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Ensaios-->CRISE DE REALIDADE (Jô Tauil) -- 23/04/2014 - 14:46 (Filemon Francisco Martins) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

CRISE DE REALIDADE (ensaio literário)

Maria José Zanini Tauil

Cortei em pedacinhos a fantasia, (isso é coisa de poeta) mas não tive 
coragem de jogá-los fora. Um dia, acordamos e percebemos que aquela 
roupa, (fantasia) já não nos serve, como se, num curto espaço de descanso, 
a alma se dilatasse, sem caber no antigo espaço, onde tão bem se 
acomodava.Estou nas palavras, mas ainda prefiro as entrelinhas. O que sei 
dizer de mim é quase nada, perto do ser que em mim se oculta e que sangra 
para dentro, como hemorragia interna.

Sinto-me cansada de assumir o que não quero. Ir embora é um processo que 
acontece aos poucos; acho que já nasci partindo. Estou sofrida, por isso é 
natural que palavras nasçam, jamais agressivas...indignadas somente. 
Parece-me piegas descrever minhas angústias. Afetos desordenados são um 
retrocesso, pois o amor não é inteligente. Refletir é o mesmo que erguer 
casas, pois quanto mais conheço o vocabulário humano, percebo o quanto é 
difícil chegar ao íntimo do outro sem pesar, sem ser incômodo.

Sinto-me também inadequada. Escrever é uma ventura perigosa, pois o 
coração registra e se revela. Uma escrita nem sempre consegue alcançar, 
veda espaços para que o sentimento não fuja ou se perca no caminho.

Ah! Palavra! Segura o significado do vivido, desafia o tempo, engana a 
cronologia...mas a vida vivida, só encontra abrigo ali: na casa da palavra. 
Se mal edificada, o outro intui, pressupõe conforme sua conveniência. Ela, 
(a palavra) pode ser motivo de alargar distâncias, no mergulho do mistério 
dos significados. 

Só que a minha palavra é pedido de socorro, minha edificação literária é 
torta e nela descanso minhas inquietações, hospedo minhas tristezas. Essa 
edificação tem teto, que protege minha nudez e é onde escondo minhas 
indigências. Mostro mais naquilo que oculto do que naquilo que revelo, pois 
no avesso da minha negação, está a minha afirmação.

Não sou terapeuta e você não é paciente. Confidencio pressas e ansiedades, 
tempos idos de minhas procuras, quando o coração desejava, mas não 
saboreava desejos. Sofrer de juventude é destino e de senilidade também, se 
a alcançamos. Lamentar perdas faz parte da vida e a realidade pode ser 
cruel, pois o diamante brilha bem mais na vitrine.

Num mundo de especulações, não quero mais o cansaço do argumento, 
discussões improdutivas, buscar inutilmente o lustre que o ego carece, pois 
as intenções humanas nem sempre conseguem ser decifradas e isso não se 
aprende com escolaridade.

Sinto o vento da simplicidade soprar em mim e ele me pede calma, 
serenidade. Resolvi obedecer. Sonhos juvenis perdem o viço, o que causava 
gozo, deixa de causar. A viagem de retorno pode ser fascinante...e ao mesmo 
tempo, dolorosa. Felicidade não é lógica, quebrar regras, que nem sempre 
conhecemos, pode gerar a dor que só o amor pode causar e isso ainda me 
assombra, pois as teorias todas chegam às minhas páginas reais. Mergulho na 
questão e concluo que a desilusão amorosa só tem razão de existir onde 
houver uma história de amor.

Para mim, você foi a pessoa mais linda que no meu caminho cruzou. Parecia 
personagem de literatura universal: inteligência, sensibilidade, luz 
derramada nas minhas sombras; claridade que ainda me envolve e me arrebata.

Se nascemos um para o outro? Isso me parecia parte do nosso destino final, 
mas eis a realidade: a estrutura do edifício está ruindo; o amor 
fragmentou-se. Levarei, porém, até o último suspiro, essa minha 
indagação: seria necessário o amor machucar tanto?

20/04/14 Domingo de Páscoa Campos do Jordão SP MJZTauil

 
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