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Contos-->O Conto da Doze Horas de Trabalho -- 14/01/2003 - 20:37 (Luísa Ribeiro Pontes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos



Quando as pessoas passaram a trabalhar doze horas por dia, foi uma confusão!
As mães passaram a entregar os filhos tão cedo nos colégios que educadoras e auxiliares passaram a internas. As refeições passaram a desnortear os donos de restaurantes e cafés. Almoçava-se às 11, quando o pequeno-almoço passou a ser às 6:30, já que às sete todos estavam a dar entrada nos seus postos de trabalho. Assim, tiveram de começar a abastecere-se de carne e peixe fresco ainda mais cedo do que antes. As pessoas chegavam a casa tão estonteadas que nem tinham vontade de se mexer. Banho aos meninos? Fica para amanhã. Telejornal? Desfilavam notícias entre o cair desalentado do queixo por força do sono.Telenovela? Tardíssimo! Futebol? Amanhã logo fico a saber os resultados. E as audiências começaram a baixar. Já ninguém conseguia manter os olhos presos no écran. Grandes anunciantes começaram a desinvestir numa publicidade absolutamente inútil, já que ninguém a via, a não ser talvez alguma dona de casa que conseguia ferrar no sono durante o dia.
Ao fim de semana os estádios de futebol ainda registavam uma razoável afluência, mas os jogadores em breve se aperceberam que não recebiam ovações de uma plateia semi-adormecida. Os cinemas passaram a ser os lugares mais procurados, pelo conforto das suas poltronas.
As farmácias ressentiram-se da crise, pois já ninguém precisava de suporíferos e de calmantes e de anxiolíticos, pois as pessoas dormim de qualquer maneira, sempre e onde podiam.
O pior foi quando as mulheres começaram a desleixar-se no seu arranjo pessoal. O tempo faltava-lhes para uma "lèche-vitrine" ou ida oa cabeleireiro, ou catarse de compras. Maquillage? Não valia a pena. O tempo que levava depois a tirar! As lojas começaram a não vender, o comércio a parar, os pequenos a falir, os médios a periclitar... a economia a ceder.
Os produtos de luxo, curiosamente, vendiam-se mais do que nunca e já era comum ver-se o rabo de uma limousine ao virar da esquina ou uma senhora em sofisticada pose de Chanel para cima.
Mas em breve descobriram que sem admiradores nem público, basbaques ou mirones, não servia de nada ostentar tantas e tão selectas "tenues". Começaram também a tolher-se de uma certa indefinível melancolia.
Os hospitais, esses, apinhavam-se de casos dessa nova doença que se chamava "apatia de stress laboral" e médicos, para-médicos e pessoal auxiliar tiveram de passar a fazer bancos 3 e 4 vezes por semana para dar conta do recado. Em breve lhes dava apatia também, por contágio.
Caladinhos que nem um rato, andavam certos membros do governo e "staff" próximo, desobrigados que estavam de horários fixos, bem como empresários, Presidentes dos Conselhos de Administração, Executivos de primeira linha e outros que tanto...
Mas, na rua, os sem-abrigo, que nunca tinham perdido de vista o rigor das coisas e haviam miracolosamente escapado à apatia, uma noite invadiram, com tochas, a residência do Ministro que publicara o Novo Código do Trabalho e, no meio de grande alarido de vozes enrouquecidas, atearam-lhe fogo.
Nesse momento o Ministro gritou, sentou-se na cama e ficou a olhar para a esposa, num mar de suores frios.
__ Que se passa, disse ela?
__ Nada, estava a ter um sonho mau! Amanhã vou pedir para retirarem as 12 horas de trabalho do novo Código de Trabalho. A coisa não pode ir para a frente! Irra, ainda bem que tive este pesadelo!




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