Entre subidas e descidas, pouco tem de plana a Velha Serrana, senão algumas
tortuosas ruelas que ligam um morro ao outro. Tinha o "campo de aviação", um
tanto afastado do centro, que acabou retalhado em lotes e, seguindo a vocação
matricial da cidade, foi-se espalhando pirambeira abaixo - e arriba, pra quem
pensa, e pena, na volta.
Herança dos bandeirantes, que atrás do ouro e das índias, se encantavam mesmo
era com as bibocas, bobocas.
Os trechos de subida mais íngreme, as ladeiras, ganhavam distinção da morraria
comum e acabavam sendo identificados com algum morador mais ilustre. Assim
havia a ladeira do Vinício, a ladeira do Brandão, a ladeira do Inácio Campos, só
pra citar as mais centrais, que acabavam recebendo alguma benfeitoria como
calçamento, meio-fio e passeio, ou na falta dessas comodidades, ao menos as
pedra redondas, os pés-de-moleque, para permitirem de forma minimanente
segura o tráfego de homens e bestas. E ainda firmarem o chão para que as
enxurradas não o escalavrassem de forma irrecorrível.
Bicicleta era uma raridade e uma quase inutilidade, senão temeridade, o que nos
aguçava a inveja de cidades vizinhas, como o Pará, Bom Despacho, Luz, Abadia,
Pompéu, onde rodar sobre duas rodas era aquele conforto.
O lado bom, dizia-se em tom de mossa, é que nossas moças eram da perna-grossa. |