zetajoules)?



Por que o pavão Lulla da Silva ignorou os enunciados das possibilidades de uso da energia térmica dos oceanos? Da energia eólica nesse país de ventos constantes? Simplesmente porque os esquemas de corrupção política vigentes entre empreiteiras e governos faz dos envolvidos na construção da usina de Belo Monte de Merda, uma plêiade de políticos e empreiteiros milionários. Vorazes canibais do dinheiro público.



Em realidade esse governo tentou manter-se “invisível” no concernente à produção de cenas em que sua visibilidade aparece apenas para acentuar as “políticas públicas” tipo mensalão, meião, cuecão, sapatão, cinturão. Dinheirama pública tornada indebitamente privada. O enunciado da política pública dos discursos do líder sindical virou enunciação de “políticas públicas”, essas, as que visavam esconder o ex-presidente Camaleão de suas responsabilidades jurídicas nelas. De suas responsabilidades políticas tipo mensalão. E tipo “mensalão Bolsa-Família”.



A “cena englobante” do discurso político do enunciador em proveitos dele mesmo e de seus parceiros de partido visa unir no espaço-tempo de uma eleição e no período vigente de suas realizações, os interessados em fazer prosperar suas contas bancárias via políticas de enriquecimento ilícito, de legislações em proveito próprio.



O enunciador político promove sua enunciação “Beija-Mão” em proveito próprio e no proveito de seus aliados empreiteiros. A “cena genérica” é a das publicações, edições e a da divulgação pública de seus programas eleitorais de endividamento do Estado em proveitos de seus ativos financeiros privados. Enunciador político, sabemos, é o destinatário envolvido, subentendido, na enunciação ou comunicação. Ele se distingue do narrador abrigado explicitamente no discurso.



Por vezes não é tão simples a compreensão do conceito de co-enunciação:



O conceito de co-enunciação deve-se ao fato de que sempre que um sujeito se enuncia, ele o faz para persuadir um TU. Nesse sentido EU leva em conta as expectativas, os anseios, os possíveis conhecimentos de mundo do outro. Enfim, a imagem que tem do “ouvinte” para elaborar seu discurso. É a partir da imagem do TU que o EU vai projetar no enunciado determinadas escolhas enunciativas e não outras. Um enunciado se constrói em conjunto EU-TU. Ninguém enuncia sozinho. Há sempre um sujeito destinador e um sujeito destinatário que juntos constroem o enunciado. O EU é determinado pelo TU, por isso se diz co-enunciação (Luciana Maria Crestani, citando Fiorin, 2008 p.53).



A cenografia política brasileira continuou a mesma nos governos de Lulla da Silva pavão: de correspondência e conveniência aos interesses particulares que põe as quadrilhas partidárias em estreito conluio de participação nos butins que se validam mutuamente com as empresas de participação privada. Belo Monte de Merda é um belo exemplo desse tipo de conluio modelo “complexo industrial governamental”. O EU do enunciador político de Lulla da Silva pavão unido ao TU determinado da co-enunciação (os eleitores e os empreiteiros de ocasião).



Ele, o suposto líder da Bolsa-Bufa, ganha as cores do ambiente e infiltra-se nos sonhos das pessoas, mas não realiza nenhum. Mínimo. Sonho. Dos eleitores. Dos empreiteiros sim. Realiza-os todos. Os vinte e pouco milhões de pessoas que preconiza ter alçado com passos cansados os degraus do alpinismo social mais brega (o PT fala em 40 milhões), compraram apenas suas entradas para o inferno de uma concorrência social no cenário de uma crise que tende a aumentar gradativamente a tensão social que vai se tornando mais e mais insuportável.



Independente da demagogia discursiva de suas falas de palanque.



Esse alpinismo social institucionalizado terá, em curto, médio e longo prazos efeitos sociais mais e mais intensamente desastrosos. As pessoas de seus eleitores lesados por seus discursos vão comer, ainda mais intensamente, o pão que o diabo amassou na padaria do Palácio do Planalto da Central do Brasil da Praça é nossa dos Três poderes.



No cenário enunciativo dos discursos temáticos e demagógicos, todos sabem que eles, discursos, não resolvem nada. Muito pelo contrário. Mas essas pessoas, alpinistas sociais improvisados na sala de jantar, querem apenas tomar um chopinho e devorar antropofagicamente seus churrascos acompanhados pelas caipirinhas de praxe.



Os aflitos eleitores enganados pelos trinta dinheiros do “mensalão Bolsa-Família” na marcha social do “Week-end à brasileira”, já estão com seus carros congestionados rumo ao litoral. Enquanto Lulla da Silva, pavão, continua a empapuçar a garganta com discursos para uma plateia de eleitores tipo “ME ENGANA QUE EU GOSTO”.



