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Ensaios-->Resolução do PT – por um Brasil trotskista? -- 02/06/2016 - 10:17 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Resolução do PT – por um Brasil trotskista?

Sátiro Levi Agralis

A polêmica Resolução sobre a Conjuntura, emitida pelo Partido dos Trabalhadores (PT) em 17/05/2016, que tanto alvoroço tem causado no País, é uma confissão explícita de que seu propósito, desde que foi criado, nada tem de democrático, no sentido clássico dessa palavra, mas, sim, consiste em implantar no Brasil uma ditadura do proletariado (significado de “democracia” para a esquerda), marxista-leninista, com forte viés trotskista, em conluio com o chamado “bolivarianismo”, que vem conquistando vários países latino-americanos.

O documento acentua ainda mais os sinais já antigos de que o PT pretende fazer do Brasil o primeiro país trotskista da História. Mas como os petistas terão conseguido chegar a esse ponto? Vale rememorar sua trajetória, no ano em que comemora 36 anos de existência (2016).

1. O PT foi fundado em 1980, mas sua concepção é bem anterior e começou a tomar forma ao final dos anos 70, particularmente em 1979, após a Anistia, quando do retorno ao Brasil de vários ex-integrantes de organizações revolucionárias de esquerda.

Pode-se dizer que, originalmente, três grandes correntes promoveram a criação do PT:

1.1 - A sindicalista, nucleada na região do ABC/SP, já muito forte à época; nesse particular, recorde-se que o sindicalismo “agressivo” estava praticamente paralisado desde 1964, quando da extinção do Comando Geral dos Trabalhadores (CGT), dirigido por Hércules Corrêa e vinculado ao Partido Comunista Brasileiro (PCB) de Luiz Carlos Prestes, mas retomara sua força, principalmente a partir de 1978, quando ocorreu a greve da Scania-Vabis, supostamente a primeira desde a edição do AI-5, em 1968;

1.2 - O chamado clero progressista, que, dominando a maior parte das Comunidades Eclesiais de Base (CEB’s, estrutura criada pela Igreja Católica), permitiria a difusão, por praticamente todo o território nacional, do ideário petista, concedendo-lhe uma capilaridade inimaginável; recorde-se que a esquerda clerical, nos anos 50 / 60, tivera fulcro na Ação Católica (AC), que atuava por meio das JEC / JOC / JUC (Juventudes Estudantil, Operária e Universitária Católicas), mas logo aderiu ao “revolucionarismo” tendo mudado seu nome sucessivamente para Ação Popular (AP), Ação Popular Marxista-Leninista (APML) e APML do B (“do Brasil”); mas a luta armada foi ineficaz, e a esquerda católica parece ter passado a orientar-se pelos princípios de Antonio Gramsci, fundador do Partido Comunista Italiano e tido como o maior ideólogo comunista depois de Lênin; muito simplificadamente, trata-se da “Guerra de Posições” (infiltrar-se no maior número possível de agrupamentos sociais – mídia, sindicatos, escolas, partidos políticos, fábricas, associações de bairros etc – e a seguir organizá-los e doutriná-los para a causa comunista); e da “Guerra de Movimentos” (mobilizar essa massa humana, estruturada tanto geograficamente, em agrupamentos municipais, estaduais e federal, quanto setorialmente, por semelhança de atividades) com reivindicações progressivas, contra o “governo burguês”, enfraquecendo-o até derrubá-lo); e

1.3 - As organizações subversivas adeptas do trotskismo e muitos militantes ou ex-militantes de outros grupos de esquerda, simpatizantes ou não da luta armada, ex-exilados ou não. É sobre esse segmento que pretendo aprofundar minhas considerações, mais adiante.

2. Progressivamente, o PT atraiu outras correntes, tais como, dentre outras de longa listagem:

2.1 - A dos intelectuais e artistas de esquerda, também conhecidos como agentes de influência nacionais e internacionais, que vivem ou fingem viver na dimensão onírica do utópico socialismo de Thomas More, pelo que são ou dizem ser adeptos irrestritos do marxismo-leninismo, – até pelo receio do “patrulhamento ideológico”, que expulsa da ribalta os “não-esquerdistas”. Esses indivíduos viram no PT o protótipo do eterno sonho comunista: o “partido de massas” capaz de conduzir uma revolução que implantasse a ditadura do proletariado; a presença desse segmento, se, por um lado, de certa forma contradizia a imagem que os criadores do PT pretendiam cultivar, de uma agremiação “exclusiva de trabalhadores”, ou “sem patrões”, por outro, agregava maior densidade ao partido, na medida em que indivíduos conhecidos e admirados pela sociedade por seu saber e/ou capacidade artística adotavam aquela plataforma política;

