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Contos-->A morte, por Bartira -- 13/01/2003 - 14:06 (Clodoaldo Turcato) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A morte, por Bartiria

Eu estava em meu escritório quando minha colega entrou apressada, levando no peito a papelada sobre minha mesa. Como era naturalmente evasiva, por assim dizer, não fiquei de todo surpreso, embora naquela hora do dia não fosse lá muito normal, mesmo para Bartiria.
_ Minha mãe ! Depressa... minha mãe!
_ O que foi menina? – tentei ficar a par do motivo daquela pressa.
_ Depois eu explico! – foi direto para o banheiro, trancado-se a chave, deixando-me sem saber o que fazer.
Porém não demorou muito. Como um tufão, entra a mãe :
_ Cadê Bartiria?
_ Quem? Dona Deolinda – com a maior cara inocente do mundo.
_ Não me faça de trouxa! Cadê aquela mentirosa?
_ Ora Dona Deolinda... eu não a vi. Por Jesus!
_ Não coloque Jesus nessa história. Ele deve estar “p” da vida conosco.
_ Nossa! Mas é tão grave assim?
_ Por demais. Me diga: viste ou não viste?
_ Não vi – com a corda no pescoço.
_ Eu não vou interroga-lo, embora ache que estas mentindo. Não vou fazer escândalo em seu local de trabalho a essa hora da manhã. Mas diga a ela que não ficará por isso. Entendeu? – me apontando o dedo em riste.
Cinco minutos depois a porta do banheiro se abria devagarzinho, e dois olhinhos “inocentes” espionaram se a perseguidora já tinha saído.
_ O que foi dessa vez? - questionei minha aliviada peralta, de vinte anos.
_ Nada!
_ Como nada! – irritando-me – Dona Deolinda não entraria em meu escritório descontrolada daquele jeito por nada. Vai contando – intimei.
_ Foram umas coisinhas à toa que andaram ocorrendo. Nada de mais. Stress... sabe!
_ Como stress. Deixa de conversa mole. Conta tudinho, senão eu saio daqui agora para a casa de sua mãe.
_ Ta legal! La vai:
“Na noite de ontem tinha festa na Boate Levus. Àquela da Avenida Comandante Costa. Eu estava doida pra ir, mas mamãe não queria me deixar de jeito nenhum. Então decidi ir de qualquer jeito. Depois da escola sai de fininho e me bandeei para a boate. Foi arromba. Festei sem parar. Quando eram quatro e meia, mais ou menos, decidi voltar pra casa. Minha cabeça iniciou um processo de busca para justificar a hora da chegada. Entre as opções, elenquei um assalto, seqüestro, erro de endereço, amiga em desespero; todas devidamente comprovadas. Optei por seqüestro. Tinham me confundido com alguém importante e me levado até Ananindeuá, e ao perceberem o engano os bandidos me soltaram; como estava sem dinheiro voltei a pé. Foram quatro horas andando. Devia funcionar. Mas por coincidência do destino ao sair da boate olhei para casa de Dona Tereza, amiga intima de mamãe, muito prezada em nossa família, e na janela estavam estendidos os panos da morte. A casa estava cercada de carros indicando o falecimento de alguém. Pensei: Jesus Dona Tereza havia morrido. A tempos que ela se encontrava muito doente, fato que a impedia de nos visitar. Mamãe toda a semana ia até sua casa para fazer companhia à sua grande amiga. Em vez de me entristecer, vi ali a solução para meu problema . A desculpa perfeita. Cheguei em casa eram cinco e vinte. Mamãe me aguardava na ante sala.
_ Onde estavas até agora?
Imediatamente, com ar de espanto respondi:
_ Mamãe! Ainda não sabes?
_ De que?
_ Dona Tereza mamãe. Faleceu ontem à noite. Estava até agora em seu velório. Fui pra lá com a certeza de te encontrar e.... perdi a hora.
_ Meu Jesus! Coitada de minha amiga. Morta?
_ Sim mamãe.. durinha da silva .
_ Pôxa vida!
_ Mas estava tão serena, a coitadinha.
Mamãe sem mais nada a dizer arrumou-se e correu para casa de Dona Tereza, enquanto eu, aliviada, fui para cama, sob orientação de fazer o almoço de papai.
Estava eu em meu lindo sono, quando fui abruptamente acordada pelo cinturão em couro de mamãe estalando, sobre as cobertas. Assustada e confusa, apenas ouvia os berros de Dona Deolinda, e do cinto que me procurava:
_ Como é que brincas com coisas sérias assim menina? Estavas na boate, sua safada!
_ Eu? Boate? Estava no velório...
_ Se estivesses no velório saberias que quem morreu foi a Flavinha e não Dona Tereza.
_ O que?! Quem morreu não foi Dona Tereza?
_ Não!
_ Foi a Flavinha?
_ Foi.
_ Minha amiga Flavinha?
_ É.
_ Mas a enferma não era Dona Tereza?
_ Era?
_ E não morreu?
_ Não sua safada! Cheguei à casa de Dona Tereza cheia de dor, por não estar com minha boa amiga na hora derradeira, e quase caio dura quando bato de frente com a defunta. Pensei estar vendo uma assombração. Vendo meu espanto, Dona Tereza me esclareceu que sua filha fora vitima de um ataque cardíaco fulminante e falecera.
_ Mas assim?
_ Assim!
_ Fulminante?”
Eta azar. A idéia do seqüestro teria sido melhor.
Esta passagem incrível tinha ocorrido com Bartiria. Uma inacreditável coincidência, porém verídica , que fazia-me entender perfeitamente a raiva de Dona Deolinda.
_ Mamãe quer meu couro. Pela boate e pela mentira.
_ E com toda a razão.
_ Pôxa! Eu só queria ir pra festa.
_ Você sabe a fama da Levus? Não sabe?
_ Sei.
Levantei-me na direção da porta.
_ Ei! Aonde vais Cláudio?
_ Procurar sua mãe.
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