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Ensaios-->Saiba como Putin está ganhando e perdendo a Síria -- 13/10/2015 - 01:41 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Israel é um dos poucos jogadores neste jogo que coloca a ameaça terrorista em primeiro lugar porque o atinge perto de casa. Para Obama e Putin, para a Turquia e o Irã, é tudo estratégia geopolítica e blocos de poder.


A linha russa dá a entender que eles estão na Síria para combater o ISIS. Mas os russos, como os turcos, iranianos e europeus, não se preocupam com o ISIS. Ao declarar-se um Califado, o ISIS tornou-se não-alinhado. Os combates na Síria não tratam do ISIS. Eles precedem a ascensão do ISIS como protagonista. São sobre a Síria.

O ISIS tornou-se uma desculpa conveniente para a convergência para a Síria. Mas ninguém está lá por causa do ISIS.

Os turcos estão bombardeando a Síria por causa de seu velho passatempo de matar curdos. A Turquia irá ocasionalmente bombardear supostos alvos do ISIS para fins de propaganda, mas sua força aérea bombardeia principalmente os curdos inimigos do ISIS. A Rússia vai fazer a mesma coisa, acertar no ISIS para fins de propaganda, mas com foco em grupos sunitas anti-Assad.

A Turquia e Rússia estão bombardeando tantos inimigos do ISIS, que eles podem muito bem estar apoiando ISIS.

Putin e Erdogan não estão lá para combater o ISIS, nem Obama. A campanha de Obama para "degradar" o ISIS é outro fracasso e nenhum grau de manipulação da Inteligência (1) para fazer parecer que ele está ganhando, pode mudar isso.

Obama entrou na Síria para apoiar coalizões sunitas. A Rússia está na Síria para apoiar uma coalizão xiita islâmica. Nós nunca chegaremos a bombardear os xiitas porque a linha vermelha de Obama vacilou e quebrou, mas os russos estão fazendo isso: bombardeando os islamitas sunitas que Obama estava apoiando.

Obama está protestando junto a Putin com argumentos fracos. Seguro de si, Moscou está mentindo sobre sua agenda na Síria. Eles não estão lá para combater o ISIS. Eles estão lá para lutar contra outros jihadistas sunitas, alguns dos quais estão ligados à Al Qaeda, que o ISIS também está combatendo. Mas, novamente Obama mentiu da mesma forma sobre a Síria assim como Putin.

Os EUA, a Europa e a Rússia estão brigando para ver qual bando de terroristas islâmicos vão apoiar. É muito parecido com a Guerra Fria. Não há mocinhos. Simplesmente vilões que apoiamos e vilões que eles apóiam.

Putin está lá para apoiar os terroristas xiitas do Irã. Obama está lá para apoiar os terroristas sunitas da Arábia Saudita. Ninguém está lá para apoiar o ISIS e é por isso que bombardeá-lo não é uma grande prioridade para ambos os lados nesta disputa.

Nós somos os únicos que bombardeiam o ISIS em tempo integral, mas isso é porque Obama foi apanhado de surpresa pelo genocídio do ISIS sendo televisionado e não conseguiu pensar em mais nada para fazer. Sua nova aliança com o Irã e sua antiga aliança com a Irmandade Muçulmana tornam difícil para ele  bombardear ou não bombardear Assad. Bombardear o ISIS é um compromisso já que ambos os novos amigos iranianos e seus velhos amigos da Fraternidade se opõem ao grupo.

Bombardear o ISIS permite a Obama agradar xiitas e sunitas jihadistas fora do ISIS e seus apoiadores.

Mas Putin está pensando estrategicamente. Ele quer reduzir a influência ocidental, apoiando um eixo xiita. Obama não tem mais nenhum plano coerente. O plano original da Primavera Árabe de apoiar a Irmandade Muçulmana que causou a guerra civil síria se desfez há muito tempo. Obama apóia os jihadistas sunitas no papel, mas tem sido hesitante sobre fornecer-lhes armas e apoio aéreo. Enquanto isso, ele está apoiando seus rivais jihadistas xiitas no Iraque.

Enquanto Putin age como a força aérea xiita na Síria, Obama age como a força aérea xiita no Iraque. É um bom negócio para o Irã e menos trabalho para Putin, mas ele não traz nada coerente para os interesses nacionais americanos.

O eixo xiita permite que a Rússia expanda seu poder na região a preços de banana. Moscou não pode pagar nem mesmo esses preços, mas Putin renunciou ao desenvolvimento econômico e está baseando todo o seu regime no reinício da Guerra Fria. As ruas russas estão repletas de velhos comunistas raivosos segurando cartazes dizendo: "Estamos prontos a perecer para ajudar Putin."

E a guerra tem todos os tipos de benefícios adicionais interessantes.

A invasão de migrantes muçulmanos da Europa pode não ter sido uma estratégia russa calculada, mas, pensando bem, ela só poderia ser. A Hungria já está falando em se afastar da UE e se voltar em direção à Rússia. A Polônia, Eslováquia e República Checa se sentem traídas pela UE.

