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Poesias-->30. O TRABALHO DE VERSEJAR -- 22/03/2003 - 08:21 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Rancores vão ficando para trás,

No mundo de esplendores cá do etéreo,

Assim que compreendermos quanto a paz

É tema que se trata bem a sério,

Pois só quem não tem ódio é que é capaz

De alcançar o melhor do refrigério,

Subindo, desde logo, a outra esfera,

Ou, em missão, voltando, como espera.



Às vezes, titubeio numa rima.

Aí, peço perdão ao escrevente.

Demonstra que nos tem tremenda estima,

Em registrando o verso tão freqüente,

Mas diz que, sendo assim, não mais se anima,

Pedindo que outro tema se apresente,

Pois se cansou de escritos tão perversos

E quer partir p’ra outros mais, diversos.



A oitava acima foi somente um teste,

P’ra perceber se o médium interfere.

Quando o poeta, em outro tema, investe,

Nem sempre há de cantar o “miserere”.

Foge o povo dos versos e da peste,

Não se importando quanto o autor se esmere.

Alguns que insistem hão de merecer

Que se lhes mostre aqui só bem-querer.



Nosso roteiro inclui falar da trova.

Parece claro p’ra quem leu os textos.

Repetição atroz é que reprova:

Muitos dos versos vão direto aos cestos.

E quando o comentário se renova,

Tornam-se as rimas os sutis pretextos.

De cambulhada, põe-se fogo em tudo,

Dizendo o mestre: — “É hora doutro estudo.”



Mede-se a trova, então, por outro prisma:

Alexandrinos ficam mais na moda.

O tema, aí, se enche de carisma,

Que essa cantiga já não é de roda.

Nesse momento é que o poeta cisma,

Fugindo dessa rima que incomoda,

Querendo unir a forma ao conteúdo,

Para mostrar que aproveitou o estudo.



E quem não tem assunto que aproveite,

Vai relatar como passou o dia.

— “Mas isso não irá causar deleite

Ao infeliz leitor desta poesia...”

Se o gajo é bom, espera-se que aceite

O verso pelo qual alguém diria

O que vai encontrar à sua espera,

Na hora em que chegar a esta esfera.



— “Ninguém tem tanto tempo para isso,

Que a vida tem mais pressa p’ro dinheiro.”

Devo lembrar, então, que este serviço

Não faço porque quero, mas requeiro.

Há sempre de existir um compromisso,

Para limpar a alma por inteiro,

Seja o mortal na Terra a ler a trova,

Seja o poeta a ver se o bem comprova.



Não é difícil, pois, montar a estrofe:

Basta saber um pouco da doutrina.

Caso o final do verso se “enfarofe”,

Reúna o pessoal que alguém ensina

Como deixar de ter a rima-bofe,

Que assim é que o amor se determina.

E quando alguém lhe passa a solução,

Não chame mais de amigo.; diga: — “Irmão!”



Não caia na armadilha, por favor,

Que o verso foi montado p’ra pegá-lo.

Quando se quer amor, se dá amor,

Na forma mais que simples do regalo.

Assim, os “tremeliques” ao compor

Irão prejudicar o bom embalo.

Ao ler o melhor verso, pense em mim:

É boa a alma.; o verso é que é ruim.



Não vou desarvorar os sentimentos:

O pensamento é bronco mas é puro.

Eu já passei por ríspidos tormentos,

Por isso é que dar paz é que procuro.

Se os meus dizeres são bastante lentos,

É que sei muito pouco.; isso eu juro.

Não é o efeito de uma pobre rima:

Ao trabalhar, o verso a dor sublima.



Não me revolto, pois, se o verso é pobre.

O tema da revolta não carece.

Meu sentimento o bom leitor descobre,

Ainda mais se orar a melhor prece.

Aí, posso afirmar até que sobre

Inspiração, que amor mais favorece

Que o verso ganhe foros de poesia,

Instantes de total melancolia.



Agradecendo ao Pai, eu chego ao fim.

Com bom humor, o mal a gente ilude.

Peço somente que, ao rezar por mim,

Não exagere em ver muita inquietude.

O meu trabalho é tenso por ruim.

Aí, é que há de entrar sua virtude:

Prometa, ingenuamente, fazer versos,

Para entender o quanto são perversos.



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