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Ensaios-->Conheça a obra de Meira Penna, o Barão de Castália -- 28/02/2011 - 11:28 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Conheça um pouco da grandiosa obra de Meira Penna lendo algumas frases de dois de seus livros:


Política Externa - Segurança e Desenvolvimento

“O comunismo não é um problema criado por circunstâncias do desenvolvimento econômico. É problema moral, de educação e de cultura, revelando o seu aparecimento justamente graves falhas na educação e na cultura espiritual de um povo” (Meira Penna, in 'Política Externa – Segurança e Desenvolvimento”, pg. 42).

“Em todo o mundo, são idéias ocidentais que inspiram os mais ferrenhos inimigos do Ocidente. São conceitos cujas raízes se acham em pensadores ocidentais, em Rousseau, em Comte, em Hegel, em Marx, na longa lista de românticos e utopistas revolucionários que representam a heresia gnóstica do modernismo ocidental. São sempre, em última análise, doutrinas políticas elaboradas pela civilização ocidental: a democracia, o socialismo, o positivismo científico, as idéias abstratas de liberdade, de direitos do homem, de auto-determinação e justiça social (Meira Penna, op. cit., pg. 48).

Apologista do “Estado absoluto”, Spengler ainda faz sucesso entre os marxistas, “que têm interesse em acreditar na ‘decadência’ do Ocidente ou que pretendem temer o ‘imperialismo’ e o ‘neo-colonialismo’ ocidental – ao mesmo tempo que tudo esperam do imperialismo soviético ou chinês. O ódio aos Estados Unidos pode justificar-se, doutrinariamente, pela crença de que sejam os americanos os novos ‘imperialistas’ da fórmula spengleriana; ou então, em virtude de um fenômeno de conversão dialética, pode também relacionar-se com a convicção de que sejam os russos e os chineses os povos a quem, pela fatalidade das leis históricas, esteja prometido o império mundial. O paradoxo da propaganda da esquerda ‘anti-imperialista’ é que, de boa ou de má fé, aceita os postulados de Spengler, nos mesmos termos em que o fizeram os fascistas” (Meira Penna, op. cit., pg. 55).

Arnold Toynbee, em seu sistema baseado empiricamente em “noções cíclicas ou rítmicas”, “vale-se do que ele chama ‘a visão binocular” da história, isto é, do método que, sustentando-se na concepção cíclica, consiste em comparar qualquer ocorrência da história contemporânea com um acontecimento paralelo da história da Grécia e de Roma. A visão binocular prende-se portanto à concepção cíclica: ‘a história se repete’ ” (Meira Penna, op. cit., pg. 57).

“A secularização dessa consciência através dos movimentos antitéticos do Racionalismo e do Romantismo ainda mais estimulou o desejo de retorno ao passado, retorno naturalmente idealizado mas que nem por isso conseguia disfarçar o seu neo-paganismo, destinado a apagar a lembrança da Idade Média (‘a idade das trevas’), contrariar o progresso irreversível da história e restaurar um tipo de ordem universal que César simbolizou, que Sto. Agostinho condenou e que os bárbaros, sem dificuldade, desbarataram quando já se encontrava em processo de franca decadência” (Meira Penna, op. cit., pg. 58).

“As várias concepções tri-fásicas das escolas positivistas, dialéticas e historicistas, as doutrinas como as de Comte, de Hegel ou de Marx, que preconizam uma espécie de ditadura científica e a transformação da política numa técnica, os mitos do Terceiro Reich, da Terceira Roma ou da Terceira Internacional, as ideologias imperialistas exacerbadas de nossa época, tudo isso representa fruto amargo da visão binocular” (Meira Penna, op. cit., pg. 58).

“Toynbee é um liberal de esquerda, hegeliano e cripto-marxista, que procura salvar o Ocidente do ‘breakdown’, numa solução que não cobre o preço tão tremendo da imposição pela força e pela violência de um Estado universal americano” (Meira Penna, op. cit., pg. 61).

“Se nos conseguirmos libertar do historicismo – teremos assegurada a nossa liberdade de escolha, a nossa independência, a nossa auto-determinação. Se nos mantivermos atados à sofística historicista, ficaremos também presos às soluções ideológicas, todas elas extremistas e exaltadas – todas elas implicando, justamente com o sacrifício de nosso livre-arbítrio intelectual à ‘inexorabilidade das leis históricas’, um sacrifício correspondente de nossa liberdade política” (Meira Penna, op. cit., pg. 62).

