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Cartas-->13. AO MÉDICO QUE ME OPEROU -- 29/04/2001 - 07:35 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Prezado Dr. Décio:

Respeitosamente, coloco-me diante do Senhor para algumas considerações éticas bastante elementares, mas que contêm alguns aspectos relativos ao plano da espiritualidade que não constam dos compêndios científicos terrenos.

Sei que a sua mente está povoada de recordações dramáticas, porque a função cirúrgica dentro da Medicina jamais deixa de estar acompanhada de decisões de emergência, haja vista os inúmeros fatores de risco não previsíveis, muito embora o universo das possibilidades esteja a coberto pela experiência e pela constante atualização dos conhecimentos que o doutor vem providenciando pela vida afora.

Mas eu fiquei na mesa de operação e não foi por imperícia, desleixo ou nenhuma prática menos digna de nenhum dos elementos reunidos em torno de mim.

Não foi também uma fatalidade, como comumente se diz quando se suspeita de que o momento da morte estava determinado pelo destino, escrito nas estrelas...

Posso afiançar-lhe (peço-lhe que me desculpe por isso) que a minha partida me deixou muito confuso, a ponto de rondar a sala cirúrgica durante mais de dois meses, à procura da causa que me envolveu no processo de desprendimento do corpo material. Fiquei por ali absorto, a observar os procedimentos de rotina e os atendimentos de urgência, a ver se caracterizava o momento exato em que, por incúria dos profissionais e por uma conjugação espiritual do paciente, tudo iria favorecer o desenlace, de resto, infausto para todos.

Quando digo para todos, é que, na minha ingenuidade da época, presumia que as consciências iriam apertar-se por inexoráveis sentimentos de culpa, dada a comiseração pela vida que se desfazia justamente diante das pessoas encarregadas da salvação. Mas esse primeiro enleio sentimental acabou cedo, porque logo me foi possível verificar que não se dava, geralmente, qualquer vínculo emocional entre médicos e pacientes, o que, na hora, me pareceu absurdo. Só bem mais tarde vim a compreender que, na soma dos feitos médicos, as vitórias são muito mais significativas e que esse apoio moral permite aos profissionais o descarte dos insucessos, a perda de pacientes e a visão insofrida dos parentes angustiados.

Após esse período de vazio de expectativas, ajudado por meu velho (antigo) mestre, porque me viu muitíssimo interessado a entender o problema, encaminhei-me para algumas entrevistas sugestivas, escolhendo todo tipo de irmãos nas minhas condições e todo tipo de médicos com passivo de lutas perdidas para as moléstias.

Se me fosse dado ficar escrevendo a respeito dos testemunhos, resultaria não uma simples correspondência, mas um volumoso livro, tantas e tão expressivas foram as situações de enredamento entre estas duas criaturas aparentemente unidas por acaso.

Os mais diversos fatores podem considerar-se no envio das pessoas para a maca hospitalar. O que importa saber, nesse caso, é que muitas delas, inconformadas com o rumo que pôs fim a seus dias na Terra, passam a assediar os responsáveis clínicos por sua morte.

Vão dizer (não o meu amigo, Dr. Décio) que se trata de uma injustiça. Sempre é, quando a vítima se constitui em promotor, júri, juiz e executor da sentença. Mas os médicos, em sua quase totalidade, estão resguardados por eficazes protetores, que impedem a aproximação dos desafetos gratuitos, porque vale a premissa de que o objetivo dos encarnados é o de praticar profissão de caráter benemérito, altamente vinculada ao princípio da caridade. Exceções existem, mas o Dr. Décio conhece este problema melhor do que eu.

Depois de efetuar, portanto, demorado estágio nessa pesquisa de campo, precisei imergir nos estudos espíritas, para solucionar uma série de problemas correlativos, especificamente no campo da sorte ou do destino. Cheguei, provisoriamente, ao resultado bastante satisfatório de que são pouquíssimos os casos em que a responsabilidade espiritual recai sobre os médicos, havendo muito mais de carma dos pacientes, ou seja, ajustes prévios, ou simultâneos em estado sonambúlico, com os amigos da espiritualidade, de que os portadores dos problemas físicos devam sofrer corte antecipado da vida, antecipado tendo em vista os fatores biológicos gerais não estarem ainda esgotados. Aqui entram muitíssimos aspectos, havendo para cada ser um histórico pessoal e familiar que recomenda a medida fatal.

Dr. Décio, queira aceitar as minhas palavras como um empenho meu de reconhecimento e agradecimento por haver tratado de mim com o máximo de sua inteligência e capacidade profissional. Não tema nenhuma reação psíquica de mau caráter diante destas revelações. Um dia o Doutor também passará de assistente a assistido, porque dessa sorte ninguém escapa, enquanto permanecermos indo e vindo desse globo de necessárias dificuldades.

Recomendo-lhe, veementemente, que se inteire de outros textos relativos ao tema, porque as obras espíritas têm o condão de despertar para meditações proveitosas e profundas em todos os ramos do humano conhecimento.

Deixo-o nas mãos do maior de todos os médicos: Nosso Senhor Jesus Cristo!

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