Não membros da UE que podem ter visto a UE como uma defesa contra uma invasão russa, agora sentem que têm de escolher entre uma invasão russa e uma invasão muçulmana.

Inesperadamente, a Síria tem provado ser um trunfo importante para o programa de expansão Eurasiana de Putin. Isto, provavelmente fez mais para ajudá-lo a restaurar a união da velha gangue do WarPac (2) (Pacto de Varsóvia) do que invadir a Ucrânia.

Quanto mais caos a Rússia criar no Oriente Médio, mais muçulmanos inundarão a Europa, mais frágil se torna a União Européia. Se Putin não conseguir mais nada na Síria, ele pode manter o fluxo de imigrantes muçulmanos o tempo suficiente para derrubar o resto da Europa.

E se a Europa estiver em suficiente má forma, a sua União Eurasiana torna-se mais viável.

A União Soviética tornou-se uma ameaça importante uma vez que o resto da Europa foi arruinado pela 2ª Guerra Mundial. A migração muçulmana não se compara à 2ª Guerra, mas então, os planos de Putin para a União Eurasiana são apenas uma mistura pobre do Império Russo e da União Soviética que, de alguma forma manterá o poder russo embora sendo a maioria muçulmana. É difícil imaginar uma entidade pior e mais instável do que a URSS, mas uma União Eurasiana com governantes russos da ex-KGB e os exércitos muçulmanos subjugando os países eslavos seria perfeito.

De volta à Síria, Putin converteu o poder aéreo russo em protetor de Assad e do Hezbollah. Os EUA deverão coordenar os seus movimentos com a Rússia. Israel já obteve um arranjo em que pode ter que coordenar ataques aéreos contra o Hezbollah, aliados terroristas da Rússia, com... a Rússia.

É um jogo perigoso para a Rússia. O poder aéreo russo não é páreo para o americano nem para o israelita. Alguns poucos pilotos russos foram derrubados e capturados pelos israelenses durante as guerras maiores. Mas Putin está apostando que Obama não terá coragem de pressioná-lo e que Netanyahu tem muitas outras coisas em sua mente.

Ele provavelmente está certo sobre Obama, mas ele pode estar errado sobre Netanyahu.

Parar os carregamentos de armas iranianas para os terroristas tem sido um objetivo primário das operações israelenses no exterior. Israel tem perseguido esse objetivo atingindo alvos de Dubai ao Sudão até a Síria. Se Putin espera estender seu guarda-chuva sobre grupos terroristas xiitas que atacam Israel, não poderá fazer isso sem uma luta.

Israel vê a ajuda iraniana para o Hamas e o Hezbollah como uma ameaça existencial. A capacidade de ambos os grupos de golpear profundamente dentro de Israel de forma a perturbar a vida nas grandes cidades tornou-se uma grande crise. Se a situação se agravar, Israel pode ser forçado a voltar para a estratégia territorial de manter as zonas de segurança.

Mas Israel é um dos poucos jogadores neste jogo que coloca a ameaça terrorista em primeiro lugar porque o atinge perto de casa. Para Obama e Putin, para a Turquia e o Irã, é tudo estratégia geopolítica e blocos de poder.

A Rússia, Turquia e Irã desejam reconstruir antigos impérios. Obama quer desfazer o colonialismo apoiando islamitas. O único denominador comum em seus objetivos é que todos eles vão levar a mais terrorismo.

A questão maior é qual o apoio que Putin pretende levar para o eixo xiita.

O Ayatollah Khomeini pode ter chamado a América de "Grande Satã", mas chamou a Rússia de "Satã Menor". No ano de sua morte, ele enviou uma carta pedindo a Gorbachev para abandonar o comunismo e estudar o Islã. O rosto de Gorbachev, dizem, ficou mais vermelho do que o habitual, mas a carta serviu de base para um relacionamento crescente entre a República Islâmica e o Satã Menor russo.

O Império Eurasiano de Putin depende da tomada ou controle de uma grande quantidade de territórios que foram originalmente controlados pelo Irã. Estes incluem partes do Azerbaijão, Daguestão, a Geórgia e a Armênia. Esse pode não ser o foco principal do Irã agora, mas uma rota de colisão entre estes dois aspirantes a impérios é inevitável.

A Rússia e a América estão ambos jogando um velho jogo desastroso de Guerra Fria de criar terroristas muçulmanos e estados terroristas. A Rússia ajudou a inovar as táticas de terror de muçulmanos moderados apenas para virarem vítima deles. Os Estados Unidos apoiaram uma Irmandade Muçulmana que pretende conquistar os Estados Unidos.

Putin pode estar ganhando agora na Síria, mas é uma vitória que pertence ao Irã. Seus terroristas xiitas vão atacar a América e Israel, mas acabarão também por atacar a Rússia.

Putin está pensando mais a longo prazo do que Obama. Mas não tanto assim.


Notas:

(1) Recente escândalo de manipulação da Inteligência americana em curso no Congresso (setembro/2015).

(2) WarPac: trocadilho com Warsaw Pact, para “pacto de Guerra”


Publicado no The FrontPage Magazine.

Tradução: William Uchoa

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