Ao desenvolvimento cíclico da história se opõe a cultura cristã: “Para esta, o destino do homem, em virtude de sua própria transcendência, segue um movimento linear irreversível, independente de qualquer ‘lei’ histórica, numa sucessão de acontecimentos únicos, sem precedentes e cumulativos, presididos por uma Providência incompreensível – e tendo um princípio determinado no tempo, um ‘terminus a quo’, e um fim, um ‘terminus ad quem’, na eternidade do plano divino” (Meira Penna, op. cit., pg. 62).

“Refutando os argumentos das concepções do tipo Marx-Spengler-Toynbee, Karl Poper critica a ‘Pobreza do Historicismo’. Salienta este autor que o curso da história humana é fortemente influenciado pelo crescimento cumulativo do conhecimento humano; que não podemos predizer o crescimento futuro de nossos conhecimentos, o que é uma tese fácil de provar logicamente; que não podemos, por conseguinte, predizer o futuro da história; e que devemos, finalmente, rejeitar toda e qualquer possibilidade de uma ‘história teórica’ que possa servir de base para qualquer espécie de predição ou profecia sobre o que pode ou vai acontecer no campo dos acontecimentos pragmáticos” (Meira Penna, op. cit., pg. 62-3).

Para Karl Löwith, professor de filosofia em Heidelberg, em sua obra “Meaning in History”, “o homem moderno vê o mundo com um olho de fé e outro de razão e, conseqüentemente, a sua visão da história é eminentemente confusa. O homem moderno não se decide entre a posição racionalista derivada dos clássicos e a posição cristã, originada pelos Santos Padres da Igreja, especialmente Sto. Agostinho. A filosofia da história moderna foi elaborada pela secularização dos princípios teológicos, aplicados desordenadamente a um número crescente de fatos empíricos. (...) As duas grandes concepções, a pagã e a cristã, isto é, a do movimento cíclico e a da direção escatológica, já exauriram as suas possibilidades fundamentais da compreensão da história. Mesmo as mais recentes tentativas de interpretação nada mais representam do que variações sobre esses dois princípios, ou são misturas de ambos. Mas a inteligência moderna, conclui Löwith, não se decidiu ainda entre os dois” (Meira Penna, op. cit., pg. 63).

“A ‘revolução mundial dos povos de cor’ de Spengler e a ‘revolução do proletariado externo’ de Toynbee foram adaptadas à problemática socialista. As nações passaram a representar as diferentes classes sociais em conflito. Haveria, de um lado, nações ricas e capitalistas, nações da Europa e da América do Norte, vivendo em estado de ‘parasitismo internacional’, nações que representam hoje a ‘minoria dominadora’ ou a classe burguesa exploradora da concepção marxista; e haveria nações pobres, nações proletárias da Ásia, África e América Latina, nações trabalhadoras e exploradas, as quais se devem unir sob a bandeira do manifesto comunista para conquistar sua independência e destruir aquelas que as exploram economicamente. Em outras palavras, contaminada pela ideologia marxista, a tese historicista contempla o mundo sob a forma de um conflito de âmbito universal” (Meira Penna, op. cit., pg. 64). Em suma, os marxistas querem simplesmente “enterrar o Ocidente” e “propor a tese da unificação do mundo sob a espécie ainda pouco definida, mas certamente violenta e totalitária, de um Estado Universal comunista – pouco importando saber, no momento, se esse império terá sua capital em Moscou ou em Pekin...” (Meira Penna, op. cit., pg. 65).

“ ‘Tomando o globo em sua totalidade’, escreve Lin Piao, ‘se a América do Norte e a Europa Ocidental podem ser chamadas as cidades do mundo, então a Ásia, a África e a América Latina constituem as áreas rurais do mundo’. A URSS é cuidadosamente omitida nesse esquema. A guerra revolucionária assim concebida teria, na opinião chinesa, o resultado fatal de provocar a ruína econômica, política e militar do Ocidente” (Meira Penna, op. cit., pg. 67). Obs.: O general Lin Piao foi Ministro da Defesa de Mao Tsé-Tung.

“O prognóstico historicista do estabelecimento próximo de um império universal esteve, em certo momento, ao alcance fácil dos Estados Unidos. O domínio do mundo, os Estados Unidos já o deixaram fugir, quiçá para sempre, na melhor ou única oportunidade que tiveram de o alcançar – isso entre os anos decisivos de 1945 a 1950! Se o prognóstico não se concretizou, como exigia a teoria, é porque algo de intrinsecamente falso se escondia detrás de tão redutora, brilhante, mas terrível tese” (Meira Penna, op. cit., pg. 69).

“Os princípios de direito internacional valem para os países do Ocidente, não valem para seus adversários. Dois pesos e duas medidas: eis a fatalidade implacável da vida internacional contemporânea” (Meira Penna, op. cit., pg. 72).

