MOÇAS
Nas noites de aço
as moças andam,
braços cruzando os seios,
tristes, para suas moradas.
Com Deus ou com fome
lá vão as moças
passos curtos após serão
sem amor, sem função.
Quem as vê, admira
deseja pensa milhões
assobia e nem sabe.
Não pensa nas moças.
Das janelas apertadas
narizes assomam
por qualquer barulho
som, apenas para olhar
quase gritar socorro
da janela para a rua
cheia de pessoas tristes
e, às tristes, tão felizes.
A melopeia do westclock
desperta as olheiras
cansaços nas pernas
dores nas costas, enxaquecas.
Lavadas, enxutas e passadas
êi-las nas ruas arrancando
assovios, uaus, das gentes
que as olham olhando para dentro.
Vendo a moça que anda
fecho os olhos de tristeza
É como doer no vazio
que da moça, sequer suspiro.
|