O “Projeto Medida de Desenvolvimento (MD) Manejo e Desenvolvimento Sustentável nas Florestas do Marajó” tem como objetivo geral fomentar o desenvolvimento econômico e social das populações tradicionais, garantindo o uso sustentável dos recursos naturais. Esse Projeto iniciou suas atividades em janeiro de 2011 e terá duração de dois anos.
A área foco do “Projeto MD do Marajó” são as comunidades extrativistas de duas Unidades de Conservação do Governo Federal que são administradas pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBIO) e se localizam no maior arquipélago fluviomarítimo do mundo, a Ilha de Marajó no Estado do Pará. Essas Unidades de Conservação são a Reserva Extrativista (RESEX) Terra Grande Pracuúba, situada nos municípios de Curralinho e São Sebastião da Boa Vista, e a RESEX Mapuá, situada no município de Breves.
O “Projeto MD do Marajó” é realizado pela Agência Alemã de Cooperação Internacional GIZ em parceria com diversas instituições, tais como: Conselho Nacional de Populações Extrativistas (CNS), Instituto de Desenvolvimento Florestal do Pará (IDEFLOR), Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Pará (EMATER), Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBIO), Associação-mãe da RESEX Terra Grande Pracuúba, Associação de Moradores da RESEX Mapuá (AMOREMA), Associação Agrícola Boa Esperança (AABE), Prefeitura Municipal e Associação da Casa Familiar Rural de Breves.
O “Projeto MD do Marajó” é coordenado pela pedagoga Fátima Cristina Silva do CNS e pelo Economista Johannes Zimpel da GIZ. Os dois cooperantes do CNS/GIZ, a professora Edel Nazaré de Moraes Tenório e o técnico José Ivanildo Gama Brilhante, são os executores das ações junto às comunidades locais.
Com envolvimento desses parceiros o “Projeto MD do Marajó” tem desenvolvido variadas ações, tais como: (1) Oficinas de Manejo de Açaí, (2) Oficinas de Gênero e Organização Social, (3) Diagnóstico das Cadeias de Valor das Reservas Extrativistas, (4) Apoio às Associações na organização de documentos para venda de produtos para a merenda escolar etc.
Nas “Oficinas de Manejo de Açaí” são repassadas informações técnicas com aulas teóricas e atividades práticas diretamente nas propriedades rurais para potencializar a produção e agregar valor a esse que é considerado o “ouro negro da floresta”, atualmente utilizado em diversos produtos no Brasil e no mundo. Nesse trabalho se enfatiza também a importância da várzea - ambiente alagadiço característico da região - como um todo, tanto pelos seus serviços ambientais como pelo potencial econômico não madeireiro de outras espécies nativas como andirobeira, pracaxi, miriti, entre outras.
Nas “Oficinas de Gênero e Organização Social” se discute o conceito do gênero (masculino e feminino), partindo de uma abordagem geral até a local, tratando as questões de gênero no mundo, no Brasil, na Ilha de Marajó, na RESEX Mapuá e RESEX Terra Grande Pracuúba. Esse trabalho tem por objetivo sensibilizar cada participante para perceber as desigualdades que existem entre homens e mulheres e o que eles podem fazer para superar cada uma delas. Além disso, há o enfoque na “Governança e Participação” que visa fortalecer a estrutura das bases comunitárias locais para tratar das diversas questões que afligem essas populações tradicionais. Como parte das “Oficinas de Gênero e Organização Social” são realizadas capacitações para produção artesanal de cosméticos repelente a base de óleo de andiroba, com fins estético, preventivo e ainda como uma alternativa de geração de renda.
Ao longo do ano foram realizadas visitas à campo para a realização do “Diagnóstico das Cadeias Valor” dessas localidades. Esse trabalho permitiu que a equipe do Projeto coletasse dados sobre as principais fontes de renda das comunidades (serviço público, iniciativa privada ou produção familiar), e os mais significativos produtos geradores de renda, como por exemplo, açaí, farinha, tapioca, madeira, pescado, pequenos animais (galinhas e porcos) e plantas oleaginosas (andiroba, copaíba e miriti). O objetivo desse levantamento é conhecer as cadeias de valor potenciais para desenvolver parcerias entre a iniciativa privada e as organizações locais.
Outros trabalhos significativos que estão em andamento enfocam a organização administrativa das Associações locais com vistas ao fornecimento de parte da produção local para incrementar a merenda das escolas municipais por meio das ações do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), além da possibilidade de comercialização de produtos para a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB).
Por meio dos resultados iniciais do “Projeto MD do Marajó” é possível visualizar um futuro mais promissor para essas comunidades tradicionais da Ilha Marajó que historicamente estiveram à margem das políticas públicas.
É gratificante saber que inúmeras pessoas de diferentes instituições estão empreendendo esforços na construção de alternativas para unir o uso sustentável dos recursos naturais e a proteção das florestas com o fortalecimento da economia local e a melhoria da qualidade de vida dessas comunidades marajoaras.