“E até mesmo, para não ofender o respeito pela liberdade de pensamento, de reunião e de expressão, concedem os estados ocidentais a seus inimigos e traidores internos essa mesma liberdade e esses mesmos direitos de que abusam com o propósito de destruí-los. A defesa do Ocidente é feita com as mãos atadas. (...) Considerai apenas o problema do armamento nuclear: quem ousaria duvidar que um ditador totalitário, um Hitler, um Stalin ou um Mao Tsé-Tung por exemplo, teriam hesitado um momento sequer em utilizar a bomba como instrumento decisivo para a conquista do mundo se, por acaso, dela viessem a gozar o incontestável monopólio, sem risco de represálias?” (Meira Penna, op. cit., pg. 72).

“O século de Cristo é o grande nó, o verdadeiro Período Axial, o Centro da História do mundo. Então, pela primeira e última vez, se transformou numa antítese vertical a antítese entre os dois pólos da cultura que já existia potencialmente num plano horizontal. Desaparece, súbita mas temporariamente, religião, o seu misticismo, a sua esperança messiânica, o seu espiritualismo ultramundano, ao passo que lhe fornece o Ocidente a sua preocupação com o contreto, a sua ordem racional, a sua ética existencial aplicada ao mundo e aos problemas da cultura. (...) ... é a antítese da cidade terrena e da ‘Cidade de Deus’ (magnificamente formulada por Sto. Agostinho), do temporal e do espiritual; a antítese entre os dois reinos, o de César e o de Cristo; a antítese entre duas lealdades que forçosamente carregamos dentro de nós mesmos” (Meira Penna, op. cit., pg. 81).

“... a grande revolta anti-ocidental que se desencadeia com fúria surpreendente na eclosão do Islam. Mahomet é um simples líder de beduínos. Mas é também o grande Messias oriental que, cedendo à tentação satânica, aceita o reino da terra, imanentiza e seculariza as promessas divinas e dá forma, por assim dizer definitiva, ao despotismo totalitário e agressivo de cunho religioso. O Islam é a promessa formal do paraíso imediato, a salvação pela espada, a utopia que se quer realizar pela força militar. É o messianismo político que reage contra o transcendentalismo quase inacessível da formulação paulínea e agostiniana. É também a fonte de todas as especulações gnósticas, iraniano-helenísticas, que a partir do século treze, vão empestar a Europa com sua alquimia, sua astrologia e suas seitas maçônicas. E assim, nos mil anos seguintes, vão se enfrentar a Cruz e o Crescente nos campos de batalha e nos corações dos crentes, da Espanha à Anatólia e da Hungria ao Egito – dois mundos opostos que não compreenderam jamais o que verdadeiramente os separava na interpretação da mensagem divina” (Meira Penna, op. cit., pg. 82).

“Lênine é o novo profeta dos subdesenvolvidos em revolta contra a cultura do Ocidente, o Mahomet do Novo Islam. Mao Tsé-Tung é o novo Kalifa... Trata-se de uma nova ‘obediência’, de uma nova fé armada, com seus profetas e sua disciplina dogmática, sua moram pragmática e suas expectativas utópicas. Trata-se sobretudo de uma nova heresia, talvez a mais séria de quantas teve a Igreja de enfrentar, porque nela se confundem, a par da mais extrema secularização das promessas cristãs, estruturas de pensamento cosmológico primárias, formulações clássicas absolutamente desprendidas de seu contexto e de sua unidade transcendentes, e produtos decompostos do trabalho da filosofia científica ocidental nos últimos trezentos anos. A ideologia da nova pseudomorfose surge, pois, como uma ética revolucionária heterodoxa, da teologia cristã e da filosofia européia, assim como surgiu o Islam da mística judeo-cristã e do pensamento helenístico” (Meira Penna, op. cit., pg. 83-4).

“O novo totalitarismo adaptou-se perfeitamente às estruturas tribais e pagãs do mundo afro-asiático onde a coletividade é tudo, o indivíduo nada” (Meira Penna, op. cit., pg. 84).

“O símbolo da sociedade oriental é o isolamento, a auto-suficiência e o exclusivismo implícitos na idéia da Muralha da China, da Cortina de Ferro e do Muro da Vergonha” (Meira Penna, op. cit., pg. 86). Obs.: Poder-se-ia incluir, ainda, o Islã e sua “exclusiva” Kaaba em Meca, onde os não-muçulmanos são proibidos de entrar.

