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Poesias-->26. DESAFIO AOS POETAS -- 18/03/2003 - 08:02 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


O meu departamento está fechado:

Pretendo reformar o interior.

Estando a trabalhar tão empenhado,

Me vêm pedir um verso de valor.

Eu quis me recusar, muito educado,

Mas me disseram que, se houvesse dor,

Aí, o exemplo iria ser mais lindo,

Na salvação de alguém que está fugindo.



— “Precisa que esta rima seja boa?” —

Eu perguntei, interessado e tenso.

— “Não deve o sentimento ser à-toa,

Pois, no final, deve constar: — ‘Eu venço,

Quando o inimigo meu o mal perdoa!’”

Mostrando o meu rascunho, eu disse: — “Penso

Que não despertarei para a virtude,

Trazendo este meu verso bronco e rude.”



É claro que o rascunho melhorei,

Pois reabri, então, minha oficina.

Mas foi p’ra me inteirar que existe lei

Que rege o metro e a rima determina.

Aí na Terra, no que mais falhei,

Foi não ter dado ouvido à sã doutrina:

Sabia que o amor regia tudo,

Mas não me dediquei ao seu estudo.



Eu tento comparar as duas normas,

Aproximando a trova da virtude:

Uma nos vai prover de nobres formas.;

Outra há de demonstrar cada inquietude.

Eu disse que passava por reformas:

É como o verso que se espera eu mude.

Nada é perfeito e tende para isso,

Se o coração não rejeitar serviço.



Foi esse o sentimento que me fez

Tentar compor um verso dolorido.

Achei que fosse suficiente um mês.;

Me deram só um dia, e dividido,

Pois tive de rever meu português,

P’ra vir dizer por que é que estou falido.

Me estimularam como nunca antes,

E perdoaram erros mui flagrantes.



Se for bem esse o sentimento alheio,

Pelo trabalho que me faz tão tolo,

Irei julgar que o verso não é feio:

Sentir-me-ei contente por compô-lo.

E posso até brincar, pensando: — “Dei-o,

Para que sintam como é bom o bolo

Feito de amor, de paz, de compreensão.”

Será assim que os maus refletirão?



Pois, nesta altura, eu já tomava gosto,

Acostumando ao som da melodia.

Aí, pensei: — “Como será no posto?

Será que alguém de lá me ajudaria

A despejar no copo o ‘verde’ mosto,

Caso a expressão forçar um ‘todavia’,

Ou ficarei ‘indene’ dessa ajuda,

Pedindo, por favor, que alguém me acuda?...”



Pretendo não ir longe com o tema:

A sugestão da imagem se completa.

É como o navegante que não rema,

Querendo que a viagem vá correta.

Mas este que aqui está, por mais que esprema,

Não poderá dar uma de poeta.

É que a emoção do verso aqui destoa,

Ao afirmar que o autor não é o Pessoa...



Revelação fugaz de uma cultura

Que se apagou nos tempos do entrevero.

Na escuridão, a verve não perdura,

Que o mais que lá se tem é desespero.

Aqui, na Escola, a mente está bem dura:

Lembrar-se do Poeta é um exagero.

Este exercício fez-me recordar

Que, quando versejei, foi devagar.



Agora, a trova fica diferente:

Não tem os mesmos lances de beleza.

A cada verso esta minh’alma sente

Responsabilidade junto à mesa.;

O verso se transforma, realmente,

Embora a inspiração esteja acesa,

Pois volver à Crosta, sem vaidade,

É não notar que a água o barco invade.



Caso os amigos julguem que eu invento

Esta dificuldade p’ra rimar,

Caso não se distinga o sofrimento,

Porque já estou num outro patamar,

Eu vou pedir que pensem bem mais lento,

Imaginando estar em meu lugar,

Pedindo todo um ano p’ra fazer

Uma poesia só, como dever.



Eu sei que o desafio não tem sentido,

Que existe quem componha numa hora.

A este eu não convenço nem convido,

Pois quem é bom deve estar longe agora,

Com hinos e poemas envolvido,

Cantando o amor que lá no Além vigora,

A receber em bênçãos toda a luz,

Compartilhando o etéreo com Jesus.



Sinto a pressão do médium p’ra que eu faça

Mais uma oitava, pois nos sobra luz.

Mas, no improviso, o verso sai sem graça

E todo o sentimento se reduz

A simples centelhinha que não passa

De trôpego arremedo de Jesus,

Que carregou a cruz até o fim,

Mas que brilhou p’ra sempre, mesmo assim.



Desejo agradecer a toda a gente

Que me fez ver a luz aqui, de novo.

Não quero ser, portanto, indiferente,

Já que, no coração, eu me comovo

E guardarei o instante, eternamente,

Pois seguirei juntinho com meu povo,

Rezando de Jesus a bela prece,

Que é desse bem que o mundo mais carece.



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