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Ensaios-->RORAIMA: saiba por que foram criadas reservas indígenas -- 09/08/2012 - 14:27 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O misterioso, rico e estratégico corredor que passa por Roraima

20 de setembro de 2008

http://brasilacimadetudo.lpchat.com/index.php?option=com_content&task=view&id=5272&Itemid=223

 

Por Rebecca Santoro (*)

O jornal inglês The Economist, em 01/10/2007, publicou nota sobre uma decisão da ONU, de 20 de setembro daquele ano, que determinara como pertencente à Guiana uma área marinha que estava em disputa com o Suriname. O jornal dizia que "o Serviço Geológico dos EUA (USGS) acredita que as águas turvas da Bacia Guiana-Suriname podem conter mais petróleo não descoberto do que as reservas comprovadas no Mar do Norte (...)".

Pois é, a Guiana tem petróleo. Ela tem petróleo não só no mar, mas também no interior. Nos dias de hoje, por exemplo, a empresa de exploração de petróleo Groundstar aposta nesta potencialidade da Guiana e fechou um pacote de contratos, dentro dos quais estabeleceu 3 pontos para as primeiras perfurações: nas regiões dos rios Karanambo, Rewa e Pirara. (consultem:http://www.searchanddiscovery.net/documents/2004/webster02/images/poster03.pdf ou http://www.frasermackenzie.com/presentations/Groundstar%20at%20FM%20Conference.pdf). Toda esta predisposição petrolífera na vizinha Guiana concentra-se num tipo de terreno geológico-ambiental classificado como bacia sedimentar.
baciasedimentar

O que é uma bacia sedimentar? É uma depressão topográfica de grande extensão, como o Vale do Rio Taubaté, por exemplo, na qual, ao logo dos tempos vão sendo depositados fragmentos de erosão das áreas elevadas que a margeiam e transportados para a bacia por rios, geleiras ou ventos, juntamente com restos de animais ou de plantas, como pedaços de conchas, de folhas, de ossos etc. Os sedimentos vão sendo depositados lentamente, os mais novos cobrindo os mais antigos, enchendo a bacia. O resultado é uma pilha de rochas de diferentes idades, que podem revelar a história da região durante a sedimentação. Entre outros, essas bacias contém recursos de água subterrânea, de rochas como calcário e carvão mineral, acumulações de minerais resistentes como ouro, cassiterita, diamante e ilmenita e, se as condições forem adequadas, petróleo e gás. No mapa ao lado estão mostradas as maiores bacias sedimentares do Brasil. No total atingem 6.430.000 km2 (64% do território nacional), dos quais 4.880.000 km2 em terra e 1.550.000 km2 na plataforma continental.

O petróleo dessas bacias é originário de decomposição de matéria orgânica acumulada com os sedimentos. Para que existam depósitos econômicos de petróleo e gás é necessário que essas bacias tenham rochas geradoras, rochas acumuladoras e estruturas que favoreçam a acumulação do petróleo e do gás. Rochas geradoras são aquelas que que contém material orgânico em quantidade suficiente para gerar volume significativo de petróleo ou gás. Rochas acumuladoras são rochas porosas e permeáveis, que constituem reservatórios para gás e petróleo. O petróleo e gás produzido nas rochas geradoras é mais leve que a água dos sedimentos e migra para cima, através da coluna de sedimentos. O fluxo ascendente é interrompido onde encontra uma camada impermeável à sua ascenção, como uma camada de argila. Se a rocha sob essa argila for acumuladora, isto é, tiver grande volume de espaços vazios, o petróleo e o gás podem acumular aí até atingir grandes volumes. Essa acumulação é ainda maior onde houver falhamentos e dobramentos das rochas, formando "traps", ou armadilhas, de onde o petróleo e o gás não podem mais sair.

Voltando à Guiana, a exploração do petróleo/gás naquele país acontece na bacia sedimentar do Tacutu, que tem cerca de 30.000 km². Parte dessa bacia, cerca de 12.000 km², está no Brasil, dentro do estado de Roraima. A Bacia de Tacutu originou-se do mesmo movimento tectônico (separação dos continentes) que produziu as bacias cretácicas produtoras de petróleo da costa do Brasil, como a a do Recôncavo, na Bahia, e a Potiguar, no Espirito Santo. A Bacia do Recôncavo  tem um terço do tamanho da bacia do Tacutu, produz há mais de 50 anos e, mesmo assim, ainda hoje se descobrem novos campos produtores de óleo.