Os nacionalistas e os marxistas incutem na população “a crença em que tanto nas relações econômicas internas quanto nas internacionais, o enriquecimento de uma pessoa, ou empresa, ou nação, tem que implicar o empobrecimento dos outros. Esse equívoco é anti-racional, anti-econômico e anti-histórico” (Embaixador Lincoln Gordon, in “Política Externa”, de Meira Penna, pg. 106).

A França teve influência profunda e funesta sobre o Brasil: “Todo o romantismo adolescente da epopéia bonapartista e das revoltas populares sobre as barricadas teve aqui ardentes admiradores e imitadores. E não esqueçamos a influência filosófica do positivismo que contribuiu, sem dúvida, para a ideologia da República mas muito pouco, realmente, para a Ordem e o Progresso que foram insertos, como lema, em nossa bandeira” (Meira Penna, op. cit., pg. 125). “... já na época dos Valois a França se aliava aos turcos, os inimigos da Cristandade, para combater os Habsburgos que a defendiam; e durante a Guerra dos Trinta Anos, nem o Cardeal de Richelieu nem sua Éminence Grise, o Père Joseph, hesitaram em se alinhar com os protestantes para dar combate aos reis católicos” (Meira Penna, op. cit., pg. 128).

“Não é a inflação, não são os maus governos, as distorções salariais, a corrupção administrativa, as injustiças e desequilíbrios sociais, a ignorância, o analfabetismo, a demagogia e a infindável lista de outras falhas de nossa organização política, econômica e social, que podem ser apontadas como responsáveis pela conjuntura de desordem, a retração econômica ou a situação permanente de subdesenvolvimento. Não. A culpa é dos americanos” (Meira Penna, op. cit., pg. 156).

“Estamos aqui para resolver todos os problemas do cosmos!” (em aula inaugural do ISEB, cit. por Meira Penna, op. cit., pg. 157).

“O líder carismático ou o Partido, nacional ou estrangeiro, monopolizam como se fora o Logos da sociedade, tornam-se o único pensamento, a única razão, a única inteligência e passam, numa atmosfera de exaltação histérica, a alimentar o povo com a Grande Mentira. A intelligentzia ou intelectualidade revolucionária pode exercer esse mesmo papel de disseminadora de idéias fantásticas – sendo ela própria a primeira vítima do íncubo ideológico” (Meira Penna, op. cit., pg. 160).

“Na década dos trinta a bandeira do nacionalismo anti-americanista, ou pelo menos anti-anglo-saxão, foi tomada pelo integralismo. Gustavo Barroso escreveu o seu famoso ‘Brasil, colônia de banqueiros’. Toda a culpa de nosso atraso é atribuída aos ‘sábios de Sião’, aos financistas judeus de Londres e Nova York. Plínio Salgado, em seu igualmente famoso romance ‘O Esperado’, apresenta a figura de Mister Sampson, o qual, juntamente com seu amigo ‘entreguista’, o político Avelino Prazeres, representa o vilão da peça” (Meira Penna, op. cit., pg. 164).

O marxismo, segundo o Ministro Mário Vieira de Mello em seu livro “Desenvolvimento e Cultura”, “descarta e reduz cinco mil anos de exist~encia histórica, numa ruptura completa com o passado e numa negação absoluta de todos os valores culturais tradicionais. A adoção do marxismo pela ‘intelligentzia’ brasileira – procurando resolver de maneira radical o problema da Persona no niilismo e na auto-destruição – constitui assim uma negação de toda cultura e, na realidade, uma negação da própria inteligência” (Meira Penna, op. cit., pg. 173).

“Pouco adianta construir uma fachada de grande potência, como a de arranha-céus na orla da Avenida Atlântica, quando detrás, nos morros, se escondem favelas imundas e miseráveis” (Meira Penna, op. cit., pg. 174).

“A política utopista é aquela que atribui um valor absoluto a um objetivo possível de ser alcançado dentro de um tempo determinado. Confunde uma sociedade histórica, criada ou em processo de criação, com uma sociedade ideal que seria a realização plena da vocação humana. A política comunista é representante dessa utopia, em seu estado puro. O valor absoluto do objetivo justifica o cinismo da ação. O partido não tem nenhuma obrigação para com o mundo exterior nem com a humanidade, nem ainda com as coletividades nacionais” (Raymond Aron – Cit. por Meira Penna, op. cit., pg. 192-3).

“A política é a arte do possível. Só os tolos, os santos e os gênios pretendem o impossível” (Meira Penna, op. cit., pg. 198).

