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Contos-->Pequeno Conto Natalino -- 28/07/2000 - 14:59 (Eduardo Coleone) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Pungido por um espírito natalino embriagado que, por engano, atracou logo nessa carcaça surrada de apenas vinte ceias e o mesmo número de reveillons é que posso discorrer essa história completamente verídica que dias atrás pude observar.
Petra era menina pobre, humilde, que achava-se numa palafita, em um aterro que não me lembro o nome, se é que tinha nome. Era pobre, mas não lia Voltaire de Souza nem possuía o senso de não-existo de Fabiano, do Graciliano. Com a imaginação totalmente tomada de sonhos e cinqüenta paus que recebeu de 13º salário, saiu em busca de algo novo, talvez um rádio AM/FM ou alguma outra bugiganga qualquer que os vendedores da Praça da Sé costumam trazer do exterior. Não pôs sua roupa de sair nem seu vestido para ocasiões especiais porque não tinha nenhuma roupa de sair nem nunca teve qualquer ocasião especial, salvo o nascimento, num parto complicado e milagrosamente realizado pelos doutores que atendem no INPS da Vila Carrão.
Chegando na estação da Sé, desceu do ônibus circular, adentrou à Catedral mais famosa de São Paulo e rezou um Credo e três Ave-Marias, como sua avó lhe ensinou, e ainda o fez com mais fé, porque faltavam apenas cinco dias para as festividades do nascimento de Jesus Cristo. Saindo daquele templo cristão, como que num passe transcendental, voltou a avistar o mundo que conhecia. No meio da praça, shows eram oferecidos para os transeuntes, que, admirados, às vezes lançavam moedas aos artistas, em sua maioria vindos do nordeste do Brasil.
Não demorou e Petra foi abordada por um vendedor que, observando a nota com uma onça-pintada desenhada na mão da menina, achou que poderia fazer um bom negócio:
- Você gosta de Natal, menina?
- Desculpe, mas minha vó não gosta que eu converse com estranhos e...
- Calma, eu sou um vendedor e converso com todo mundo que passa por aqui. Mas você me parece uma pessoa especial e eu tenho um negócio da China para você... e você não me respondeu se gosta de Natal.
- É... eu gosto de Natal. Já que você é um vendedor, o que está vendendo? Eu não estou vendo nenhuma barraca de vendas por aqui.
- Ah, minha barraca fica do outro lado desta praça. Mas, o que tenho para lhe oferecer é mais do que isso, é algo mágico, realmente maravilhoso. Com o que tenho aqui, você vai realmente saber o que é o Natal. Você não sonha ser rica, comer peru no natal e... até no resto do ano?
- Quem não gostaria disso? - e, por um instante, pensa como seria bom qualquer coisa que não fosse sua verdadeira vida. - E quanto custa isso ?
- É muito, muito caro... mas como fui com sua cara, deixo por cinqüenta mangos.
- É o que tenho. É todo o abono de final de ano que tenho, mas vou usá-lo para comprar alguma coisinha para mim...
- Deixe disso, menina. Com o que estou lhe oferecendo, o mundo inteiro será seu. E não só uma mísera bugiganga de barraca.
- Tudo bem, tudo bem. Dê-me isso então. Está aqui o dinheiro.
- Menina inteligente, menina inteligente...
O homem saca então do bolso em saco plástico enrustido num papel, retira uma pequena bolinha branca e entrega para a menina:
- Olha, dou-te uma dica. Vá até aquela fonte ali na frente, senta em qualquer banco e toma. O mundo deixará de ser mundo para ser o "seu mundo".
A vida não engana, mas confunde quem não puder se defender. Petra sentou em um banco daqueles cheios de excreto de pomba e engoliu a bolinha mágica. Para a sua surpresa, Petra estava rica, cheia de dinheiro e outras regalias terrenas. Até Papai-Noel (que talvez por uma falha na lista de mala direta de seus computadores nunca havia visitado a menina) estava ali, vivo, corado e de roupão vermelho rindo-se à toa para as criancinhas e principalmente para Petra. O milagre desvairante durou para a menina infinitamente e foi eterno por cerca de duas horas e meia. O insosso antigo coração de Petra se tornou chama indubitável; os sonhos, que apresentavam-se irrealizáveis em seu sub-consciente vieram à tona, viram a luz do dia e contemplaram juntos com a mente inexplorável do ser humano náufrago de si mesmo o milagre do Natal...
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