Naquele tempo...
Quando a lua era estrela
E céu se fazia terra
O dia tinha 25 horas!
Nada menos que isso.
A ampulheta marcava
O compasso da vida
E o homem se pensava homem.
Embebia-se em sorrisos mansos
De olhares falantes...
E saciava-se a sede,
Mas não perdia a fome.
Hoje o homem ainda
Se pensa homem...
Mas agora,
Nesse nosso tempo,
A lua é uma saudade,
O dia reduzia-se a minutos,
Nada mais que isso.
O relógio digital marca
O ritmo da morte.
O homem embebeda-se
Em lágrimas vermelhas
De sorrisos alarmantes...
E a sede se sacia na fome:
Do homem que nunca foi homem.
Nem naquele tempo...
Maristela do Lago Muller, poetisa, teve "Louca-mente" publicado em Ecos da Montanha, Primeira Coletânea de Poesias de Mairiporã, pela João Scortecci Editora, São Paulo, SP, em 1988. |