Entretanto, o que já se fez na bacia do Tacutu, aqui no Brasil, até hoje? Muito pouco. Na década de 80, a Petrobrás realizou levantamentos sísmicos de reconhecimento, mas com tecnologia de baixa capacidade e que hoje já está ultrapassada. Foram perfurados apenas dois poços na área, os quais comprovaram a existência de camadas geradoras e de rochas acumuladoras, mas que não mostraram (nos locais furados) indícios de óleo/gás. Acontece que, ainda hoje, apesar do enorme progresso obtido nos variados métodos de pesquisa, mais de 80% dos poços pioneiros (os primeiros a serem perfurados em uma bacia sedimentar) não resultam, nem aqui no Brasil e nem no mundo, em descobertas aproveitáveis, oferecendo, porém, valiosas informações quanto às possibilidades petrolíferas da área, permitindo refinar a pesquisa e redirecionar os próximos furos, os quais passam a ter melhores condições de acerto. Na bacia de Campos (Rio de Janeiro), por exemplo, os 10 primeiros poços foram negativos, mas forneceram valiosas informações para localizar o primeiro poço positivo, furado em 1974.

O mapa ao lado, copiado do site da Groundstar, mostra a posição da Bacia do Tacutu na região de fronteira entre o Brasil e a Guiana. Mostra também a localização dos principais alvos de pesquisa da companhia. Na Guiana já houve produção de petróleo. Segundo artigos dos geólogos Jaime Fernandes Eiras e Joaquim Ribeiro Wanderley Filho, que já trabalharam para a Petrobrás, "houve produção inicial (1982) de 409 barris de óleo/dia, em basalto atravessado no fundo do poço Karanambo 1. Após a completação, o poço passou a depletar, chegando a produzir por pistoneio, água salgada e apenas 60 barris de óleo/dia. Como o poço foi perfurado sobre um amplo arco regional, acredita-se que situações geológicas mais favoráveis poderiam ser encontradas em zonas mais tectonizadas". De acordo com estes mesmos geólogos, o tipo de acumulação da Bacia do Tacutu é similar ao da Bacia do Solimões e, por isto, tem grandes chances de também conter petróleo, já que na do Solimões "a Petrobrás produz diariamente cerca de 57 mil barris de óleo e 6 milhões de metros cúbicos de gás".

Essa questão da necessidade de se voltar a pesquisar petróleo/gás na bacia do Tacutu é tão séria que foi, inclusive, tema de tese de dourado no Instituto de Geociências da UFRJ: "Análise Tectono-estratigrágica da Bacia do Tacutu em Território Brasileiro", do geólogo Renato Lopes Silveira. De acordo com seus estudos, Silveira conclui que o "potencial petrolífero da Bacia do Tacutu não foi adequadamente avaliado e que a aquisição de novos dados geofísicos e a aplicação de parâmetros de aquisição e de processamento mais adequados propiciariam avaliar convenientemente a referida bacia". Para o geólogo "a ausência de reservatórios convencionais arenosos na bacia do Tacutu, propícios à acumulação de hidrocarbonetos, não seria compatível com a maioria das bacias do tipo rifte que ocorrem no mundo".

Já em 2001, a Agência Nacional de Petróleo (ANP) publicava um mapa com as reservas brasileiras de hidrocarbonetos no qual marcava a bacia do Tacutu entre essas reservas (figura ao lado). Ou seja, o fato de haver reservas de petróleo e de gás na região não é desconhecido por autoridades ligadas à área petrolífera e nem por parte do governo, que, em novembro de 2006, por meio do Ministério da Ciência e Tecnologia, empregou recursos da ordem de R$ 1,5 milhão, através de emenda parlamentar, na Universidade Federal de Roraima, para a implementação do Núcleo de Pesquisas Energéticas (Nupenerg) com propostas de pesquisar petróleo na bacia do Tacutu, e na Bacia Sedimentar do Amazonas, na região sul de Roraima.

Grande parte da porção brasileira da Bacia do Tacutu está dentro da área da reserva indígena Raposa Serra do Sol. Ou seja, como se não bastasse haver nióbio, tântalo, ouro e diamantes, na Raposa Serra do Sol também tem petróleo e/ou gás.

cue-cue

Além disso, há outra coisa muito importante que precisa ser observada. Esta semana, o escritor Félix Maier publicou um artigo sobre uma nova demarcação de reserva indígena pretendida pela FUNAI e pelo Instituto Sócio Ambiental (ISA): a dos Cué-Cué Marabitanas, no Amazonas. A descrição geográfica da posição desta Terra Indígena (TI) feita por Maier impressiona:

"Na extremidade sul da TI Cué-Cué Marabitanas fica a cidade de São Gabriel da Cachoeira... Entre a TI Balaio, a leste (que, por sua vez, já faz fronteira com a TI Ianomâmi); a TI Alto Rio Negro, a oeste; a TI Médio Rio Negro I, ao sul; e a Venezuela, ao norte. Abaixo da TI Alto Rio Negro, existe ainda a TI Rio Apapóris (próximo à Vila Bittencourt). E a leste da TI Médio Rio Negro existem as TI Médio Rio Negro II e TI Rio Tea. Abaixo da TI Médio Rio Negro I - depois de uma faixa de terra ainda não pleiteada pela Funai para os indígenas - existe a TI Uneiuxi. Todas estas TI ficam no Amazonas. Com as demarcações de Balaio e Cué-Cué Marabitanas, o município de São Gabriel da Cachoeira terá 90% de suas terras destinadas aos índios!" Observem o mapa acima (clique para ampliar).

A criação da Reserva Indígena Balaio foi feita depois que o Serviço Geológico do Brasil (CPRM), órgão do Ministério de Minas e Energia, identificou Seis Lagos, um imenso depósito de nióbio logo a norte de São Gabriel da Cachoeira. Esse depósito pode ser até maior que o maior depósito de nióbio hoje conhecido no mundo, que é o de Araxá, em Minas Gerais, que produz 95% do nióbio consumido no mundo. Aliás, antes mesmo de criar a reserva indígena foi criado um parque nacional sobre o depósito, para impedir seu estudo. A quem interessa isso?

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Mas, as ambições não param por aí. A pretensão da FUNAI e do ISA é juntar todas estas terras indígenas numa única, que receberia o nome de TI Balaio (veja mapa ao lado), na qual São Gabriel da Cachoeira estaria COMPLETAMENTE inserida. Acompanhando todas as demarcações de TI(s) e de reservas ambientais na região da Amazônia Legal e até nas suas redondezas, pode-se observar a formação de um corredor de riquezas com importância estratégico-geográfica impressionante. Uniria o Oceano Atlântico ao Pacífico, partindo da Guiana e passando pelo Brasil e Colômbia.

Olhando o mundo a partir da suposição de uma Terceira Guerra Mundial, quem tiver o domínio sobre esta região do & 39;corredor& 39; estará muito bem arranjado. Sobre isso, leiam "Coloquem os óculos, senhoras e senhores: enxerguem!". O importante é começar a pensar sobre quais seriam as razões por trás da construção deste corredor...

VISITE: Imortais Guerreiros - http://www.freewebs.com/imortaisguerreiros/
A VOZ DOS GUERREIROS - http://imortaisguerreirosnossavoz.blogspot.com/
(Cópia em: http://www.freewebs.com/imortaisguerreiros/reproduoavozdosguerrei.htm)
CRISE AÉREA: http://www.freewebs.com/imortaisguerreiros/crisearea.htm e http://acidentetam2007.blogspot.com/
MEMÓRIA INFOMIX: http://acidentetam2007.blogspot.com/ (Deixe seu recado)
MEMÓRIA MÍDIA SEM MÁSCARA: http://www.freewebs.com/imortaisguerreiros/mdiasemmscara.htm

 

 

Deputado quer rever demarcação da terra indígena Raposa Serra do Sol

Os povos indígenas do Brasil comemoram, nesta quinta-feira (19), o Dia do Índio. Em Roraima, os índios também comemoraram, no último mês, o aniversário de três anos da demarcação da terra indígena Raposa Serra do Sol. Mas ainda hoje a demarcação levanta polêmica, e um deputado vai tentar rever a demarcação da reserva indígena


A Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em foto tirada nas vésperas da decisão do Supremo, em 2009. Valter Campanato/ABr

Já tem até material de campanha: dois DVDs repletos de vídeos, a maioria de reportagens de telejornais, mostrando o antes, durante e depois do conflito envolvendo índios e produtores na terra indígena Raposa Serra do Sol, sob o título “Revisão Já”. Os vídeos estão editados para mostrar o lado dos arrozeiros, com reportagens sobre o caos social na época do conflito e cenas de pobreza pós demarcação. Também pudera: o material foi produzido pelo grupo ligado ao deputado federal Paulo Cezar Quartiero, e tem como objetivo tentar reverter a decisão do Supremo Tribunal Federal, que em 2009 decidiu pela homologação da terra e retirada dos não-índios do local.

A área que o deputado quer rever é uma junção de duas terras indígenas: Raposa, uma área formada por um tipo de vegetação chamada pela população local de “lavrado”, que corresponde a savanas, com poucas árvores e vegetação rasteira, e Serra do Sol, área mais montanhosa que tem seu ponto mais alto no Monte Roraima. Raposa Serra do Sol foi homologada em terras contínuas, com uma área de 1,7 milhão de hectare abrangendo cinco povos indígenas e uma população de cerca de 19 mil índios.