Esse é o paraíso cafona que lhes reservou essa liderança política discursiva à Chacrinha. Quanto é que ele joga mensalmente de bacalhau na plateia de seus eleitores todos os dias?



Nesse discurso dissente, alguns juízos de valor podem e devem ser interpretados como análise discursiva. Análise discursiva política e/ou ideológica. A realidade de crise nacional, cada dia mais camuflada nos jornais nacionais, sustentam as informações que os (e)leitores precisam para fornecer sustentação às suas próprias percepções dessa realidade camuflada politicamente em desfavor de seus interesses de cidadania eleitoral.



A CENOGRAFIA SOCIAL AGÔNICA

DO LÍDER DO MENSALÃO BOLSA

-FAMÍLIA



O discurso político deveria, presumo, suscitar enunciados não de uma esperança desesperada, ou de uma frustração popular encantada, mas da realização de uma educação que abastecesse os eleitores das ferramentas intelectuais mínimas para a compreensão da complexidade social do mercado de trabalho e da educação. E não de enunciados de falsas expectativas sociais no cenário de enganações discursivas demagógicas em que estão inseridas as vidas desses “inocentes” eleitores supostamente abastecidos pelos “trinta dinheiros” do “mensalão Bolsa-Família”.



A matéria desses eleitores é, realmente, feita de sonhos. Mas a vida é feita de ações. Ações que poderão, ou não, realizar esses sonhos. Esses sonhos que você sonha são seus? Quem os sustenta? Quem os alimenta? Quem os engana? A sociedade civil brasileira não merece o slogan que a representação política atual lhe oferece:



— ME ENGANA QUE EU GOSTO!!!



&
8195;

CONCLUSÃO:

“ME ENGANA QUE EU GOSTO”



A cenografia é a fonte do discurso que engendra. “As cenografias legitimam os anunciados” (Mangueneau, 2004, p. 108). Uma cenografia deve manter a atividade enunciativa coerente com cada afirmação discursiva reflexiva. Lulla da Silva é incoerente e irreflexivo. Solta palavras em suas manifestações discursivas atuais, que se afirmam descontextualizadas. Essas manifestações discursivas por vezes são de um surrealismo manifesto. Lulla da Silva não poucas vezes parece estar desvinculado de qualquer outro compromisso social que não seja o enaltecimento do próprio umbigo.



A mudança da imagem de Lula é um fato inquestionável e visível. O problema que nos aparece é verificar se essa mudança também é perceptível por meio de seu discurso. Sendo assim, este artigo tem por objetivo analisar o lugar político e ideológico em que o candidato enuncia, por meio do levantamento das marcas de enunciador e co-enunciador presentes em cada discurso. A análise possibilita verificar os deslocamentos de sua posição enunciativa, bem como o “Ethos” que emerge na materialidade linguística do discurso (GREGO, 2008, p. 1).



Está patente o alto grau de subordinação às ciências sociais e à argumentação pertinente ao sentido pejorativo da suposta evolução de caráter científico. Suposta evolução científica que pontifica nessa área. E se faz prevalecer sobre os interesses da sociedade. Sem cidadania. Sem política realmente representativa de seus reais interesses. Políticos. Sociais.



Para que haja certa credibilidade e confiança na democracia, na qual apenas supostamente o povo é soberano, será preciso fazer com que aconteça politicamente um evento de enunciação social que justifique esse conceito interativo: democracia e participação popular nos eventos políticos. Todos. Não proibindo os eleitores de participação em sua formalidade secreta. Institucional. Que segrega os eleitores e a participação social e política dos mesmos. Nos eventos políticos enunciativos da cena institucional que não mais seriam do interesse do eleitor, por serem fechados. Secretos.



Sem Oposição partidária política não pode haver questionamento de interesses. Sem questionamento do outro opinativo, sem polêmica, sem Oposição partidária, há apenas um jogo de luvas de pelicas e duelos verbais para satisfação do ego falante dos parlamentares (tipos) e/ou cortesãos de Luís XIV o Rei Sol, o mais representativo dos reis absolutistas da França (1643/1715). A atual cenografia política gerida por Lulla da Silva é uma cenografia política realmente surrealista. À brasileira. Pré-Revolução Francesa: uma viagem política discursiva, regressiva, no tempo ideológico.



Surrealista considerando-se que estamos, supostamente, usufruindo das conquistas da tecnologia digital, dos bens da cultura e da civilização, quando em verdade estamos inseridos socialmente, globalmente, num processo de retrocesso ético irreversível. Universal. Que possivelmente culminará no estabelecimento da “New World Order”.



O líder supostamente democrático agora Beija-Mão de supostos opositores políticos que foram responsáveis por uma política de dominação atroz dos ativos financeiros da sociedade em benefício das próprias contas bancárias e de seus ativos móveis e imóveis.



