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Artigos-->Guia literário para entender reality show -- 19/03/2002 - 21:08 (Marcelo Rodrigues de Lima) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Guia literário para entender reality show

Marcelo Rodrigues de Lima



Se perguntássemos para José Saramago, sua opinião sobre os atuais reality shows, ele certamente diria que estamos vivendo em cavernas. E se fosse feita para Franz Kafka, diria que somos grandes baratas cascudas.



Até aí, nenhuma novidade, já que até mesmo nós, que assistimos BBB e Casa dos Artistas admitimos o quão infrutíferos são.



Diretores, produtores, maquiadores, psicólogos. Tantos profissionais juntos para produzirem nada. Mas se procuramos respostas de o por que de nossa estranha vontade de apreciar o nada, não é recomendável a leitura dos dois autores acima. Se fizermos isso, possivelmente jogaremos a tv fora. Sem extremismos. Quem sabe em um futuro não tão próximo, acharemos a vantagem do reality show.



Mas enquanto esses benefícios não vêem, duas leituras se fazem importantíssimas, ao mesmos para os que buscam respostas para explicar os quase 80% (juntos) de audiência que alavancam quase todos os dias.



A primeiro é Ao vivo do calvário, de Gore Vidal. O livro fala da corrida contra o tempo de uma emissora de tv que quer filmar Jesus Cristo sendo crucificado. Para isso contratam São Timóteo, que é incumbido de escrever um novo evangelho para ser encontrado no futuro.



A primeira vista, o livro parece tratar apenas de religião, já que o contratado conta histórias insólitas sobre Cristo. Mas avaliando-o de maneira mais cuidadosa, descobre-se que isso é apenas um pano de fundo para discutir o poder da imagem e o que pode acontecer se tudo se torna uma corrida pela audiência.



Não por menos, o evangelho segundo Timóteo fica mais ou menos assim, devido à visita dos homens da tv: "O princípio do evangelho de Jesus Cristo, filho da Deusa Amaterasu (...) Eu sou Timóteo, filho de Eunice, a judia, e Jorge, o grego. Nasci em Listra, na Ásia Menos, uma província do império do Japão (...)”.



O segundo livro é O pássaro raro, de Jostein Gaarder, mais especificamente o primeiro conto O scanner do tempo. Aqui, em um futuro distante, cientistas descobrem como voltar no tempo. Isso, através da tv. As pessoas podiam sintonizar um determinado período do tempo, personagem, acontecimento e assistir ao vivo. Mas isso se torna um problema, já que podiam agora, também, visitar a vida de seus visinhos, há instantes atrás, ou fazer qualquer outro tipo de invasão de privacidade.



Por isso o personagem afirma: “Estar em toda a parte leva à solidão (...) O outro não existe, não existe uma incerteza lúdica (...)”.



Ambos os autores dizem, à sua maneira, que tudo tem um limite. Que quando esse limite é transposto, muitas coisas perdem o sentido ou ganham outro completamente diferente.



Mas se você quer arriscar jogar a tv pela janela, então leia os autores do primeiro parágrafo.Sugestão: A caverna, do Saramago e A metamorfose, de Kafka.



Saramago conta à história de um oleiro que luta para adaptar-se à sociedade moderna, a mesma que lhe tirou o emprego. Fica surpreendido, quando um dia encontram vários esqueletos em uma espécie de caverna e ao invés das pessoas tentarem entender o que isso representa, comercializam a descoberta arqueológica. O autor mostra claramente isso quando escreve: “Brevemente, abertura ao público da caverna de Platão. Atração exclusiva, única no mundo. Compre já sua entrada”.



Kafka, mais conhecido com a sua Metamorfose, conta a vida de um homem que se transforma em barata. Uma maneira bem original para mostrar uma pessoa que vive em constante pressão social. E por que não dizer, a sua própria.



Eles não tratam diretamente da questão mídia, mas dão uma ótima localização sobre o que é a sociedade. Nada mais justo. Estamos tentando entender o que representa um reality show, por que não tentar entender de onde e para quem foi criado, isto é, a sociedade que somos.



Saramago, Vidal, Gaarder e Kafka são ótimas recomendações para quem gosta de ficar com dor de cabeça. Mas ao menos é de pensar.































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