É noite, o outono das folhas mortas barulha em minha solidão.
Um resto de verão faz chuva em meu jardim, derrete o frágil papel do contrato de amor que jurou com fragilidade ausência das cobranças.
Não há raios e trovões, não há sussurros nem gritos, não há luzes a me mostrar olhares lânguidos em flashes de juras eternas com crianças no fim do mundo.
A leveza do vento esforçando-se a levantar a cortina é um resto de lembrança que se agarra ao fim do castelo de areia a se desfazer quando da primeira onda a varrer sonhos de existência.
Amanhã já não haverá em meu jardim a chuva que nutriu viçosas flores, o sol do amanhecer trará em minha janela o horizonte enrubescido do choro de noites que construíram nuvens de sonhos desfeitas em amanheceres, mas as folhas mortas deste outono que forram o chão, estarão preparando o solo que viverá insone o próximo inverno e me trará mesmo solitárias, novas flores, numa primavera de horizontes.