“A escravidão foi introduzida na África pelos árabes. Foram os mercadores beduínos que começaram a negociar com os régulos e os chefetes locais, estimulando mais tarde os navegadores europeus – portugueses, espanhóis, holandeses e ingleses – a enfrentar a malária da Costa d’África, nela estabelecendo as primeiras feitorias ocidentais. O comércio era nefando. Mas não constitui, porventura, um progresso, se considerarmos que os prisioneiros de guerra, vendidos aos brancos, eram anteriormente torturados e mortos, para ser comidos em festins antropofágicos? E se não fosse a escravidão, poderia porventura Ter sido construída a economia do Brasil Colônia? Não foi graças ao suor do negro que se conquistou nossa terra, nos séculos XVII, XVIII e XIX, com o açúcar, o ouro e o café?” (Meira Penna, op. cit., pg. 193-4).


A Ideologia do Século XX

“O século XX é um século eminentemente político e ideológico. Assemelha-se aos séuclos XVI e XVII, no sentido em que é assolado por guerras de religião, salvo que as religiões que se enfrentam são ‘religiões civis’, ‘religiões políticas’, religiões ersatz” (Meira Penna, in “A Ideologia do Século XX”, pg. 21).

“Os primeiros monstros foram gerados nas elucubrações incoerentes de Rousseau. Revivendo a velha heresia pelagiana, Jean-Jacques proclamou a perfeição da natureza humana, negou as conseqüências do pecado original e atribuiu às instituições sociais a responsabilidade única pelas perversidades do mundo” (Meira Penna, op. cit., pg. 23).

“Segundo foi concebido pelo pensador austro-americano Eric Voegelin, a ordem espiritual ou Ordem da Revelação judeu-cristã consubstanciada na dicotomia augustiniana da Cidade de Deus, eterna, e da cidade terrena, sede do poder temporal pragmático, dicotomia dominante em nossa cultura por 15 séculos, passou a ser contestada a partir do Renascimento e do Iluminismo. Anunciou-se um ‘terceiro estágio’ dialético. O reino divino seria estabelecido na própria Terra, com os recursos da ciência e pelos próprios meios humanos. Voegelin qualifica essa contestação de gnose. Ele procura traçar sua origem nas heresias que hã acompanhado o desenvolvimento da religião cristã. É o tema de seu ensaio A nova ciência política. Na visão do filósofo, constitui o gnosticismo a própria essência intelectual da modernidade. A ordem da existência humana em sociedade que, no paganismo, era cosmologicamente simbolizada e que, no cristianismo, encontrou sua expressão na imagem do reino paradigmático de Santo Agostinho – o qual secularizava e relativizava o Estado – passou, a partir do século XVI, a ser formulada em termos ideológicos. E Estado foi então ressacralizado – à medida que se secularizava a religião. Primeiro através da monarquia absoluta com seu ‘déspota esclarecido’; em seguida, através do conceito abstrato de povo; para finalizar nas democracias totalitárias há poucos anos desaparecidas. Foi Hobbes quem genialmente anunciou essa nova dispensação, repaganizante, que introduziu no Ocidente a teologia política do Estado-nação moderno, com sua religião civil intramundana e imanentista. O poder é a nova e única realidade. A força de um tigre e a astúcia de uma raposa são, para Maquiavel, as virtudes do Príncipe. O poder político representa a forma existencial suprema em que se afoga e desaparece o homem singular, em sua liberdade eticamente responsável. No dualismo gnóstico, conforme assinala Voegelin, o mal não pode ser atribuído à vontade pecaminosa do indivíduo, porém é resultado inevitável da existência no mundo material. Dessa condição terrível, só uma pequena elite de indivíduos que conhecem (gnose) a realidade subjacente (no caso, os intelectuais marxistas e políticos radicais) é capaz de escapar do determinismo da vida material e forjar a utopia em que serão realizadas todas as aspirações humanas e todos os desejos satisfeitos na justiça e no bem-estar.
No mundo contemporâneo, a fé se converteu em ideologia ‘científica’, a esperança se transformou em expectativas utópicas de uma realização política, no reino da Terra, e o amor se vulgarizou como mero erotismo” (Meira Penna, op. cit., pg. 25-26).

“O socialismo, aliás, como Nietzsche já nitidamente notara, é o produto corrompido de um cristianismo em declínio: um cristianismo inteiramente secularizado. Como certa vez cheguei a definir, o socialismo é o altruísmo ou a caridade cristã impostos pela polícia...” (Meira Penna, op. cit., pg. 28).

