Inspiras-me paciência. Dás-me ideia de acoite tranquílo na margem dum riacho sussurrante, cercado de verde sob sombras amenas. Gostava de passear contigo até à boca da falésia, lá adiante, onde se abre solene o abismo da meditação.
Crê, desde que te li, quando o suado enfarte do quotidiano mental me envolve as têmporas, procuro-te para banhar-me nas tuas palavras, sem me importar o que são ou que significam. Sinto-as suaves a acarinharem-me a pele dos pensamentos. A experiência que conformadamente respiram transporta-me para os teus passados prazeres e dores, mistura onde detecto o relevo como se lhe passasse olhos e dedos.
O meu anúncio?! Não... De facto não sou eu. Não tenho pendor para partilhar o íntimo à deriva. Preciso de porto seguro e sobretudo de ter a certeza que o outro corpo se sente livre comigo.A minha condição humana, em realidade, não admite brincadeiras com busílis tão sério. Todas as transgressões, nesta vertente, são de imediato entregues à lei da consciência, onde quero e me empenho por permanecer bem. Estou-te grato por entenderes quando produzo ou não ficção.
Peço-te que escrevas mais vezes aqui. Não te impeças ou que nada te impeça a magnífica expressão que dominas. Se ainda não és, luta quanto puderes para seres livre. Dói... Mas para além da dor encontrarás o conforto excelso de seres tu.
Cai a noite em Portugal
E adormecerei aconchegado a ti.