É demagogo, irresponsável e de um desprezo sem tamanho para com a população carente se opor à contratação de médicos estrangeiros para trabalhar no Brasil quando não é novidade para ninguém que há uma enorme deficiência de profissionais da área. A causa dessa deficiência, a qual se agravou a partir dos primeiros anos da década passada, é a melhora rápida na renda da população o que permitiu a milhares de pessoas o acesso à saúde. Isso provocou uma explosão no número de pessoas com planos de saúde, os quais foram obrigados a contratar a maioria dos profissionais disponíveis para atender a demanda. Tanto é verdade que esses mesmos planos vem enfrentando longas filas de espera para a marcação de uma consulta, levando muitas vezes o associado a esperar meses para consegui-la. E a situação só não está pior devido às medidas que o governo tomou para diminuir esse tempo de espera, proibindo inclusive muitos planos de admitir novos associados. Aliás, essa medida veio inclusive a agravar ainda mais a carência de profissionais na rede pública, pois, para não sofrer multas e penalizações por parte dos órgãos de fiscalização, os planos de saúde tiveram de contratar ainda mais profissionais, inflacionando os salários da categoria e provocando discrepância entre o setor público e privado. Embora a falta de médicos não seja o único problema da saúde pública no Brasil, esta carência, principalmente nos locais de difícil acesso ou onde há violência e criminalidade, é tão grande que as pessoas estão morrendo aos montes por falta de atendimento. A imprensa vem noticiando muitos desses casos e a consequente falta de médicos como o responsável por isso com muita frequência. Como a formação de um profissional leva em média 6 a 7 anos, mesmo que se tentasse investir na formação desses médicos, o problema só seria sanado na próxima década. E o que faremos até lá? Deixar que as pessoas continuem morrendo porque uma pequena parte dos brasileiros não querem a importação de médicos cubanos ou de qualquer outro país? Tenho certeza de que 100% das pessoas que são contra a vinda desses profissionais estrangeiros tem o seu plano de saúde e portanto não recorrem ao sistema público de saúde, aquele mesmo que a população de baixa renda utiliza. Pois é muito fácil criticar aquilo que não fará a menor diferença a si. Por isso que ser contra essa saída de emergência é demagogia barata, é não se importar com a vida daqueles que não podem pagar por um bom plano de saúde, e, principalmente, não ter a menor consideração pela vida e pelo sofrimento do outro.
Obs: a imagem acima mostra um gráfico com a porcentagem de médicos estrangeiros atuando em alguns países. Como se pode observar, no Brasil essa taxa é baixíssima( 1,7%) se comparada aos demais países (acima de 20%). Isso é só mais um argumento contra àqueles que se opõem a vinda de médicos estrangeiros.