"Uma dor que não passa, explode dentro do meu ser e, a cada instante, vejo o seu olhar no meu coração. É mais um grito de esperança que a gemer me toma todinha e se espalha por todo o meu corpo. Ah, se dentro desta imensa solidão eu pudesse gritar para que todos ouvissem a minha voz, que sopra para tudo quanto é canto, espantando homens, mulheres, crianças e velhos.
Ah! Que raiva tenho de tudo quanto me entristece, de tudo quanto me sufoca, que vontade tenho de berrar, de jogar para fora todas as minhas mágoas, todas as minhas raivas, todo o meu ser, explodir e sair gritando que nem uma sirene louca!
Ah! Oh! Vida consumida, de tantos cantos, de tantos desenganos, de tantas lutas e sofrimentos!
Quisera fazer com que todos me escutassem e entendessem todos os meus pensamentos, estes, que jamais puderam entender!
Oh! Quem me dera voar para bem alto daqui. Ver o mundo como eu gostaria que fosse, ver as crianças a gritarem "mamãe", ver as pessoas alegres umas com as outras, ver os casais de namorados se beijando, meus irmãos na paz de Deus, minha mãe chorando de alegria, ver o mar, o céu, as estrelas e todo mundo em paz consigo mesmo e com os outros.
Não posso falar tudo o que sinto, pois, se assim fosse, ninguém iria me compreender. Porisso me tranco, me esgano, me sufoco, estraça-lho o meu coração!
Quero sorrir, quero viver, quero amar todo mundo! Quero ver meus futuros filhos a gritarem: "Maezinha, me calça o sapato? Aí eu responderia com todo amor que tenho para dá-los: -"Sim, filhinho, mamãe vai calçar os seus sapatos! Para que assim ele pudesse sentir os pés no chão, na terra, seguro, para que ele jamais fugisse da realidade da vida, que é dura e cruel, para aqueles que não sabem viver!
"Viva, meu filho! Corra, chore, se esperneie, brigue, cante, sorria, meu filho, porque o mundo espera por você e sua mãe querida lhe quer como nunca ninguém o quis tanto!
- Mamãe?
- O quê, meu filho?
- Faz um carinho assim em mim, faz?
- Assim?
- Uhum, Uhum ...
Fada Fadul |
