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cronicas-->Sobre: História de Campina Grande de Cidinho do Ó-mscx -- 06/10/2002 - 16:11 (m.s.cardoso xavier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
História de Campina Grande- História e Política (1945-1955): Autor Alcides de Albuquerque do Ó: Edições Caravela/NCP: 1999: 324 pg.
Por: Maria do Socorro cardoso xavier

Alcides do Ó imbuído de entusiasmo e sede de verdade, narra neste singular e polêmico livro, fatos da história política de Campina Grande, fatos estes que estarreceram a todos da época, que os vivenciaram. Hoje ainda nos leva à curiosidade e perplexidade na elucidação do homicídio do talentoso líder Félix Araújo e da "Chacina da Praça da Bandeira".
Félix Araújo, grande líder das massas, apaixonado pelos pleitos de sua cidade, sob uma passagem meteórica, deu provas de intensa ação em prol de causas predominantemente humanas. Viveu dias de tumulto a história campinense. Tão pertinentemente o prefaciador Oliveiros Oliveira, também testemunha ocular destes acontecimentos, sintetiza muito bem o espírito da obra sensível e criticamente.
Sete anos de pesquisa árdua baseada em fontes primárias, secundárias e orais, procurando historiografar a verdade, pois a "história faz-se com documentos", segundo algumas correntes teóricas da História. Nesta brenha de informações e fontes de várias naturezas, Cidinho vai desmistificando personalidades e elucidando fatos que estavam à superfície e ou convenientemente silenciados. - E aí vieram à tona as tendenciosidades, os "venenos e mexericos" de província em torno da política local. Teve como figura quase central e singular, um líder nato, dócil e irreverente ao mesmo tempo; orador de improviso, poeta de palavra flamejante: Félix Araújo. Este teve em sua formação, influências ideológicas do marxismo, que se atenuava com o espírito da Rerum Novarum de Leão III.
Não obstante teve que arredar tais tendências diante das próprias circunstàncias de sobrevivência, em meio a uma política conservadora, numa conjuntura de caça aos comunistas. Independentemente de qualquer ideologia político-partidária, Félix Araújo trazia dentro de si, valores inalienáveis de inteireza, justiça e solidariedade humana.
O livro gira em torno de duas grandes indagações: A "Chacina da Praça da Bandeira" em 9 de julho de 1950 -quem a teria arquitetado. Um líder de massas e aglutinador político,volta e meia era estigmatizado, preterido para cargos relevantes, pelo fato de ter sido filiado ao partido comunista. Portanto queriam que Félix fosse o bode expiatório, entretanto esta hipótese fora descartada, com base em depoimentos e documentos de credibilidade que o autor do livro levantou.
Na realidade ao apurar dos fatos, descobrira-se erros cometidos por ambas as facções políticas da época: PSP e UDN e demais .Uma atitude irresponsável e inconsequente pagaram com vida, inocentes.
- Teria sido uma demonstração de força das alas políticas ou apenas um comício efervescente, pelos ànimos acirrados da campanha, houve tiros da polícia, para amedrontar as possíveis badernas e aí o tumulto se estabeleceu?
Fora um episódio trágico que contabilizou vitórias e debitou derrotas das hostes partidárias, sem no entanto ter-se certeza quem foram os verdadeiros culpados.
O autor arrolou depoimentos de testemunhas oculares de ambos os lados, não poupou fatos e detalhes; com imparcialidade mostrou o que conseguiu coletar de material para elucidar a "Chacina da Praça da Bandeira".
Outro pólo do livro gira em torno do assassinato do brilhante e combativo, Félix Araújo. Permanecem as indagações: Houve mandante do crime, quem o foi, a quem interessava a eliminação de Félix? Pelas evidências dos embates políticos do momento, pela averiguação que Félix promovia com destemor junto a seus pares da Càmara de Vereadores: às contas mal explicadas e mal falada administração do então Prefeito, parecia óbvio, o mandante. No entanto não houve provas contundentes.
- Teria tido realmente João Madeira intenções dolosas de assassinar Félix
Araújo - ou fora insuflado por outros, para desmoralizá-lo em via pública e aí tomarem-no os documentos, os quais incriminavam o Prefeito. - Aí na refrega física houve tiros que terminou sendo vitimado Félix - cujo assassinato Campina não perdoa?
- A mando e conveniência de quem fora trucidado João Madeira? Este foi outro erro! O assassino vivo, preso, mais cedo ou mais tarde poderia declinar mandante e implicados. Ao calar da revolta da população, à tão infame assassinato do líder campinense, pessoas, grupo interessado num "queima de arquivo" insuflou os presos para o trucidamento do assassino João Madeira. Com este trucidamento calara-se a possível descoberta do autor intelectual do crime.
Félix Araújo pelo seu brilho, sua auspiciosa carreira política, embora obstaculada algumas vezes pelo estigma de comunista - o que lhe importava na verdade não era rótulo, mas o que intrinsecamente defendia: a justiça, a honestidade, a assistência aos menos favorecidos e uma urbe mais livre e próspera! Em pleno vigor das idéias e ações na busca de servir a coletividade, com lisura, entusiasmo e grande poder de aglutinação, foi preterido por muitos, admirado por todos, usado por outros. Serviu para muitos estandartes!
Alcides do Ó procura ser imparcial nesta História Política de Campina Grande - objeto de pesquisa, os anos 1945-1955. Trouxe à baila depoimentos e fatos de todas as facções da época: dos políticos das duas alas ao homem comum da cidade, procurando levar ao leitor, informações maciças a serem desbravadas, reinterpretadas com outros possíveis desdobramentos. Seu trabalho foi titànico na difícil tarefa da coleta das fontes e ao interpretá-los não poupou "gregos e troianos" nos seus comentários. Dirime dúvidas da população acerca de esdrúxulas situações políticas da cidade, aflora recónditos inesperados, dos comportamentos, de homens da Rainha da Borborema.
Cidinho do Ó não sendo historiador por formação acadêmica, o é nos instrumentos de credibilidade e no faro da veracidade dos fatos; para tal mune-se de documentos imprescindíveis à sua reconstituição. Desnuda políticos, suas atuações e deslizes- tão vulneráveis.Todos e tudo girando em torno do prestígio e do poder. O poder cega, e nesta ciranda, o vale tudo. Assim o foi Campina Grande no decênio 1945-1955.
Destarte fica difícil a política no sentido amplo do termo - o interesse e empenho da coletividade pelo engrandecimento da Polis.Campina Grande embora próspera, com o comércio do algodão, foi e é uma cidade interiorana do 3o. mundo, onde reinava o analfabetismo, a carência e outros males decorrentes. Tornara-se uma gangorra de dominadores e dominados, no meio de intrigas, inveja, competição, falta de independência de palavra e ação - em busca de ascensões nem sempre merecidas. Jogo intrincado de compromissos e alianças que também se desfaziam e se refaziam com a evolução dos encaminhamentos.
Seja como tenha sido, Félix Araújo herói e vítima de uma política desorientada, interesseira, confetes para os correligionários;. apedrejamento para os opositores, na disputa pelo poder local. O único que não foi beneficiado à altura da sua inteligência, destemor e valor pessoal, pois ceifado precocemente, foi o próprio Félix Araújo.
O aqui historiador, Alcides do Ó, dar a "Cezar o que é de Cézar e a Deus o que é de Deus", neste livro, que é também uma biografia dinàmica e empolgante do líder Félix Araújo - homem que transcendeu seu tempo!
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