“O intelectual é aquele que, na concepção de Weber, obedece à ética da pura convicção, desvinculada de interesses econômicos imediatos; aquele que se preocupa, acima de tudo, com o que deve ser, o Sollen da terminologia kantiana, descurando da instância empírica naquilo que é realmente, o Sein da mesma distinção categórica. Se configura a praxis coletiva a única realidade e se aquilo que é e aquilo que deve ser se fundem dialeticamente (theoria e praxis), explica-se o papel que a intelligentsia – ou seja, o que prefiro vernacularmente denominar a intelectuária – deve tomar na revolução. Caberia então ao intelectual, especialmente àquele que, como aponta Arendt, não sabe bem distinguir entre o fato e a ficção, conquistar a hegemonia cultural em proveito das massas que deve conduzir para a tomada do poder. Foi isso de fato o que aconteceu no Ocidente. O gauchisme execeu aqui um papel surpreendente, convertendo ao socialismo e ao comunismo escritores, professores, jornalistas, artistas, profissionais liberais e clérigos das Igrejas estabelecidas” (Meira Penna, op. cit., pg. 31).

“Foi na França, sobretudo em princípios do século, que o nacionalismo de direita se confundiu com o anti-semitismo dentro de um contexto ideológico muito claro e muito sólido. O famoso Caso Dreyfus, em 1894, consolidou essa associação e não devemos nos admirar se Hannah Arendt ocupa um capítulo inteiro da primeiro parte de seu livro com o affaire Dreyfus” (Meira Penna, op. cit., pg. 63).

“Essa opinião de Arendt confirmaria, no entanto, minha própria convicção que a origem do anti-semitismo deve ser procurada no elemento psico-religioso inerente a qualquer ideologia: no maniqueísmo. O complexo ideológico configura, necessariamente, a presença de uma dicotomia entre o Bem e o Mal. O Mal deve ser projetado (no sentido psicanalítico do termo projeção) sobre algo ou alguém que passa a desempenhar o papel conveniente de cabide de sombra ou bode expiatório. Arendt menciona, no contexto deste debate, a distinção que faz Platão, no Phaedrus e no Theaetetus, entre os argumentos dos filósofos que procuram a Verdade e os argumentos dos sofistas, que estão apenas interessados em opiniões (doxai). Os philosophoi cultuam a sabedoria, os philodoxoi apenas o argumento. A posição insegura da Verdade, que Platão constata, resulta do fato de que, ‘das opiniões vem apenas a persuasão e não a verdade’ ” (Meira Penna, op. cit., pg. 67).

“O socialismo aparece na segunda, terceira e quarta décadas do século XIX, numa lenta transição a partir do liberalismo. É obra de Fourier, Saint-Simon, Proudhon, Owen e Marx. Um historiador e economista suíço, genebrino, Jean de Sismondi (+1842), entusiasta da liberdade e amigo de Mme. de Stael, prepara a transição. É ele que, em seus Études sur l’Économie Politique inventa os termos proletariado e mais-valia (mieux-value) e postula a oposição inexorável entre ricos e pobres. Os ricos sempre dirão aos pobres: ‘Nossa vida é sua morte’; e estes responderão: ‘Sua morte será nossa vida’. Está aí explicada a noção de que a riqueza dos ricos se deve ao empobrecimento dos pobres – noção que constitui o cerne da ideologia marxista e da pseudoteologia da Libertação” (Meira Penna, op. cit., pg. 69).

“O Padre Robert Sirico, presidente do Action Institute for the Study of Religion and Society, em Grand Rapids, Michigan, EUA, revela que um inquérito em seminários americanos registrou ainda o predomínio dessa ‘teologia’ (“opção preferencial pelos pobres”): 37 por cento dos futuros padres continuam esperando que os EUA se encaminhem para o socialismo; 39 por cento favorecem uma limitação das rendas e 50 por cento defendem a redistribuição da fortuna” (Meira Penna, op. cit., nota de rodapé pg. 69).

“Foi um ex-comunista iugoslavo, o senhor Milovan Djilas, que cunhou a expressão Nova Classe – tão admiravelmente expressiva das condições imperantes do lado de lá da antiga Cortina de Ferro. Na Suíça, que volto a citar porque, sendo despudoradamente capitalista, é também uma nação entranhadamente decmocrática, só o presidente da República, isto é, o conselheiro federal temporariamente designado para presidi-lo, tem direito ao uso de um automóvel oficial: a idéia da chapa branca foge à mentalidade helvética proque indica um privilégio antidemocrático” (Meira Penna, op. cit., pg. 76).