2.2 - Consideráveis parcelas do movimento no ensino, com seus ramos estudantil – União Nacional de Estudantes (UNE), Uniões Estaduais de Estudantes (UEE), Uniões Metropolitanas de Estudantes Secundaristas (UMES) – de professores, principalmente universitários (Sindicatos, Associações), e de funcionários de estabelecimentos de ensino; e

2.3 – Funcionalismo público federal, estadual e municipal, por perceber corretamente que o PT, chegando ao poder, ampliaria sobremaneira a presença do Estado em todos os níveis da administração pública (“aparelhamento”), garantindo assim o “status quo” e cada vez mais privilégios para esse segmento, avesso aos riscos da iniciativa privada.

3. Se analisarmos a trajetória do PT no poder, entre 2002 – primeira eleição de Lula – e hoje, constataremos que essas correntes continuam muito atuantes, e outras foram cooptadas:

3.1 - O sindicalismo aparelha toda a máquina administrativa do Estado, em que pesem os esforços do governo ainda provisório (maio de 2016) de Michel Temer no sentido oposto;

3.2 - O clero progressista prossegue ativo, como se tem podido observar nos cada vez mais freqüentes conflitos sociais, como os promovidos peloMovimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST, o “exército” de Lula e Stédile, que merece extensa análise à parte) e os relativos a questões indígenas;

3.3 - Notáveis parcelas da intelectualidade e da classe artística continuam a deixar patente sua adesão ao PT sempre que podem, como ficou mais que claro quando da efêmera extinção do Ministério da Cultura;

3.4 - A presença do PT no ambiente de ensino, entre estudantes, professores e funcionários, de tão marcante, dispensa comentários;

3.5 – O funcionalismo público foi aquinhoado com um aumento brutal de cargos – a maioria de confiança e de elevada remuneração – que cada vez mais onera o orçamento da União; e

3.6 - Cooptaram-se para a esfera de influência do PT outros contingentes humanos não originariamente integrantes do mesmo, mas de grande peso social: de um lado, por meio dos demagógicos programas sociais tipo bolsa-família, a população de baixa renda, que representa uma quantidade imensurável de votos; de outro, pelo tradicional “é-dando-que-se-recebe”, a classe política, ainda bastante submissa a Lula e ao PT, em que pesem os desdobramentos cotidianos da Operação Lava-Jato e o processo de impeachment, em andamento, da Presidente Dilma Rousseff. “Nunca antes na história deste país” nossa maldita herança patrimonialista ibérica esteve tão exuberante, do Congresso Nacional às mais humildes Câmaras de Vereadores, perpassando os demais poderes.

4. Abordemos por fim a questão do pouco conhecido vírus trotskista, que infecta o PT desde seu nascedouro.

4.1 – Liev Davidovich Bronstein – Leon Trotsky – lutou ao lado de Vladimir Ilich Ulianov – Lênin – na Revolução Russa; foi o consolidador do Exército Vermelho e co-fundador da III Internacional Comunista, em 1919, com Lênin, de quem deveria ter sido o sucessor em 1924, quando de sua morte. Mas as manobras políticas levaram ao poder Josip Vissarionovich Djougachvilii – Stalin – que comandaria a União Soviética até morrer, em 1953. Trotsky foi perseguido e exilou-se em Coyoacán, no México, num bunker, dentro do qual veio a ser assassinado, em 1940, por Jaime Ramón Mercader del Rio Hernandéz – um espanhol catalão recrutado pelo serviço secreto russo -, supostamente a mando de Stalin. Todavia, em 1938, fundou, em Paris, a IV Internacional, que tem como “bíblia” seu mais conhecido texto – o “Programa de Transição”.

Quando da defenestração de Trotsky, em 1924, os Partidos Comunistas de todo o mundo – “seções da III Internacional” – sofreram cisões; o líder criou as chamadas “Oposições de Esquerda”, congregando seus seguidores, que se desfiliaram das agremiações “stalinistas” vinculadas à URSS e criaram outras, “trotskistas”.  

4.2 – Após a morte de Trotsky, a luta por sua sucessão foi grande. Inicialmente a IV Internacional foi conduzida pelo grego Michel Raptis, ou “Pablo”, mas logo a seguir começou a cindir-se em diferentes centros irradiadores, aos quais os seguidores de Trotsky foram se filiando da maneira mais variada, num grande número de países. Observe-se que até hoje o trotskismo ainda não assumiu o poder em um país específico, como ocorreu com o comunismo soviético e o chinês, dentre outros.

