O momento...
O momento.
Na semana passada o meu filho passava fome, andava de sandálias e o absinto era o seu odor. Ia pra lá e pra cá de ônibus, festejava o carnaval, ler e escrever sabia mal.
O tempo...
O tempo.
Seu talento soergueu junto a outros de mesmo interesses. A partir daí mudamos para o centro da capital.
Em casa ninguém passa mal... Há comida para todos, há jóias, perfumes caros , adereços, carros e mulheres lindas.
Na semana passada...
Ele apareceu na tv, deu entrevistas e falou de mim e de você.
Tornou-se our door, capa de revistas...
E foi só.
Efemeridade...
Efemeridade.
Quando tudo acomodou.
O tempo passou e a beleza foi esquecida, não havia mais cartazes na avenida e ele voltou a ser um menino da vila, com aquela humildade catequizada, dor calejada e um pouco de paz.
De conquista, a lembrança, e a juventude que o tempo, sempre impiedoso levou.
O povo não lembra, os patrocinadores fazem questão de esquecer.
Ontem...
Ontem morreu sem saber.
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