FELICIDADE III
Filemon F. Martins
Há uma serigüela no meu quintal,
e como eu me lembro!
Era apenas um pequeno caule
quando eu a trouxe da Bahia.
Hoje, ela cresceu, ficou frondosa,
carregadinha de frutos e garbosa
é por todos admirada.
Quantas vezes nas tardes de Domingo,
deitado numa rede,
como se faz no interior,
eu me sinto feliz
ao ver e ouvir os passarinhos
em algazarras, gorjeios e carinhos
numa felicidade sem fim.
E a minha alma se abre, fica leve
ao ver que o mundo pode ser feliz.
Basta, às vezes, tão pouco:
Um simples gesto,
uma palavra de amor,
um aperto de mão,
ou um sorriso acolhedor.
E fico a pensar que a Humanidade
poderia, no mundo, ser feliz,
se não fosse a ganância,
se não fosse a maldade,
se não fosse a mentira,
se não fosse a inveja,
como são felizes aqueles passarinhos
que fazem festa
naquela árvore do meu quintal.
|