4.3 – Á época da fundação do PT, nele se encastelavam os seguintes grupos atuantes no Brasil:

- a Convergência Socialista, também conhecida como “Alicerce”, ou “Alicerce da Juventude Socialista”, como se apresentava no Movimento Estudantil, filiada a um centro de irradiação liderado pelo argentino Hugo Bressano, ou “Nahuel Moreno”, pelo que seus seguidores se intitulavam “morenistas”; editava o jornal “Convergência Socialista”; hoje está legalizada e fora do PT - trata-se do PSTU – Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado;

- a Organização Quarto-Internacionalista, ou “Causa Operária”, ou ainda “Avanlu” – “Avançar a Luta”, como se apresentava no Movimento Estudantil. Editava o jornal “Causa Operária” e se vinculava ao centro criado pelo boliviano Guillermo Lora; também está legalizada – é o PCO – Partido da Causa Operária;

- Partido Operário Revolucionário Trotskista (PORT) – uma das mais antigas organizações trotskistas brasileiras; ligava-se ao “Secretariado Latino Americano da Quarta Internacional - SLA”, criado pelo argentino Homero Rômulo Cristalli Frasnelli, ou “Juan Posadas” – pelo que seus adeptos se intitulavam “posadistas” - e editava o jornal Frente Operária; aparentemente adotou a nomenclatura “Liga Estratégia Revolucionária – Quarta Internacional” (LER – QI) e alterou a denominação de seu jornal para “Palavra Operária”.

- Democracia Socialista (DS) – subordinada ao Secretariado Unificado da IV Internacional (SU), dirigido pelo belga Ernest Mandel – seus militantes eram os “mandelistas”; forte no Rio Grande do Sul e responsável pelo Jornal Em Tempo, atualmente “Democracia Socialista / Em Tempo”; o SU disputava com outro centro francês (mencionado no tópico seguinte) o título de legítimo sucessor de Trotsky; no Brasil, alguns dos militantes da DS, insatisfeitos, desligaram-se e fundaram o PSOL – Partido Socialismo e Liberdade; outros continuam no PT; e

- Organização Socialista Internacionalista (OSI), ou “Libelu” (“Liberdade e Luta”), como se apresentava no Movimento Estudantil – ramo brasileiro da antiga “Quarta Internacional – Centro Internacional de Reconstrução”, ou QI-CIR, francesa, fundada por Pierre Lambert – patrono dos “lambertistas”; responsável pelo jornal O Trabalho - http://www.jornalotrabalho.com.br/ ; em 1993, supostamente a IV Internacional foi unificada na França (onde, afinal, foi criada por Trotsky, em 1938), por ação dos “lambertistas”, em detrimento dos “mandelistas” – daí o fato de a DS não ser vista no Brasil como a seção “oficial” da IV Internacional – essa posição seria ocupada pela OSI, como consta no frontispício de seu jornal. É o mais forte grupo trotskista atuante no Brasil, e continua encastelado no PT.

Quem Somos

O jornal O Trabalho é o órgão da seção brasileira da 4ª Internacional, a corrente O Trabalho do Partido dos Trabalhadores. Lançado em 1º de maio de 1978, em plena ditadura militar, o jornal se colocou desde o começo a serviço da organização dos trabalhadores em um partido político próprio e em uma central sindical independente dos patrões e do governo.

Hoje, quase 3 anos de o governo Lula, que ajudamos a eleger, uma questão se coloca. Qual a origem da crise que atravessa a nação e o PT?

A Corrente O Trabalho do PT, seção brasileira da 4ª. Internacional, sempre se recusou a assumir cargos no governo. Mantivemos nossa independência porque, junto com milhares de trabalhadores, fundamos o PT para a luta da classe trabalhadora e não para colaborar com o capital. Por isso, hoje, reafirmando o Manifesto de Fundação de 1980, reivindicamos a continuidade do PT com base nos compromissos inscritos em seu Manifesto.

Na situação concreta do Brasil, como Corrente OT do PT –que em qualquer circunstância combate pela independência das organizações - nos pronunciamos pela ruptura com a burguesia e o imperialismo, e exigimos:

-Ruptura com o FMI; não pagamento da dívida;
-Ruptura das alianças com os partidos burguesas. Fora os ministros capitalistas do governo
-Um verdadeiro governo do PT para atender as reivindicações do povo trabalhador

As páginas de nosso jornal cobriram e participaram da luta contra a ditadura e dos combates desenvolvidos em escala internacional pela classe operária e a juventude. O Trabalho esteve presente na luta pela construção do PT como um partido sem patrões e na fundação da CUT. O Trabalho continua presente na luta dos trabalhadores, por sua emancipação.

