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Ensaios-->ILHA DESERTA -- 01/05/2013 - 11:07 (Adalberto Antonio de Lima) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

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Imagem:vidaemcristo.wordpress.com

Devagar, em silêncio, sentou-se no sofá, relaxou como se estivesse ali há muito tempo e fez uma varredura procurando por  algum tesouro escondido. Alguma coisa que não conhecia ainda. Não havia nada novo sob aquele teto sem laje. Nada novo sobre o velho piso de mosaico.  E deixou o projeto de literatura infantil para outra oportunidade, começou a escrever para adultos, de modo que crianças também pudessem ler, porque só criança pode ver um carneirinho desenhado dentro de uma caixa de papel fechada. Talita não esqueceu. Não esqueceu  o dia em que ouviu os chinelos do pai no corredor de acesso ao dormitório. A “Aquarela”  acompanhava como uma sombra os passos de Jeremias.Era o suor da alma de Toquinho sendo derramado no coração da menina.

 

  Numa folha qualquer. Eu desenho um sol amarelo. E com cinco ou seis retas. É fácil fazer um castelo...

 

— Este é o túnel do tempo, disse o pai dando-lhe uma folha de papel em branco. É só  imaginar e podes antecipar tua festa de debutantes, casar,  ter filhos,  netos e voltar a ser menina outra vez. Se quiseres, podes escrever mil verdades por trás de uma mentira e como Serna terás um livro com mais de cem asas para voar.

Talita  relutou.

Não arriscaria ainda apresentar os originais de seu livro a alguma editora. Tinha muitos escritos guardados, mas não lhe pareciam coisas de botar em livro. Eram sonhos, apenas sonhos nos quais se via vestida de longo, maquiada e penteada, valsando com o namorado na festa  de seus quinze anos. Era a mais bonita, a mais alta e mais esguia escultura  a desfilar entre outras debutantes. Em seguida, imaginava-se sozinha numa ilha,  encontrava um náufrago e logo pensava: Deve ser triste não ter o que fazer. Provavelmente, muitas vezes durante a sobrevivência em uma ilha deserta, o náufrago desejou ter morrido afogado a viver solitário... Mas a sensação de pisar terra firme é reconfortante e dá ao flagelado um sopro de vida a sua alma. Degredado na ilha do medo, o filho de Eva, gemendo e chorando, sente que a morte lentamente vai-lhe arrancando o alento de vida e o náufrago grita e seu grito não ultrapassa os vitrais azulados do céu. Sobreviver. Lutar para sobreviver. Afora isto, nada mais  se tem a fazer numa ilha, senão olhar o horizonte. Ter miragens como um beduíno no deserto. Vê nas espumas flutuantes a borda falsa ou o castelo de um navio fantasma, o monstro do lago Ness, ou um xaveco pirata. “E se não houver água potável?” Indaga a alma em seu desterro e  ela mesma responde: “Há sempre água potável em uma ilha.” E apagou a ideia de encontrar um náufrago. Preferia descobrir uma ilha em que ninguém jamais houvesse habitado, nem mesmo os fenícios. Assim, com caneta e papel, cruzaria os céus nas asas de uma aeronave. Novamente seu pensamento a interrompia. Tinha medo de avião. Viajaria, pois, de navio, deixando o cabelo esvoaçar ao vento da proa e os olhos se encantarem com o sol que se põe atrás das asas de uma gaivota. “E, se o navio naufragar?...” “Bem, se o navio naufragar, poderá então  descobrir uma ilha, uma ilha deserta e dar a ela o nome  Brasileia de Salomão. Gravar o próprio nome nas paredes de uma gruta e escrever sua história em livro de pedra”.

Teve medo. Sentiu-se prisioneira da Caverna de Platão.  Queria dizer para o mundo que a vida é uma sombra tremulante, uma figura tremifusa da realidade projetada na parede. Discordou da sombra. A vida, antes de tudo, é uma orquestra, uma obra admirável a nossos olhos...

 

NA.

Esta Obra está Registrada em nome do autor Adalberto Antônio de Lima sob o número 135897704703377000, o autor tem um Certificado Digital de Direito Autoral que atesta este registro.

Sete Faces Congeladas -- 2013-01-23 - 19:37:27 (Adalberto Antônio de Lima)

 

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