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Artigos-->INSANIDADE, A PIOR DOENÇA -- 10/09/2013 - 14:18 (valentina fraga) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Meu coração já ficou preparado, quando vi de longe, que a mulher se aproximava, com tiques nervosos, pedindo de longe pra abrir a porta.

Logo levantei, e fui ter à porta na intenção de despacha-la. Procuro não ser hipócrita. Seria um transtorno se a deixasse entrar.

Estanquei diante da porta aberta, e solícita, perguntei em que poderia ajudar.

- Ela falou: - Você acha que eu estou suja? Pareço uma mendiga?

Meu marido acabou dizer que eu pareço uma mendiga, você acha?

- Bem, se tivesse achado isso, não falaria. Não teria motivos para tal. Mas ela não parecia mendiga. No máximo uma pessoa fora da realidade, camisa, calça, meias e chinelo nos pés, num dia de trinta graus de temperatura. Com certeza estranha para os padrões de normalidade.

- Disse ainda: Vou trocar as fechaduras de casa. Vou para Jurujuba ver meu neto. Estou com cem reais na carteira, mas queria trocar a chave. Você acha que devo trocar? (sempre parando e pensando um pouco entre uma frase e outra).

- Meu olhos se encheram de lágrimas.

Novamente ela perguntava se parecia mendiga pois o marido havia chamado assim.

- Disse a ela o seguinte: Como ele pode lhe chamar de mendiga com um cabelo tão lindo assim. A senhora é muito bonita.

Vi desabrochar em seu rosto um sorriso iluminado. Apesar da certeza que tive de seu visível desequilíbrio, senti que aquelas palavras soaram como um imenso carinho na alma, uma gentileza gratuita, que não me onerou em nada e que fez, com certeza, muito bem aquela mulher.

Isso aconteceu a pouco mais de vinte minutos, e já a vi passar mais de quatro vezes em frente ao meu trabalho.

Está perdida, sem caminho, dona de suas fantasias ou verdades que não posso mensurar.

Se há mesmo um marido cruel que a tenha chamado assim, não sei dizer.

Se existe um neto em Jurujuba, também não.

O fato é que o quadro é triste de se ver. É algo que faz brotar lágrimas dos olhos.

Fico imaginando o que nos faz ficar assim. Amar demais, amar de menos, ser amada de mais, ser amada de menos, plantar sonhos e colher a dura realidade, problemas meramente fisiológicos, mentais, enfim, a coisa é assim, desse jeito mesmo, e isso me deixa na maior tristeza, pelo fato de não ser capaz de fazer nada pra mudar o que se apresenta a minha volta. Pensamentos bons, entretanto, mãos atadas pra mudar qualquer direção.

Senti ao menos que meu carinho lhe fez bem. A ela e a mim também.

Meu desejo é que Deus possa guarda-la.



Valentina
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