Convidamos o (a) companheiro (a) a acompanhar e contribuir com essa discussão, enviando-nos suas sugestões, críticas e opiniões.

A 4ª Internacional

Fundada em 1938, sob direção de Leon Trotsky, a 4ª Internacional é herdeira do combate de revolucionários como Marx, Engels e Lenin. Ela continua o trabalho desenvolvido pelas três primeiras Internacionais, cada uma a seu tempo, na organização política da classe operária.

Depois de um período de crise a partir dos anos 50, que levou a sua destruição como organização mundialmente centralizada, a 4ª Internacional foi reproclamada em 1993. Os trotskistas não têm interesses distintos do conjunto da classe operária. Por isso, a 4ª Internacional desenvolve sua atividade junto com outros militantes, das mais diversas origens, que também defendem uma política independente, no quadro do Acordo Internacional dos Trabalhadores (AcIT).

redacao@jornalotrabalho.com.br

Um dos mais basilares princípios do trotskismo é o internacionalismo proletário. Todas as organizações trotskistas se dedicam com afinco à manutenção de laços com suas congêneres, no maior número possível de países. São também muito mais atuantes em ambiente urbano do que no campo. Observe-se, nesse particular, que o MST e a Via Campesina, exuberantes no meio rural, são muito mais “maoístas” (seguidores de Mao Tsé Tung, ou da “linha chinesa” do comunismo internacional), como seu similar peruano “Sendero Luminoso”, do que trotskistas. Mas para o comando do PT, não importa muito a “linha” a que esses militantes mais aguerridos se filiem, e sim a eficácia de suas ações em prol das causas partidárias.  

Na América Latina, presentemente, vemos estabelecer-se pari passu uma forma de internacionalismo de esquerda. Como nos anos 60, origina-se de Cuba (lembremo-nos da Conferência Tricontinental de Havana, de 1966, quando, por obra de Fidel Castro e Ernesto “Che” Guevara, nasceram a OSPAAAL – Organização de Solidariedade aos Povos da África, Ásia e América Latina e a OLAS – Organização Latino Americana de Solidariedade, que fomentaram guerrilhas comunistas em dúzias de países). A pátria de Fidel, entretanto, permanece, desta vez, nos bastidores, tendo lançando ao proscênio seu títere venezuelano Hugo Chávez, já falecido, mas tendo deixado um sucessor com ele integralmente identificado, Nicolás Maduro. Discípulo aplicado dos ideólogos cubanos, Chávez arrastou para a senda do chamado “bolivarianismo” – um neo-comunismo latino americano - a Bolívia do cocalero Evo Morales, o Equador de Rafael Corrêa, o Paraguai do bispo Fernando Lugo (situação aparentemente invertida com o “impeachment” de Lugo), o Uruguai dos ex-tupamaros Tabaré Vasquez e José Mojica, a Argentina do falecido peronista Nestor Kirchner e de sua viúva e sucessora Cristina (situação invertida com a vitória do Presidente Maurício Macri), a Nicarágua do ex-sandinista Daniel Ortega... quem mais? Estrutura-se – lamentavelmente, com o apoio do Brasil - a “URSAL” – “União das Repúblicas Socialistas da América Latina”, com fulcro na ridícula “ALBA” – “Aliança Bolivariana para os Povos de nossa América” e, quem sabe, também no moribundo MERCOSUL, que, naturalmente, recusam a participação dos EUA, Canadá... e Honduras – porque nesta, o presidente bolivariano Manuel Zelaya foi deposto...

O bolivarianismo não é oficialmente trotskista, mas com certeza provê a infraestrutura ideal para que este, eventualmente chegando ao poder, assente com mais facilidade e profundidade suas raízes. Basta que o governo de um país influente da região seja conquistado pelos seguidores de Leon Trotsky...

No Brasil, por não haver, desde 01/01/2003, “governo burguês” a ser derrubado, a “Guerra de Posições” passou a ser conduzida pelo próprio poder instituído, com um novo propósito – cooptar a maior parte possível da população para sua causa. Analogamente, a “Guerra de Movimentos” não se caracteriza mais por mobilizações contra o governo: ela passa a ser conduzida por facções aparentemente sem vínculo com o poder - como o MST, ou “exército de Stedile” - contra setores ainda “reacionários” – como os produtores rurais, que, se não podem ser cooptados, têm de ser neutralizados.

