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Cronicas-->Festa imodesta (http://pesp.hpg.com.br) -- 03/10/2002 - 23:14 (Penfield Espinosa) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Festa imodesta



P. Espinosa


Dom Domingos de Oliveira Menezes (D. O. M.) me convidou para uma festa do pessoal da Usina de Letras. Dom Domingos é muito simpático e foi síndico do Usina: todo mundo o conhece. A festa era promovida pelo Rodrigo Contrera: ele também é muito simpático e gente fina, mas é fã de um escritor franco-romeno, chamado Cioran, e isso o tornou um pouco mais lacônico e seco do que é típico para um brasileiro.


Como festa no Brasil sempre começa atrasada, cheguei atrasado na festa da Usina. Mais uma vez o pessoal da Usina me surpreendeu: a festa já estava iniciada e bem iniciada.


Tendo sido promovida pelo Contrera, que é da geração que ouvia Legião Urbana, Eduardo e Mônica soava quando entrei. Prefiro Paula e Bebeto (Milton Nascimento & Fernando Brandt), mas os versos que ouvi tinham a ver com a forma com que via a festa:


Que festa esquisita
Com gente estranha
Eu não tô legal


(Contrera, desculpe-me se estes não são exatamente os versos, mas como bom passadista, não consigo apreciar o Legião...)


Bem, uma rápida passada pela festa, que estava totalmente cheia, mostrou que havia um lugar onde as coisas aconteciam, e as pessoas se conheciam. Era chamado "Quadro de Avisos", mas os maledicentes o chamavam de "quadro de detritos"...


Fui para lá, enquanto bebia lentamente o inevitável chopp. De repente, vejo uma briga quase estourando. Por um gesto de puro bom mocismo, fui tentar constituir a turma do deixa disso. Notei uma coisa estranha em relação a outras situações desse tipo que vivi: ninguém se somou a mim; ao contrário de repente as duas partes em briga se uniram para vir para cima deste pobre escrevinhador.


Saí de perto deles. De repente, estourou a briga. Mas eles não pareciam se bater de fato e com vontade. Parou a briga de novo, com mais alguns insultos, depois mais briga.


Lembrei então de ter lido sobre uma dança que os adolescentes britânicos praticavam, que era simulação de uma briga. Era chamada "slam". Lembrei então que tinha lido sobre isso há muito tempo. Bem, talvez os adolescentes em briga não fossem tão novos assim...


De repente, vi, mais alto que a multidão, o Domingos. Nesta terra que não se preza, achamos que só estrangeiros podem ser altos. Dom Domingos é um senhor muito alto
e muito brasileiro. Fui na direção dele.


Quando cheguei mais perto, reparei que estava conversando com um rapaz vestido à moda parisiense antiga. É o Contrera, pensei eu.


Quando cheguei mais perto ainda, Domingos, simpático como sempre me saudou:


-- Espinosa! Você veio! Venha aqui conhecer nosso anfitrião, o Contrera.


Fui então formalmente apresentado aoi famoso Rodrigo Contrera. Notei que, diferente do resto da festa, ele estava bebendo vodca. Como seu ídolo, pensei eu.


Quase perguntei como ele conseguiu a vodca, mas meus tempos de apreciador de bebidas fortes já passaram.


Nós três conversamos um pouco, trocamos alguns gracejos sobre as eleições. Acabei notando que o Contrera não perdeu sua "hispanidad". Como um bom espanhol, seu sorriso não flexiona muito os músculos do canto da boca. Isso torna o sorriso espanhol um arreganhar de dentes. Amistoso e amigável -- não é uma careta, um esgar --, mas ainda assim é um arreganhar de dentes.


Pensei então cá com meus botões:


-- Que maldoso sou eu. Muito provavelmente a secura do Contrera tem a ver com sua origem hispânica. Aqueles suficientemente felizes para visitar a península ibérica dizem que, em seu "habitat", espanhóis e portugueses não são expansivos e brincalhões como aqui. Têm talvez algo de árabe em sua secura.


Acabei conhecendo outras pessoas nesta festa, mas isto fica para outro dia.


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