Raposa Serra do Sol foi o primeiro grande caso de disputa de terras por indígenas a ser resolvida no século XXI, opondo índios que queriam gerir as terras aos fazendeiros, que produziam principalmente arroz. Após episódios de violência, três grande operações da Polícia Federal e muitas idas e vindas da Justiça, o Supremo decidiu que a terra seria homologada em terras contínuas e que os não-índios seriam obrigados a sair da área. Além disso, o STF também definiu 19 condicionantes para homologações de terras indígenas, que podem impactar futuras demarcações em áreas de conflito.

É esse quadro que Quartieiro quer rever. Líder dos arrozeiros e ex-prefeito de Pacaraima, cidade que fica dentro da reserva, Quartieiro chegou a ser preso pela PF durante os momentos de maior tensão no conflito. Mesmo sem conseguir evitar a demarcação, sua liderança lhe rendeu votos o suficiente para ser eleito deputado federal, e usa a causa como carro-chefe de sua atuação no Congresso. Até o momento, o deputado não apresentou nenhuma proposta ou explica como conseguiria reverter uma decisão do Supremo, mas é atuante na questão, participando das discussões do e projetos de lei que podem liberar a mineração em terras indígenas e, em seus 11 discursos proferidos no plenário da Câmara, oito tratavam de terras indígenas, desde o anúncio de uma campanha para rever a demarcação até uma análise dos “efeitos nefastos do preservacionismo” em Roraima.

“O que estamos vendo são as consequências da política do governo federal [de demarcar terras indígenas]“, disse Quartiero, em conversa com a reportagem de ÉPOCA no final do ano passado. “O estado está inviabilizado. As pessoas receberam uma mixaria de indenização que não deu para retomar a vida. Alguns estão vendendo churrasaquinho em Boa Vista, e tem índios disputando a sobrevivência com os urubus”, diz. Para o deputado, a situação piorou muito tanto para os que ficaram em Raposa quanto para os que saíram. Ele elenca problemas que vão desde um colapso da economia local – no que os índios discordam -, fome e surtos de doenças entre os macuxis, até uma situação de “abandono da fronteira” – mesmo que a decisão do Supremo tenha liberado o acesso de militares à terra indígena. “O Supremo cometeu o maior erro de sua história”, disse.

O líder indígena Mário Nicácio não concorda. Pelo contrário, ele diz que Raposa Serra do Sol está muito melhor depois da demarcação. Nicácio é um índio Wapichana, e hoje preside o Conselho Indigenista de Roraima (CIR), uma organização criada pelas populações da Estado para lutar pelos seus direitos. “Acho que em geral, a vida aqui está melhor do que antes. Antes, parecia que tudo tinha dono. Hoje não. Hoje as terras são da comunidade”, diz.

A reportagem de ÉPOCA conversou com o líder por telefone, com certa dificuldade para conseguir sinal, já que Nicácio falava do interior da terra indígena. Mas pelo telefone, era possível perceber o orgulho da liderança pelo trabalho que está sendo feito pelos índios no local. “Temos uma produção enorme, nossa economia cresceu muito. Fizemos uma parceria com a Conab para vender a produção, que redistribui para as outras terras indígenas”, diz. A principal atividade econômica dos índios é a pecuária, nas planícies, criando gado para carne e leite, e a plantação de mandioca e milho.

Nicácio acredita que a perspectiva para o futuro da população local é boa, mas não ignora que a comunidade sofre com diversos problemas. Um deles é a falta de infraestrutura, com dificuldade de acesso às regiões mais remotas. O líder do CIR também reclama da proximidade de áreas urbanas e cidades dos “não-índios”, que segundo ele é foco de diversos problemas. “Temos problemas. Pela proximidade do município, muitos entram em contato com bebida”, diz – o alcoolismo é um problema existente em muitas aldeias indígenas no país.

O conflito

A história de Raposa Serra do Sol não é recente. As populações indígenas do local – os povos ingaricós, macuxis, patamonas, taurepangues e wapixanas – reivindicam a terra desde o início do século XX. “A reivindicação dos povos indígenas é antiga, da época do marechal Rondon. Desde então, Raposa Serra do Sol passou por invasões, com fazendeiros tentando retroceder nas conquistas dos povos indígenas”, diz Nicácio.