Dentro dessa ordem de idéias, a oposição foi silenciada pelas trocas de favores; o Congresso, desmoralizado em episódios de triste memória, até hoje mal resolvidos; a instância suprema do Judiciário, parcialmente cooptada (lembremo-nos dos Ministros adeptos do PT que já se encontram lá); asForças Armadas, alijadas do poder, sucateadas, empobrecidas e afastadas das grandes decisões políticas; o Itamaraty, completamente instrumentalizado (vide as omissões ou parcialidades brasileiras em vários episódios de repercussão internacional); a Administração Pública, como já dito, integralmente aparelhada por sindicalistas; a população, desarmada e anestesiada com benesses demagógicas; a imprensa, embora tendo sobrevivido a várias tentativas de controle e censura, ainda está no limiar da perda de sua independência –o PT não para de lutar pela implantação de um “marco regulatório”, ou pela “democratização” da mídia; a harmonia social, fraturada pela divisão das pessoas de forma maniqueísta (”Divide et Impera”), segundo  critérios espúrios, como o racialismo, a sexualidade e outros, aplicados a múltiplas atividades humanas (“nós contra eles”); a integridade territorial, ameaçada pelas demarcações de terras indígenas; o direito de propriedade, questionado pelo MST; a soberania nacional, solapada nos episódios da refinaria da Petrobras desapropriada na Bolívia; de uma grande empresa brasileira, interpelada no Equador; do questionamento das tarifas  de Itaipu, no Paraguai; e da prostituição de nossa embaixada, em Honduras.  

Por fim, as investidas no sentido de se perpetuar o petismo no poder estão aí à vista de todos, e, se não forem concretizadas por “golpe branco” – referendos de imparcialidade discutível, como em alguns países vizinhos – certamente hão de sê-lo pela anuência e a leniência da sociedade, empanturrada progressivamente com factóides cada vez mais sedutores, como o pré-sal, as Copas de 2013 e 2014 e as Olimpíadas de 2016. Ou seja, conquistam-se, aqui e agora, dividendos políticos concretos, pela oferta, como se também concretas fossem, de abstrações cuja materialização só poderá ser constatada num ainda distante amanhã – quando a memória já se terá esvaído e as hipóteses de responsabilização por eventuais insucessos... fatalmente esquecidas.

Em outras palavras, o Brasil parece ser um forte candidato a ingressar nesse anacrônico clube do bolivarianismo; mas se o fizer por meio do PT, será lícito supor, em face do descrito até agora, que possamos nos tornar o primeiro país trotskista da história do mundo. Observe-se que as agressões à soberania mencionadas linhas atrás foram toleradas, precisamente, em nome do “internacionalismo”, ou da afinação ideológica com vários “Hermanos”, principalmente os cubanos.

O mundo civilizado, em 09/11/1989 – já lá se vão vinte e sete anos! – ao derrubar o Muro de Berlim, lançou o comunismo ao lixo da História – marco que, lamentavelmente, o Brasil e várias outras nações parecem não ter visto. E poucos meses depois, em 1990, em São Paulo, reuniram-se os partidos de esquerda latino-americanos, órfãos de Marx – Engels – Lênin – Trotsky – Stalin - Gramsci – Mao – Fidel – Che - Débray e tantos outros, sob a égide do PT e ao lado de organizações como as FARC e o Sendero Luminoso, para criarem o Foro de São Paulo – uma anacrônica “Quinta Internacional”, que tentaria conquistar o mesmo que a Primeira (Marx / Engels, 1864 – 1876), a Segunda (Engels, 1889-1914), a “Dois e Meio, ou de Viena” (1921, origem da Internacional Socialista), a Terceira (Lenin/Trotsky, 1919 – 1989) e a Quarta (Trotsky, 1938 -?) tentaram ou vêm tentando inutilmente nos últimos 151 anos. Embora hoje, como aqui relatado, a Quarta pareça estar alcançando sua hora e vez, ao menos no Brasil.

Compreende-se que os comunistas não esmoreçam na busca dos ideais em que acreditam. Afinal, “podemos confiar nos comunistas – eles são comunistas, mesmo!” – como afirmava o médico australiano Frederick Charles Schwarz, criador da Cruzada Cristã Anticomunista, em seu livro de 1960 “You can trust the communists (to be communists)”.

O que não se compreende é o fato de os verdadeiros democratas, quando no poder, não terem a percepção de que os comunistas reivindicam deles, hoje, em nome de princípios democráticos, aquilo que, conquistando o poder, negarão aos democratas, em nome dos princípios comunistas.

Sátiro Levi Agralis
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