“Antonio Paim e Ricardo Vélez Rodriguez, dois dos mais destacados pensadores liberais brasileiros, têm salientado que nosso patrimonialismo é germe do social-estatismo, legitimado pela ideologia socialista, de tal forma que o ‘esquerdismo’ que inspira a intelectuária tupiniquim é basicamente responsável pela estrutura conservadora que mantém a recessão e o atraso do país. A intelectuária é, de fato, composta de mandarins – intelectuais e burocratas ao mesmo tempo: a classe dominante é naturalmente conservadora.
Em seus artigos, livros e conferências, Ricardo Vélez tem analisado exaustivamente as origens históricas do patrimonialismo no contexto luso-brasileiro, que é marcado pelos grandes momentos da dinastia de Aviz, do despotismo esclarecido de Pombal, do positivismo da República e do marxismo que se instalou no período da Guerra Fria” (Meira Penna, op. cit., pg. 77).

“Como costumava dizer Guerreiro Ramos, maioral do ISEB citado por Roberto Campos (O ESP, 7/11/93): ‘No Brasil de hoje há poucos homens de esquerda, porém muitos esquerdeiros. Estes vivem de gesticulação revolucionária e de ficções verbais’ ” (Meira Penna, op. cit., pg. 80).

“A experiência desses últimos 200 anos demonstra que nos países onde, simultaneamente, a democracia e o desenvolvimento da livre iniciativa empresarial acompanharam harmoniosamente a Revolução Industrial, com o respeito aos dois direitos humanos fundamentais, o de liberdade e o de propriedade, foi possível alcançar a meta de enriquecimento popular e de relativo equilíbrio na distribuição da fortuna. A ‘Mão Invisível’ de Adam Smith foi o que proporcionou esse resultado. A famosa Terceira Via, aquela que Vaclav Klaus, o primeiro-ministro tcheco, sabiamente definiu como o caminho mais curto para o Terceiro Mundo, não é transitável, mesmo pela mão esquerda... ” (Meira Penna, op. cit., pg. 82-83).


Bibliografia

PENNA, José Osvaldo de Meira. Política Externa - Segurança e Desenvolvimento. AGIR, Rio de Janeiro, 1967.

PENNA, José Osvaldo de Meira. A Ideologia do Século XX. Ensaios sobre o Nacional-socialismo, o Marxismo, o Terceiro-mundismo e a Ideologia Brasileira. IL/Nórdica, Rio de Janeiro, 1994 (2ª edição).


***

O Grande Meira Penna

por Ipojuca Pontes em 05 de fevereiro de 2007

Resumo: Diplomata de carreira que serviu nos cinco continentes durante mais de 30 anos, Meira Penna nos dá uma visão substancial de sua experiência de homem de pensamento.

http://www.midiasemmascara.com.br/artigo.php?sid=5547&language=pt

Como ocorre na maioria das vezes no plano literário, travei conhecimento com o profícuo trabalho do embaixador José Osvaldo de Meira Penna, ou melhor, do escritor J. O. de Meira Penna, melhor ainda, do pensador Meira Penna - muito antes de cumprimentá-lo pessoalmente. Deu-se o seguinte: durante o desgoverno de Zé Sarney, testemunhando os métodos de atuação da Embrafilme, eu havia acordado para o nefasto papel que o Estado exercia (e exerce) sobre a atividade cinematográfica, ocasião em que rompi o diálogo com a alcatéia de burocratas e clientes da área estatizada, dando por encerrada a minha trajetória de “cineasta premiado”.

“O Dinossauro”: obra fundamental.

Transcorria o ano de 1988. Embora já conhecesse as obras de Adam Smith e o vertiginoso “Ação Humana”, tratado de economia liberal escrito por Ludwig von Mises, procurava, na minha solidão intelectual, alguém que no Brasil compartilhasse das mesmas apreensões e temores. Foi quando casualmente, remexendo nas prateleiras de uma livraria, encontrei escondido na estante de obras de “Sociologia”, volume de “O Dinossauro”, a preciosa pesquisa de Meira Penna sobre o Estado, o patrimonialismo selvagem e a nova classe de intelectuais e burocratas que crava suas garras sobre o costado da Nação.

Tomei um choque com o livro. Ali se encontrava tudo o que procurava e pressentia, uma verdadeira e perfunctória análise crítica, com dados concretos e precisão de fontes, da atuação predatória do Estado não só na área do cinema mas na própria formação do País. Com efeito, Penna abordava com fluência e clareza a histórica inclinação brasileira para a prática do mercantilismo, no Império e na República, esclarecia os pendores nacionais para o empreguismo e a “mamãezada”, descortinava a pantomima da corrupção própria dos governos empenhados em “resolver” a questão da “justiça social” e, muito sutilmente, chamava a atenção para a impostura dos “intelectuários” (expressão grata ao mestre Gilberto Freyre) na vida institucional do País, isto é, do intelectual que deseja uma “boa boca” no funcionalismo público ou, ao inverso, do funcionário público que, mamando nas tetas do Erário e escrevendo sobre minudências acadêmicas, aspira ser aceito como intelectual – quem sabe para ascender na carreira com maior rapidez.

