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Contos-->O caso do Martini -- 13/01/2003 - 14:29 (Clodoaldo Turcato) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O caso do Martini

Na volta de Campo Grande, Juvenal estava totalmente à vontade; tão à vontade que nem ficou vermelho ao me pedir dinheiro emprestado para a passagem.
_ Pensei que fossemos de ônibus, pô!
Lá se foi meu cartão de crédito, e receber de volta seria pura sorte. Dentro da aeronave parecia uma criança em um parque. Conversava com todos, intensamente com uma aeromoça bonitinha, que já demonstrava sinais de canseira com as cantadas nada originais, mas que o manual de funcionária a impedia de uma atitude apropriada.
_ Os senhores bebem alguma coisa – solicitou a paciente comissária.
_ Vinho seco tinto – eu
_ Martini – Juvenal
_ Sim senhores.
Agradeci gentilmente a menina, que ouviu de Juvenal um impronunciável “tenkiu leide”.
_ Quando chegarmos vou notificar sua esposa a respeito de seu comportamento nesta viagem.
_ Que que é isso compadre! Logo você? Eu conheço teu passado...
Nem mesmo com minha advertência houve melhora em seu comportamento. E o danado não parava de tomar Martini.
_ Não sabia que gostavas tanto de Martini.
_ E não gosto. É só pose, coisa de rico... sabe? Falando em Martini, me faz lembrar de minha primeira viagem de avião, lá em Cotegipe.
_ E Cotegipe tem aeroporto?
_Mas que detalhe besta...deixa eu contar: “Isso foi no tempo que eu trabalhava na Ferreira Guedes. Eu, mais quarenta funcionários fomos escalados para uma obra na cidade de Porto Alegre. Era a conclusão da pavimentação de uma estrada na cidade de Sobradinho. Fomos comunicados que a obra era urgente e o Governador exigia que a empresa cumprisse o contrato antes da eleição, pois seu candidato poderia perder o pleito se aquele trecho não ficasse pronto. Sendo tamanha a gravidade, a empresa nos enviou de avião. Imagine só: tudo cabra burro; nunca tinham pisado num aeroporto. Na noite anterior ao embarque, nosso supervisor reuniu o pessoal para anunciar os detalhes da viagem, inclusive sobre o meio de transporte.Pediu dentre os operários quem já tinha alguma experiência com avião. Quem já tinha viajando.O único era eu, de teco-teco...lá no Ceará...lembra? Me apresentei. Ai o supervisor deixou claro aos demais companheiros que no avião todos seguiriam as minhas orientações – nada de vexame na viagem. É o nome da empresa que vocês estão representando – E assim saímos de ônibus para Aracaju. Imagina só: quarenta e tantos Mutuns de uniforme azul marinho da Ferreira Guedes. Um grande contraste àquela conversa chique do aeroporto, misturada com um bando de operários ignorantes como a gente. Antes de embarcar, visando manter a ordem dentro do avião, tive a infeliz idéia de pedir aos meus companheiros que repetissem tudo o que eu fizesse. Afinal de contas, o mais experiente era eu, e tínhamos que zelar pelo nome da empresa: nada de mancadas. Embarcamos. Aquele azulão tomou conta dos assentos da classe econômica, ficando eu e mais três colegas na classe executiva, justamente ao lado de um casal de americanos. Pensei: vou fazer exatamente o que eles fizerem. Fiquei de olho em tudo o que eles pediam e repassava para meus dois colegas, que por sua vez já repassavam para o azulão. Veio a comida - Comam devagar e tudo – O Juvenal mandou comer devagar e tudo. A aeromoça pediu o que íamos beber. Olhei para os americanos que pediram suco de laranja sem açúcar. Repassei. Todos bebendo suco de laranja sem açúcar. Era bonito de ver a careta da azulada. Em seguida o americano pediu café com adoçante, um adoçante ruim, com gosto de remédio. Repassei. Lá foi todos bebendo o tal café. Mais caras feias. Terminado o almoço, a aeromoça pediu aos americanos se queriam mais alguma coisa- Rum Martini Bianco, pleasse! - Repasse o mesmo pedido. Nós nunca tínhamos bebido rum, é muito gostoso, principalmente o doce. Ai danou-se. A turma finalmente gostou. Acostumados à cachaça, aquilo descia como água. Era um corre corre do comissariado servindo Martini à azulada. A viagem fazia escala no Rio e seguia mais duas horas até Porto Alegre, mas o estoque do Martini acabou antes do pouso, e o pessoal, fora de controle pedindo mais. Os tripulantes ofereciam vodka, uísque, cerveja, vinho e coca-cola. Mas nada. O azulão pedia Martini, firmes às minhas ordens. Gerou um nervosismo a bordo; a cambada reclamava da sede. Tudo se precipitava para um conflito, quando ouvimos a voz do comandante - Informamos aos nossos distintos passageiros que solicitei mais dez caixas de Martini, que serão trazidas a bordo por ocasião do pouso, no máximo em dez minutos. Obrigado pela compreensão - Alguém de traz gritou - Viva a Vasp - erguendo o copo de Martini.

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