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Artigos-->80 ANOS EM 80 MINUTOS - RÁDIO CULTURA, BRASIL -- 23/05/2013 - 18:41 (LUIZ CARLOS LESSA VINHOLES) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


 



80 ANOS EM 80 MINUTOS - RÁDIO CULTURA, BRASIL



 



L. C. Vinholes



 



Não são poucas às vezes em que somos surpreendidos com algum acontecimento que nos diz respeito. Já vivi muitos momentos assim, momentos que me proporcionaram oportunidades que me permitiram chegar onde estou. São exemplos bolsas de estudo que recebi da Direção do Colégio Gonzaga em minha cidade natal para cursar o científico; a da Prefeitura de Pelotas para participar do IV Curso Internacional de Férias da Pró-Arte em Teresópolis; e a do Ministério da Educação do Japão para estudar música antiga japonesa e sua notação na Universidade de Artes (Geidai) de Tóquio e no Departamento de Música do Palácio Imperial, na capital japonesa. Agora, mais uma vez, não pude acreditar que uma transmissora de rádio disponibilizasse generoso tempo para anunciar um concerto com minhas obras. Refiro-me ao programa que foi ao ar dia 24 de abril recém-findo pela prestimosa Rádio Cultura de São Paulo, pertencente à rede educativa vinculada à Fundação Padre Anchieta, com emissões em 1200 kHz AM e 103,3 MHz FM. Esta emissora, que também transmite em ondas curtas, desde 11 de agosto de 2008chama-se Rádio Cultura Brasil.



 



As informações transmitidas no decorrer do programa dizem respeito à relação de amizade que, desde 1953, mantive com Haroldo de Campos o grande poeta e tradutor, um dos líderes da poesia concreta brasileira, parceiro substantivo no trabalho de divulgação da poesia concreta brasileira que me dispus a fazer desde que cheguei ao Japão em 1957.



 



A Rádio Cultura Brasil concedeu exatos 5 minutos e 12 segundos para que uma das suas repórteres entrevistasse a Coordenadora do Centro de Referência Haroldo de Campos da Casa das Rosas, dialogando a respeito da minha formação, da minha obra e da minha música. Tudo isto motivo mais do que suficiente para mais uma vez sentir-me surpreendido. E agradecido.



 



Eis o diálogo que foi ao ar entre Shirley Ribeiro e Simone Homem de Mello, introduzido pelo locutor:



 



Agora, 09h32, estamos de volta, e um concerto nesta sexta-feira, agora, na Casa das Rosas, vai homenagear os 80 anos do compositor Luiz Carlos Vinholes e também os 10 anos da morte do poeta Haroldo de Campos. Vinholes foi um dos difusores da poesia concreta brasileira no Japão e amigo de Haroldo de Campos desde a década de 50.



 



80 anos em 80 minutosinclui obras de toda a trajetória do compositor e quem vai trazer os detalhes pra gente, agora, aqui no Galeria_edn1" name="_ednref1" title="">[i] é a repórter Shirley Ribeiro.



 



Shirley Ribeiro:



O concerto na Casa das Rosas mostra como a poesia concreta uniu Haroldo de Campos e Luiz Carlos Vinholes, pioneiro da música aleatória no Brasil, o compositor gaúcho foi responsável pela introdução da poesia concreta no Japão. Músico de vanguarda e crítico musical, Vinholes é reconhecido como divulgador da cultura brasileira. A informação é de Simone Homem de Mello, Coordenadora do Centro de Referência Haroldo de Campos da Casa das Rosas.



 



Simone Homem de Mello:



O Luiz Carlos Vinholes viveu muito tempo, como diplomata, no Japão e no Canadá, e era considerado por Haroldo de Campos o Marco Polo_edn2" name="_ednref2" title="">[ii] do senário cultural japonês. Foi ele que fez as primeiras exposições de poesia concreta no Japão, ele introduziu a poesia concreta no Japão, por meio dos escritos do Grupo Noigandres, e foi Haroldo de Campos que o apesentou a Kitasono Katsué, um poeta de vanguarda, anterior às vanguardas da década de 50, mas um poeta fundamental que apoio o movimento, distantemente, e esse contato muito importante para o desenvolvimento da poesia concreta japonesa foi estabelecido pelo Haroldo de Campos.



 



Shirley Ribeiro:



No Japão Vinholes conheceu e estreitou os laços profissionais com intérpretes das rodas de vanguarda interessados em literatura e música contemporânea.



