CRAS TERRIBILIS DIES
Délcio Vieira Salomon
Ao ler hoje o texto do economista Waldir Serafim intitulado: “Saiba o que Lula fez de 2002 a 2010 com ‘a divida interna/externa’ do Brasil”, fui tomado de duplo sentimento: perplexidade e certeza.
Certeza, porque, finalmente, para minha ignorância das teorias econômicas, desde quando ouvi Lula proclamar que havia liquidado a dívida externa e se livrado do FMI, “como nunca dantes na história deste país, havia acontecido” pairava em minha mente a instigante pergunta: - É verdade? Se for, como conseguiu tal feito? Agora no referido texto de W. Serafim encontro a resposta para o que apenas desconfiava.
Quando Lula foi eleito em 2002, a dívida do Brasil era: externa = 212 bilhões de reais; interna = 640 bilhões. Total = 852 bilhões. Em 2007, proclamou alto e bom som que pagara a dívida externa. Acontece que para tal feito, aumentou a dívida interna e a contabili-dade assim ficou: dívida externa = 0 bilhões. Dívida interna = 1.400 trilhão.
Como apontou W. Serafim, “não se vê mais na TV e nos jornais algo dito que seja convincente sobre a dívida externa quitada”. Por quê? É que ela voltou. Em 2010, ainda no governo Lula: dívida externa = 240 bilhões; interna = 1.650 trilhão. A dívida do Brasil aumentou em 1.030 trilhão. Este é o dinheiro que está sendo gasto no PAC, nas bolsas: família, educação, faculdade, cultura, para presos... Com tal dinheiro é que tirou 30 milhões de brasileiros da pobreza! Tudo com único objetivo: perpetuação do PT no poder.
Esta a mágica do maior farsante que este país jamais teve!
Como disse, no início, além de certeza, fui tomado do sentimento de perplexidade. Ou melhor: preocupação angustiante com o dia de amanhã. Sou levado a dizer com Cícero, quando previu a derrocada do império romano: “aliquod crastinus dies ad cogitandum dabit”. Em tradução livre: os próximos anos darão para nos preocupar! Quisera que este cras, existente no termo “crastinus”, fosse outro, o cantado pelo poeta: “cras novus dies” (amanhã será um novo tempo)!
Para agravar a situação, este país, cantado em prosa e verso como o grande país do futuro (a “espelhar tanta grandeza”) sucumbe diante da demagogia e da corrupção, estas sim “nunca dantes vistas na história deste país”.
Para agravar a situação, corre nas entrelinhas do noticiário, conforme denunciou o notável jornalista Carlos Chagas, a possibilidade de Joaquim Cardoso renunciar ao mandato de presidente e de membro do STF, diante da provável votação dos ministros “petistas” na revisão do processo, a favor dos condenados do mensalão.
Sinceramente, se tal ocorrer o “cras dies” será o “dies irae, dies illa”, previsto pelo profeta Jeremias, em que“ solvet sæclum in favilla” (em tradução livre: “o dia da ira, ou seja, aquele dia da revolta, em que o país se dissolverá em cinzas”). Sim é de se temer que o futuro desta nação, que, desde sua descoberta, deixou de ser a terra prometida, onde correria leite e mel, com riquezas infindáveis, se torne triste areal, onde falsos líderes, ao tomar o poder, corromperam as instituições e espalharam a desesperança e a desilusão para um povo generoso e bom.
Sim, temo que o dia de amanhã seja o “terribilis dies”! Talvez Cassiano Ricardo em seu Jeremias sem chorar ou em Um dia depois do outro tenha tido razão!
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