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Artigos-->O respeitável público brasileiro -- 18/03/2002 - 23:10 (José Pedro Antunes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Em artigo recente, eu comentava sobre a falência das experiências coletivas. O ator Renato Borghi usa o termo "desmobilização". Não só o teatro ou o cinema vivem essa crise, mas todos os espaços públicos, a vida nacional como um todo se ressente do esvaziamento do debate e da quase inexistência de uma opinião pública.



Nesse e em vários outros sentidos, a MOSTRA DE DRAMATURGIA CONTEMPORÂNEA promovida pelo TEATRO POPULAR DO SESI é um acontecimento extraordinário. Num momento de desmobilização, de amordaçamento da expressão nacional, um grupo de atores coloca no palco "um painel conciso da produção atual e favorecer a discussão sobre os rumos da moderna dramaturgia brasileira".



Em vez de patinar em clichês, que mais impedem do que estimulam o debate (lamentos pela falta de recursos ou divagações sobre o fim do teatro ou sua inutilidade), Renato Borghi, Élcio Nogueira, Luah Guimarães e Débora Duboc põem a mão na massa e tentam redescobrir o que mantém vivo o teatro brasileiro.



Quinze autores, surgidos nos anos 90, escreveram quinze textos, dirigidos por quinze diretores representativos. De 04 a 10/03, Araraquara foi palco dessa experiência inusitada (8 peças em 4 noites).



Um dos objetivos era atrair pessoas e grupos de teatro da cidade, saber dos seus projetos e discutir os rumos da nossa dramaturgia. E isso aconteceu e não aconteceu. Numa cultura de eventos, corremos sérios riscos, como o de não saber discernir entre as tantas ofertas culturais, o de não termos mais disponibilidade nem para os próprios eventos que produzimos, com danos severos para a nossa identidade.



Muito do sucesso da mostra na cidade se deve ao fato de ela ter sido adotada pelo TEATRO POPULAR DO SESI, com tradição na promoção das artes cênicas. Em termos locais, ouso afirmar que a sala de espetáculos do SESI vem sendo o nosso espaço cultural por excelência. Ali algo se move e aponta para o futuro.



O Núcleo de Artes Cênicas de Araraquara, com o Álvaro Filho à frente, além do trabalho de formação teatral e das montagens, vem criando um público de gente que faz e assiste teatro. No encerramento do projeto, Renato Borghi se dizia satisfeito: uma platéia como não se encontra hoje tão facilmente, mesmo nos grandes centros, e com tamanha generosidade e disposição para a troca de idéias.



Foi, de fato, um público à altura da entrega incondicional desses atores, autores e diretores, empenhados em divisar, num momento nebuloso para a aventura humana, alguma sinalização, mínima que seja.



Depois de relatar 43 anos de sua carreira na noite de abertura, quatro décadas de teatro brasileiro, foi emocionante ver o grande Renato Borghi exposto, nas noites seguintes, aos desafios de um recomeço, de uma busca inédita. Habituados que estamos a um teatro de produções únicas e esporádicas, a busca de um repertório, de um teatro de repertório, é um acontecimento relevante.



A presença de Fernando Bonassi à apresentação do seu monólogo "3 cigarros e a última lasanha" deu ao público uma rara oportunidade: conhecer um autor e conversar com ele. Para o autor, certamente uma oportunidade também inestimável.



O espaço é exíguo para o relato das muitas emoções de um acontecimento teatral como a cidade há muito já não via e o país não presenciava. Não sei o que a crítica e o meio teatral vão dizer quando o projeto desembarcar em São Paulo, mas o público de Araraquara aprovou, agradece e torce para que as outras sete peças da mostra cheguem à cidade.





[texto publicado em 13/03/2002 na coluna OXOUZINE, que publico às quartas-feiras no jornal Tribuna Impressa de Araraquara]
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