 



Simone Homem de Mello:



A importância de Vinholes, na verdade, ele e Haroldo de Campos se conheceram na década de 50 quando ele era secretário do grande compositor Koellreutter que introduziu a música dodecafônica no Brasil. Ele foi secretário durante alguns anos e depois foi ao Japão para estudar a música antiga japonesa. Nessa época de contatos, os poetas do Grupo Noigandres frequentavam os concertos e as aulas de Koellreutter, se estabeleceu um contato que era de uma vanguarda musical e uma vanguarda literária, o que foi bem comum nessa época no Brasil. Então a origem das composições do Vinholes está justamente nesse mestre Koellreutter, então as primeiras peças dele são peças dodecafônicas. E depois, em meados da década de 50, ele criou a técnica de composição “tempo-espaço”, que o libertou das linguagens tradicionais, e as chamadas instruções de 1961 a 62 que criaram parâmetros que permitiram surgir as primeiras obras de caráter aleatório na música brasileira, uma coisa que acho que poucos sabem, mesmo porque Vinholes viveu muito tempo no exterior. Então a obra dele é relativamente pouco conhecida aqui. A realização deste concerto procura também suprir esta lacuna. E o concerto será pontuado por explicações do próprio compositor com relação à sua obra, porque ele estará presente neste concerto.



 



Shirley Ribeiro:



Com direção musical de Sérgio Villafranca, o concerto 80 anos em 80 minutos terá a formação de piano, flauta, violino, viola, violoncelo e um tenor_edn3" name="_ednref3" title="">[iii]. A apresentação nesta sexta-feira também faz parte da mostra Ideograma e Poesia Concreta. De acordo com Simone Homem de Mello é a primeira exposição baseada no acervo de Luiz Carlos Vinholes, em processo de doação à Casa das Rosas.



 



Simone Homem de Mello:



É uma doação muito generosa considerando que é uma coleção muito rara de obras da poesia concreta brasileira e poesia japonesa. O interessante também é, por exemplo, este acervo que ele doou ao Centro de Referência Haroldo de Campos, contém uma peça de uma das exposições que ele realizou no Japão, ele realizou exposições em lugares de grande destaque, como Museu Nacional de Tóquio em 1961_edn4" name="_ednref4" title="">[iv], e esta peça mostra como era manual o trabalho que ele fazia; ele recebia revistas dos escritores brasileiros e recortava os poemas e colava em madeira japonesa_edn5" name="_ednref5" title="">[v]. Ele teve uma participação, também, como quase produtor destas exposições, não tinha muita estrutura para fazer, isto era muito curioso também.



 



Shirley Ribeiro:



A exposição, Ideograma e Poesia Concreta, pode ser vista na Casa das Rosas de terça a sábado, das 10 da manhã às 10 da noite e aos domingos até às 6 da tarde. Já o concerto em homenagem a Luiz Carlos Vinholes, com a presença do próprio compositor, será nesta sexta-feira, às 8 da noite. O endereço é a Avenida Paulista, nº 37.



 



Shirley Ribeiro, Rádio Cultura, Brasil.



 









_ednref1" name="_edn1" title="">[i] Programa da Rádio Cultura Brasil, de São Paulo.





_ednref2" name="_edn2" title="">[ii] Este “Marco Polo” foi criado por Haroldo de Campos na dedicatória de 27/06/1997, no livro Ideograma: Lógica, Poesia e Linguagem (1994): “Ao querido Amigo Vinholes, companheiro de aventura intelectual e Marco Polo do mundo literário japonês, - ao amigo, ao compositor ao poeta -, re-dedico esse livro (que será novamente dedicado à sinóloga francesa infra)”.





_ednref3" name="_edn3" title="">[iii] Dan Tolomony (violino), Jônatas Reis (viola), Stefanie Guida Muller (violoncelo), Sarah Hornsby (flauta) e Felipe Meneses (tenor) e os colaboradores, anônimos manipuladores dos 100 cartões que fazem parte da referida Instrução: Flavio Capoto, Gabriele Vinholes, Rodrigo Scarcello de Oliveira e Saulo di Tarso.





_ednref4" name="_edn4" title="">[iv] Museu de Arte Moderna, abril de 1960, com a colaboração do arquiteto João Rodolfo Stroeter.





_ednref5" name="_edn5" title="">[v] Referência à exposição compartilha com a Sociedade Internacional de Artes Plásticas e Áudio-Visuais (ISPAA), na Galeria Nunu de Arte Contemporânea, em Osaka, e no Museu de Arte Homma, em Sakata, em julho e agosto de 1965, com mini painéis com poemas concretos de Augusto e Haroldo de Campos, Décio Pignatari, Pedro Xisto, Edgard Braga, Mario da Silva Brito, José Lino Grünewald, Ronaldo Azeredo, Thomas Arruda, Eusélio Oliveira, Wladimir Dias Pinto, L. C. Vinholes, dos japoneses Yasuo Fujitomi, Seiichi Niikuni, Toshihiko Shimizu, Katsué Kitasono, Ariyoshi Miyagishi, dos alemães Clauss Brene, Max Bense, Reinhard Döhl, Hans Grosch, Ludwig Haring, Helmut Heissenbüttel, Hans G. Helms, Elisabeth Walther, do francês Pierre Garnier e do suíço-boliviano Eugen Gomringer.




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