A primeira tentativa de colocar esse território nas mãos dos índios foi em 1917, quando o governo do Amazonas (na época, a região pertencia a esse Estado) aprovou uma lei destinando terras da região aos Macuxi. Novas tentativas de demarcar o território vão acontecer nas décadas de 1970 e 1980, todas sem efeito. Em 1988, o Brasil promulga a sua nova Constituição, com uma das legislações mais avançadas referentes ao direito indígena do mundo. A Constituição determinava que, em cinco anos, todas as terras indígenas do Brasil seriam demarcadas e homologadas, mas isso não aconteceu, e ainda hoje existem indígenas vivendo fora de suas terras. O governo só vai demarcar de fato a terra na região em 1997, praticamente oitenta anos depois da primeira tentativa. No entanto, quando isso acontece, a situação era diferente de 1917 – o processo de ocupação da Amazônia, inicado no governo militar, já havia chegado a Roraima, cidades e vilarejos foram erguidas, e grandes porções de terras foram ocupadas pelos arrozais. Os rizicultores, conhecidos popularmente como arrozeiros, não tinham a intenção de deixar essas terras por bem.

O governo de Roraima reagiu, e entrou na Justiça contra a demarcação. “O governo do Estado era contra os indígenas. Quando não conseguiram impedir a demarcação, tentaram retalhar nossa terra, dividindo em ilhas”, diz Mário Nicácio. A “homologação em ilhas” era uma das propostas na mesa, criando ilhas de terras para os índios cercadas pelos arrozais. Os povos indígenas questionavam essa estratégia, porque ela inviabilizaria a produção econômica nas aldeias.

A tensão entre os fazendeiros e indígenas aumentou durante as operações da Polícia Federal. Foram três operações da PF, chamadas de Upatakon. Na primeira, em 2005, os policiais tentaram assegurar a homologação da terra. Na segunda, em 2006, a PF entrou em Raposa para fazer um inventário dos bens dos fazendeiros. Na terceira, em 2008, quando a PF tentava retirar novamente os não-índios da reserva, a tensão chegou ao ápice: os fazendeiros reagiram, bloqueando pontes e fazendo barricadas. Os índios se pintaram para guerra, e a Força Nacional teve de intervir. No dia 31 de março, Quartiero chegou a ficar algumas horas preso, acusado de desacato.

Para o deputado, a imagem que o país recebeu dos acontecimentos em Raposa não condiz com a realidade. “O que realmente aconteceu foi muito diferente do que a mídia falou”, diz. O deputado acredita que os veículos de informação criaram uma história de herói e vilão, em que os produtores de arroz eram os vilões. “A mídia fez o jogo do latifundiário rico contra o índio pobre, mas não foi isso o que aconteceu. Todo o Estado se levantou, com apoio do governo estadual, da população, até do Exército”, disse.

A participação das Forças Armadas é um ponto polêmico na história. Os militares não podiam tomar partido no conflito – e não tomaram. Mas, segundo Quartiero, eles tendiam a apoiar os fazendeiros. “Os militares eram contra [a homologação em terras contínuas]. Eles nos apoiavam, mas não com ações. Eles não queriam se transformar em capitães do mato para tirar brasileiros de lá”, diz. O governo do Estado de Roraima também apoiava os arrozeiros, e a oposição ficava por conta dos federais. Segundo Quartiero, nos momentos de maior tensão, quando os fazendeiros bloquearam uma ponte de acesso, muitos estavam armados e dispostos a lutar. Eles sabiam que não teriam chances de enfrentar os federais, mas estavam dispostos a ferir os policiais caso fosse necessário. A situação não chegou a tanto, e uma liminar da Justiça conseguiu o que os arrozeiros mais queriam naquele momento: levar a decisão ao Supremo.

Contrariando as expectativas de Quartiero, o Supremo manteve a homologação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol em 2009, por dez votos a um. O entendimento majoritário foi dado pelo voto do ministro Carlos Alberto Menezes Direito. O ministro não se limitou a analisar apenas o caso de Raposa, mas instituiu 19 condicionantes que normatizam as demarcações de terras indígenas que fossem feitas após Raposa Serra Sol. Assim, o julgamento foi importante não só por definir o futuro de cinco povos indígenas de Roraima, mas vai repercutir em todos os casos de terras indígenas que ainda não foram resolvidas. Os casos mais problemáticos ja foram relatos em reportagens de ÉPOCA, como a situação dos guaranis do Mato Grosso do Sul, e os do Pataxó do sul da Bahia.

Foto: O deputado Paulo Cesar Quartiero, durante o julgamento da legalidade da demarcação contínua da Terra Indígena Raposa Serra do Sol. José Cruz/ABr

(Bruno Calixto)

 

Leia, de minha autoria, Cué-Cué Marabitanas: O arco indigenista se fecha sobre a Amazônia (F. Maier).

 

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