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Cronicas-->Sobre: Poemas diferentes diferentes poemas -mscx -- 06/10/2002 - 16:01 (m.s.cardoso xavier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Poemas Diferentes- diferentes poemas: Aparecida Pinto. Campina Grande/Pb: 1992: 51p. Apoio Cultural São Braz.
Por: Maria do Socorro cardoso xavier

Aparecida Pinto é um fenómeno singular na literatura campinense e paraibana. Independente, excêntrica, sem falsa modéstia, irónica, satírica, sobretudo autêntica. Creio que a melhor imagem de Aparecida Pinto foi delineada pela prefaciadora do livro: Socorro Ramos, também poetisa, que assim o caracterizara: " rara, louca, sentimental e única".
Poemas diferentes- diferentes poemas - é um livro original, incomun em assertivas futuristas, plenas de metáforas profundas e paradoxos geniais, quando fala da "intelectualidade dos ignorantes e do analfabetismo dos sábios" e ri do seu próprio riso, que sorriu das alegrias.
Quiçá, como Augusto dos Anjos, a autora ousa e se adentra em irreverências cujas essências talvez sejam reconhecidas em futuro remoto. Tal qual Augusto dos Anjos, Aparecida utiliza uma terminologia do materialismo evolucionista, com campo semàntico específico da ciência biológica [nascer, morrer, embrião, feto, partos, placenta, ventre, óvulo, orgasmo, corpo, medula óssea, tétrica célula atómica, putrefação, cadáver, explosão molecular]
Para a autora, o existir é a ilusão de viver na indivisibilidade do tempo. Fragmentos de ontem são reflexos da velhice, princípio de um cansaço, início de um fim. Tristeza e sofrimento para ela, são remédios fabricados no laboratório da vida - é preciso aplicá-los na chaga da alegria.
Impressiona-se com o limiar entre a vida 4 a morte; alguma experiência aguda, dolorida a fez racionalizar, especular sobre, no poema "Mistério": "na putrefação de ideais sólidos, a única salvação do homem é desprezar a vida perante a significància da morte".
Há na escritora, a irreligiosidade e o ateísmo dos cientistas e pensadores materialistas. Acredita que o Deus da humanidade é o mistério das sombras desconexas de dois corpos, inutilmente mortos.
Com domínio da língua portuguesa, magicamente cria imagens surrealistas, para dizer verdades rasgadas e não queridas por tantos.
Admite a pequenez do ser humano, tal como o pessimismo filosófico de Shopenhauer, "sou a constituição impura de existir-me, sob a sombra do nada que agasalha nos vómitos e escárnios de humanos iguais a mim". Diz confiar na essência do nada, simplesmente respira.
Chega a um extremo niilismo, no poema "Inexistência". A morte muito presente, o tempo desgastante, o amor que se transforma em solidão na obra de Aparecida, de forma colossal, com um verbo fluente, ora cristalino, ora oculto. Percebe-se no poema "Imperativo" a insatisfação com o mundo, que é um cárcere; e a humanidade, o castigo torturante, no qual covardes e heróis gargalham no trono da mediocridade, sem governo. "Em suicídio" a autora afirma que poder e prestígio não embelezam a consciência de sua verdade, por isso é triste pelo silêncio, incompreendida.
Descobre no sagrado, o profano, quando diz: canta a orgia dos cànticos bíblicos, ri com hipocrisia das tuas orações. Para religiões que aniquilam Deus, dosa mentiras; considera a fé enganosa e fala de um mistério sarcástico de Deus.
Da obscuridade de imagens no mistério do fim, surgiu uma incógnita escritora da plácida placenta cósmica, qual energia planetária, gritos de protestos de uma matéria abandonada para futura explosão molecular.
Aparecida Pinto é sem dúvida alguma, uma das mais profundas escritoras de Campina Grande e por que não dizer da Paraíba? Só lendo e analisando bem, para sorver a acuidade intelectual e o abissal de sua poesia.Em futuro poderá ser reconhecida e bem melhor analisada, do que pude penetrar: finalmente não sou nenhuma crítica literária de renome.
Apesar de chocar com suas ironias e realismo, Aparecida Pinto, sua aparente crueza, é busca de afeto, ou possui um afeto encoberto, que descobre num abraço de saudade, a eternidade dos sonhos e a busca de verdades entre os seres humanos.
Aparecida é como se fosse uma criança embirrenta, que não se deixa enganar, procurando outra criança igual a ela, para brincar.
Desejamos a fecunda escritora, a realização dos anseios humanitários, ao mesmo tempo que a Paraíba deve sentir-se honrada com Poemas Diferentes, diferentes poemas!


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