Romance " 12 Horas num mundo fantástico",
do escritor Francisco de Queiroz Pires:
Por:Maria do Socorro cardoso xavier
Primeiramente saúdo o digníssimo Presidente da Academia Paraibana de Letras, cidadão Joacil de Brito Pereira, o autor, hoje aqui enfocado, Francisco de Queiroz Pires, seus familiares; demais componentes da mesa, auditório, convidados!
De início relutei em aceitar fazer esta apresentação, pois que, escritora de província, me expor ante a elite intelectual paraibana.desta casa de cultura. Não obstante não me sentindo tão estranha assim, frequentadora intermitente, a lhanesa do presidente deste olimpo ao enviar-me convite para eventos nesta casa de cultura, a eficiência dos seus assessores, tornei-me admiradora e sorvedoura da lítero-culturalidade aqui desenvolvida. Fiquei mais encorajada. Muitas vezes os fins justificam os meios, Maquiavel à parte, em se tratando de uma obra singularmente curiosa, deste cavalheiro escritor, Francisco de Queiroz Pires,- não poderia me furtar de fazê-lo.
Conheci-o através do meu dileto sobrinho e afilhado,[são amigos] Carlos Augusto Xavier Clerot [aqui presente] Pequeno empresário, pequena fábrica-loja de confecções, "FLIP", aqui vizinho, desses heróis anónimos, que apesar de toda crise económico-social-financeira do país, sobrevive, ajuda a cidade, assegurando emprêgos de costureiras e vendedores. Corujamente falou ao escritor Francisco de Queiroz que tinha uma tia escritora e que faria este elo- a fim de que eu procedesse a leitura e apreciação do romance "12 horas num mundo fantástico", ora em relevo! Fí-lo com todo prazer, não sei se a contento; e ao ler as primeiras páginas, sentí que este romance foi escrito para ficar; esqueci até que era uma estréia, e, ávida de sua leitura, fui me apaixonando a cada capítulo! Que estória tão fantástica! Parecia que lia Júlio Verne! Não foi por acaso - o autor revelou-me ter lido suas obras estonteantes de aventura! Sempre fica no subconsciente dos leitores, influência que se absorve ao longo da existência! É a "intertextualidade dos textos", sob a ótica da teoria e crítica literária!
Vi que, envolto à quele jóvem cidadão, esposo e pai de família; calmo, modesto, sem ser simplório, Bacharel em Ciências Contábeis pela UFPB, mas apaixonado pela literatura e bons autores, Francisco de Queiroz Pires guardava dentro de si, revelado neste romance, um grande talento para a literatura, exemplarmente a ficção.
Ler o romance "12 horas num mundo fantástico" foi mergulho profundo num universo realmente fantástico, no qual se fundiu o maravilhoso, o horrendo, o humano. Aqui viu-se o "Homem sendo lobo do homem", segundo Thomas Hobbes; viu-se também o animal sendo mais amigo do homem, que o próprio homem. Daí a capa, calhou muito bem!
O inimaginável concretiza-se pela imaginação fertilíssima de um escritor, que não parece ser apenas um estreante no mundo da ficção. Tanta é sua energia voltada para obtenção de um bom resultado, pois detentor de um poder de narrativa que prende o leitor do início ao fim do enredo.
O cerne deste romance é o amor, a paixão, envoltos pela trama de uma aventura, esta, que faz os personagens entrarem em contacto com um mundo desconhecido, cheio de mistérios, de medos, de seres estranhos. Só onìricamente possível. Sub mundos do nosso porão inconsciente.
A força desconhecida que emerge do ser humano na hora do perigo iminente, faz aflorar com pujança energias envidadas pela sobrevivência, fazendo encontrar soluções racionais, espirituais e paranormais, nunca antes suscitadas. Situações assim, é que o homem é a própria fera e a "medida de todas as coisas".
Neste romance encontramos as várias reações humanas, até desumanas, em circunstàncias imprevistas. O autor dotado de imaginação muito fértil, coloca toda poderosa criação a serviço dos valores profundos cultivados pelo homem: o amor, a amizade, a afeição, a inteligência, a espiritualidade.
De estilo transparente, de boa degustação, não obstante, tratar-se de uma estória impressionante, incomum, de aventura, amor e mistério,[a vida é haurida de mistérios, assim como a morte insondável, explicável, mas nunca definitivamente aceita], vividos por um grupo de pessoas que passa a viver juntos, uma situação de perigo de vida, a partir do naufrágio de um cruzeiro.Unem-se para defender suas vidas, ante uma natureza amedrontadora e tribo hostil. Têm suas vidas atacadas simultàneamente por estes povos de cultura estranha e dois bandidos: um psicopata homicida cruel e um terrorista, passageiros do elo perdido, quebradas suas algemas, para também serem salvos, nos botes. Passam a se constituir num outro perigo, para os demais sobreviventes.
Lendo seu romance, tive a sensação de está assistindo um super filme, um Titanic com chances de sobrevivência,- com éolos transcendentais. Os que conseguem se salvar nos botes, o trágico sempre os ameaçando, com perdas humanas, no percurso, - teve para alguns, desfecho surpreendentemente satisfatório! O bem sobrepujando finalmente o mal.
Inconscientemente o autor deixa transparecer superstições, ideologias religiosas, anseios, medos, mecanismos de sobrevivência pelo apêgo à vida. Isenta-se entretanto de ideologia político-social. Mesmo assim vê-se nas entrelinhas, dentre o grupo, um jógo de poderes instituídos sob o perigo. Ali, os seres estavam sob a lei da selva, esquecidos dos confortos pequeno-burgueses.
Em síntese, o autor tem um excelente potencial para a ficção. Acaba de estrear a contento com este fantástico romance. Acredito, terá aceitação do público, que lhe estimulará, e, mediante seu fecundo manancial criativo e cultural, nascerão outros trabalhos, sucessivamente. Não é apenas, mais um romance, lugar comum, entre muitos. -É algo mais!
Diz-se que o escritor já nasce feito! Não é tanto assim, na minha concepção. Faz-se mister gostar de escrever e ler, possuir um certo nível cultural, ter estímulos externos, motivações interiores. Humildade e ousadia... Sobretudo um sonho! Estes elementos se somaram ao escritor Francisco de Queiroz Pires!
Leitores, não se espantem com a capa do livro,causa um certo impacto - trazendo este animal peludo, quiçá ancestral humano, de olhos avermelhados - a feiura, que agride o estético, nem sempre é prenunciadora do mal. As aparências enganam. A essência se esconde sob o fenomênico! Por trás desta aparência horrenda, Thugar, assim denominado, aqui no romance, ajudou e orientou os remanescentes do "Elo Perdido", a encontrarem seus caminhos e se salvarem na selva bravia, que só os seres ligados a terra e as árvores, inerentes a ela, conhecem seus mistérios insondáveis! Vale a pena a aquisição e leitura deste livro!
Maria do Socorro Xavier
escritora/poeta