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Contos-->UMA MULHER. UMA ESFINGE? -- 12/01/2003 - 12:18 (Walter da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos



UMA MULHER. UMA ESFINGE?


Traz consigo sempre, ela própria. O ar distante, aristocrata, embora nem aceite, sabe-se. Conhecê-la, pessoalmente, à tarde, bateu-me uma certa ânsia. A pele branca, o cabelo castanho e o ar comedido. Comete um repertório de palavras de alta qualidade, além do que se encontra pela aí, errante. O branco vestuário, asséptico, conduz-me a alguma forma de falar, própria de quem atinge seu algo mais, sua inteireza derradeira de macho nordestino. De alguma distância acompanho o lento caminhar, talvez espontâneo, quiçá estudado, próprio de mulher de altura burguesa, ao menos em seu aspecto exterior.
Minhas noites insones me levaram a conhecê-la, sob os auspícios da cibernética, esta ciência que nos comanda à distância. Soube conduzir a conversa virtual, sem super-egos, tergiversações ou entusiasmo demais. Logo pressenti um tônus de mulher lida, bem-informada, gente de bom jaez. Não fora à toa que teria escolhido um nick exótico, inusitado. No início, cautelosos, eu e ela nos apresentamos as idiossincrasias, gostos pessoais, um pouco de cada um. Com o passar das horas sobre nossos egos, pontos comuns detectados, essa identificação de quem advoga estar vivendo seu tempo. Pareceu-me culta o suficiente para não azedar a conversa, com ingredientes estranhos, salamaleques ou falsas interpretações. O interlocutor, virtual e empaticamente, inicia a viagem, sobre uma imagem feminina, assim e assado.
Tal que me esvaziasse a coragem, uma certa “defesa” em sua postura corporal, palavras devidamente medidas com os olhos fixados num homem de idade madura, menino em seu entusiasmo. A visita a um vizinho de bairro, levara-me a enfrentar uma mulher-esfinge? Ou apenas a uma mulher que se posta ao modo antigo, quando ainda os laivos da ostentação comportamental apontam para lugar nenhum? Os desejos permanecem girando em torno de uma fêmea que transporta seu pelotão de defesa sob um indevassável fortim, intransponível. Nem se deva, no entanto, admitir que, tratando-se apenas do primeiro contato, ambos iriam ser efusivos, cordiais ao extremo ou se fingirem de amigos íntimos. Essa, digamos, “frieza” mais que milimetrada, não é nenhum empecilho para ela me passar a justa impressão de que é de família bem–nascida, educada e de fino trato. Conversávamos sobre trivialidades, dessas que se assentam quando os interlocutores se dão conta de que não são o bastante para um aprofundamento qualquer.



Esperei conhecê-la oportunamente. Houvesse mudado a hora e o dia, mudar-me-ia a mim mesmo. A hora inteira de conversa, durara feito um dia. Um dia estelar. Uns momentos imponderáveis, como se estivesse a bordo de uma lacuna em alto-mar, onde somente se pode ouvir o marulho de ondas mansas. O nome dela, pouco importa. O que importa mesmo é este alumbramento como se tivesse voltado à adolescência da minha alegria.


WALTER DA SILVA
Aldeia Camaragibe PE
Janeiro de 2003.
Inserido em “CONTOS D’ALDEIA”. ®










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