A cena enunciativa do “Beija-Mão” presidencial evidenciou sua disposição em agregar o coronelismo mais atrasado do nordeste brasileiro às suas antigas bandeiras de ética na política, transparência na atuação institucional dos representantes de seu partido... Tudo dissolvido na sopa primata das alianças neolíticas que são pedaços do corpus e do corpo político do Frankenstein Analfabeto. Como unir a cena do “Beija-Mão”, a interesses políticos conflitantes que nada têm a ver com os interesses da sociedade medianamente letrada de eleitores? Eleitores brasileiros não agregados ao “mensalão Bolsa-Família”.



"...gostaria de mostrar que o discurso não é uma estreita superfície de contato, ou de confronto, entre uma realidade e uma língua, o intrincamento entre o léxico e uma experiência; gostaria de mostrar, por meio de exemplos precisos, que, analisando os próprios discursos, vemos se desfazerem os laços aparentemente tão fortes entre as palavras e as coisas, e destacar-se um conjunto de regras próprias da prática discursiva. (...) não mais tratar os discursos como um conjunto de signos (elementos significantes que remetem a conteúdos ou a representações), mas como práticas que formam sistematicamente os objetos de que falam. Certamente os discursos são feitos de signos; mas o que fazem é mais que utilizar esses signos para designar coisas. É esse mais que os torna irredutíveis à língua e ao ato de fala. É esse mais que é preciso fazer aparecer e que é preciso descrever" (Foucault, 1986, p. 56).



E a Oposição a esse partido (PT), a esse seu líder e governos, inexiste. Ou se existe permanece inócua. Por ser inócua é também invisível. A adesão Beija-Mão ao coronelismo nefasto das veredas enunciativas do Grande Sertão nordestino foi não apenas insensata, representou a cena de enunciação do atual projeto político do ex-presidente Analfabeto: o poder pelo poder. O poder para os poderosos. E nunca para o principal agente democrático: o povo eleitor. Este, fica aliciado com as “benesses” supostamente sociais do “mensalão Bolsa-Família”.



Elle, Lulla, está dizendo com toda a letra em caixa alta, quê, o que lhe interessa mesmo é a manutenção de sua política dos cuecões, meiões, sapatões, mensalões da caixa alta. Elle aceitou as regras do jogo de se manter no poder pelo poder a qualquer preço. Os partidos que eram para se manifestar socialmente, politicamente, com o discurso opositor na cena nacional reservada às ações políticas da Oposição, em troca da negociação de vantagens em reuniões e votações secretas, uniram-se aos interesses dos conchavos políticos e jurídicos do atual Chacrinha da política nacional. Visando unicamente manter seu partido no poder pelo poder.



O ex-presidente “Beija-Mão”, sem projeto político pertinente à liderança dos eleitores, visa cooptar todos os interessados na política de levar vantagens, ao cooptar também a suposta Oposição. Sem Oposição inexiste democracia. Política. Institucional.



Resta-nos perguntar: Qual plano tipo Bolsa-Família está comprando o silêncio conivente da Oposição na cenografia política brasileira atual?

O fazendeiro, “coronel” Paulo Honório e Lulla da Silva tem nessa cenografia política atual, coincidências comportamentais de vida que não criam a possibilidade, muito pelo contrário, de um discurso democrático. Mas justificam plenamente a enunciação discursiva da afirmação de um “Ethos” canibal, característico de suas mudanças de cena política:



“Ethos” esse da cena desprivilegiada do jagunço no cangaço característico do alpinismo social: Paulo Honório conseguiu subir as escadas na pirâmide social, transformando-se em patrão. Lulla da Silva promoveu a cena vale-tudo da enunciação bastante conhecida da política do “Beija-Mão”. Ele, anteriormente, um líder sindical. Moral. Ético.



Por meio da enunciação “Beija-Mão” revela-se a intenção inconfundível, sub-reptícia, das cenas políticas anteriores do enunciador. Os traços de seu caráter se revelam na cena da enunciação política focal de seu “Ethos”. Ele, nela, cena, informa seu público ao afirmar de forma incontestável: “Eu agora sou isto: um político Beija-Mão. Não sou aquele Outro que vocês pensavam que eu era”. Uma imagem vale mais do que um milhão de palavras.



Não é impensado que “São Bernardo” (1934) tenha prenunciado os romances “Angústia” (1936) e “Vidas Secas” (1938). É a vida a xerocar a arte. Arte da encenação Literária. É a cena da arte sugerindo como é que é a cenografia vida: sua enunciação Lírica, Épica. Dramática. Política. Ideológica.



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REFERÊNCIAS

BIBLIOGRÁFICAS





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