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Poesias-->27. A CASCA DO ABACAXI -- 19/03/2003 - 07:35 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Mantenha o capital bem empregado,

Que o Pai há de cobrar, até com juro.

Não deixe esta lição ali, de lado,

Que é cópia do Evangelho, em texto puro.

Às vezes, não se diz nada de agrado

E o gajo a nos voltar: — “Por que é que aturo

Quem vem com tanta bronca contra mim,

Querendo se passar por serafim?!”



Kardec é quem dizia: — “Sede atentos,

Pois haverá quem seja mau profeta.

Não é porque habitais em bons conventos,

Que a vossa idéia seja a mais correta.

Nobilitai quem tem bons sentimentos,

Vindo mostrar de forma inda incompleta,

Mas sem fugir um ponto da Doutrina,

Para terdes o bem da melhor sina.”



Quem é que faz o bem só por fazer,

Querendo do melhor p’ro semelhante?

Por certo, esse indivíduo não vai ler

O que venho dizer, ao meu talante.

É próprio de quem vive ter poder

De desligar a voz do alto-falante

Que passa apregoando o abacaxi,

Como a mais doce fruta por aqui.



É, sim, verdade o que citei acima:

Quando maduro, o fruto é bem gostoso.

Não foi apenas p’ra forçar a rima.;

Foi p’ra pensar que existe sempre o gozo

De cultivar do amigo a nobre estima.

Embora versejar seja charmoso,

É bom pensar também na dura casca,

Que, quando se remove, tira lasca.



Não vou deixar o amigo aí na mão,

Fazendo versos sem qualquer sentido.

Procura tu estrelas pelo chão:

Vais encontrar algumas, pois perdido

Apenas este autor, a dizer “não”,

Depois de haver conselhos produzido,

Que é como no Planeta a mente embaça,

Na dura comoção, que vem e passa.



Não tenho medo de não ter sucesso:

Ainda bem que existe o desafio.

Diga p’ra mim: — “O verso já não meço,

Porque, no etéreo, eu muito mais confio.

P’ra repetir, se não entendo, peço,

Pois, pouco a pouco, a chuva faz um rio.”

Mas quando o sentimento é de impaciência,

Fica difícil de manter freqüência.



Não queiras nunca desmentir o tema,

Porque as palavras são demais de grossas.

Caso duvides, usa o estratagema

De imaginar que as leis do bem endossas,

Para evitar a desventura extrema

De aqui viveres em “gentis” palhoças.

Ajuda, pois, o teu irmão na dor,

Para alcançares muito mais amor.



Caso o conselho chegue nestas tardes,

Depois que a dívida se fez, perversa,

Faze contigo, como quando encardes

A roupa branca, por quedar imersa

Em água suja. Assim, jamais aguardes

Que vais mudar-te ouvindo esta conversa:

Lava de novo e esfrega o ponto certo.;

Põe a corar ao Sol e fica esperto.



Somente agora pude compreender

Que o bom amigo briga pelo verso.

Não é questão de simples entreter:

É que quer ver o dom incontroverso

De quem exerce sobre o som poder,

A divulgar em trovas, no universo,

A angelitude, que transforma a alma

Em cânticos de amor, de paz, de calma.



Não fiques tenso: põe-te mais sereno:

Tudo virá em forma de poesia.

Esta tragédia que, agorinha, enceno

Vai resultar em dobres de alegria,

Caso consigas ver gentil, ameno,

O coração de quem te desafia.

E, se perderes tardes quase inteiras,

Outras terás, inda que tu não queiras.



Serenamente, a trova vai saindo,

Em versos soltos, pela folha afora.

Pela manhã, o dia estava lindo.

O sentimento d’alma ainda melhora,

Para fazer com que se dê por findo

O tema da poesia que demora.

Enquanto o tempo vai correndo, esperto,

O verso vem chegando, bem mais certo.



Quando pensava a trova concluída,

Dei meia volta e fui por outro rumo.

Assim é quase tudo nessa vida:

Esforço de fazer um bom resumo.

Mas, quando sinto a alma arrependida,

É certo, então, que vou perder o prumo.

Aí, cometo o grande e vil ludíbrio

De aqui ditar o verso do equilíbrio.



Eu sinto que perdi tempo demais,

Tentando desfazer minha impostura.

Mas foram os meus versos tão iguais

Que não se justifica esta procura

De dar-lhes atenção ou algo mais,

Para ver se a trova assim se cura.

Apenas reze uma oração por mim,

Nesse arremesso que coroa o fim.



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