Oracio estava de namorada nova, uma gata cobiçada por meia cidade; a outra metade não a queriam porque eram mulheres e gays. Assim, agora sua principal ocupação era passear com ela por todo o canto.
A menina era realmente bonita, e um tanto, digamos, atirada . Usava umas roupinhas bem safadinhas e, mesmo na companhia de Oracio, jogava sorrisos pra todo o lado.
Oracio que era macho até debaixo d’água, começou a sentir desconfiança da amada. Por todos os lugares em que freqüentavam os olhares eram sempre ostensivos, por assim dizer; recíprocos algumas vezes. Os concorrentes eram tantas, que o homem e o homem se comia de ciúmes. Dizia não se importar com aquela situação, achava até bom, afinal era ótimo que os homens babassem por ela, e ele, só ele...
Certa tarde, a menina vestiu uma mini mini-saia com bota cano longo, que fazia parar o trânsito; e foram passear. De casa até o ônibus a moça fora alvo de cantadas. Ninguém se dava conta da presença do namorado, e este tinha que manter o tal discurso liberal. Embarcaram e sentaram-se no último acento. O assédio continuou, inclusive do cobrador que ficava logo atrás. Este por sinal manteve uma constante, que fez Oracio perder a paciência:
- O que é que você está olhando?
- Nada! - assustado
- Como nada? - retrucou
Oracio levantou-se irado
- Eu vi você de olhão na minha namorada.
- Eu?! Imagine
- Não estava, não?
- Claro que não.
- Ah! É ? Então és veado?
- Mas claro que não!
- Vai me dizer que não olhou?
- Não!
- Uma gata destas e não olhaste?
- Bem...
- É veado!
- Sou macho, rapaz!
O cobrador pulou de seu acento e encarou o enciumado, colando praticamente o rosto. Naquele instante o ônibus já tinha parado para acompanhar o desfecho da pendenga.
- Então olhaste.
- Não!
- Então vai apanhar porque é veado.
- E desferiu uma sequência de murros que serviu para o cobrador e todos os outros idiotas que ficavam de olho na sua namorada.
Como acabou? Delegacia. Oracio ficou preso por duas semanas e levou os tão esperados chifres, bem assim, com muito amor.