(Curiosamente, Meira Penna, transitório Diretor-Geral da Embrafilme nos seus primórdios - 1971, creio -, em pouco tempo matou a charada da estatal do cinema: desde cedo a empresa tornou-se um antro de patifarias, negociatas e safadezas – o que levou o diplomata a afastar-se com urgência do cargo).

A partir de “O Dinossauro” tornei-me um leitor de carteirinha dos livros de Meira Penna, escritor singular, cujo perfil substantivo, mais cedo ou mais tarde terá de ser reconhecido como um clássico das letras nacionais. Claro, existe hoje em torno de sua obra toda uma cortina de silêncio, tecida pelo reacionário esquerdismo tupiniquim que, não podendo enfrentar o seu descomunal conhecimento, prefere velhacamente enfiar a viola no saco ou sabotá-lo.

Sua obra é vasta. Ela trata, em específico, com nitidez filosófica, dos fetiches compensatórios dos regimes totalitários e populistas (“Ideologia do Século XX”); do impasse conflitivo entre igualdade e liberdade nos regimes liberais e socialistas (“O Espírito das Revoluções”); do caráter arbitrário, coercitivo e daninho do “Estado forte” ou patrimonial (“O Dinossauro”); das limitações do darwinismo, social ou biológico, enquanto visão da evolução e seleção natural para explicar o enigma da mente humana (“Polemos”); da visão da psicologia coletiva brasileira em face dos desafios para se construir uma sociedade exemplar (“Em Berço Esplêndido”); da defesa da economia de mercado, a partir da supremacia da sociedade de confiança e do direito da propriedade em contraposição ao “construtivismo” falacioso da “engenharia social” (“Da Moral em Economia”) e, para mencionar só mais um dos seus trinta e tantos livros, o ensaio analítico sobre o altruísmo e o progresso humano expresso em “Opção preferencial pela Riqueza”.

Há, no entanto, um livro notável na bibliografia do escritor: “Meira Penna, por ele mesmo”, uma curta autobiografia em que revela o evoluir de sua formação e de suas idéias, sem fugir, no entanto, ao modo de Santo Agostinho, das confissões pessoais. Nela vislumbramos a luta tenaz de um cérebro bem dotado articulando-se para entender o mundo e o seu tempo, em particular o Brasil e seus eternos tropeços. Diplomata de carreira que serviu nos cinco continentes durante mais de 30 anos, Meira Penna nos dá, em paralelo, uma visão substancial de sua experiência de homem de pensamento, mormente quando se reporta aos seus encontros com personalidades expressivas do século 20, tais como, por exemplo, Carl Jung, o psicólogo do inconsciente coletivo.

Por felicidade pessoal, ao fazer para o Estado de São Paulo a resenha crítica de “Em Berço Esplendido”, o sempre atento José Mario Pereira, editor do livro pela Toopbooks, tratou de me apresentar o notável escritor, de quem me tornei, com o passar do tempo, mais admirador. Em pessoa, Meira Penna transpira inteligência, elegância, espírito crítico e - coisa rara hoje em dia - correção.

Bem, escrevo, escrevo e não chego ao essencial, que é o seguinte: o pensador Meira Penna, que nasceu com a Revolução Russa, em 1917, vai completar neste 2007, noventa anos de idade. Noventa anos, como diria Acácio, o Conselheiro, não é um acontecimento que ocorra todos os dias na vida do cidadão. Em menos tempo, a Revolução Russa ruiu e próprio Fidel Castro, octogenário, está moribundo – enquanto o pensador brasileiro continua vivo e firme, escrevendo cada vez melhor.

Parabéns!

Nota Editoria MSM: sobre o mais recente trabalho de J.O. de Meira Penna, recomenda-se a leitura do artigo Uma análise crítica do Darwinismo


***

SAUDAÇÃO AO EMBAIXADOR

Jose Oswaldo de Meira Penna

por ocasião de seu 90. aniversário

Caríssimo Mestre,

Assim como Sócrates na antiga Atenas era cercado por aqueles que procuravam a sabedoria, assim nós aqui temos tido o privilégio de conviver com um verdadeiro amante da sabedoria, nesse Brasil tão dominado por confusas opiniões.

Somos um grupo heterogêneo, de diferentes idades e experiências de vida, de crenças e profissões. Temos entre nós juristas e economistas, professores e alunos, diplomatas e funcionários públicos, militares e clérigos, judeus e cristãos.

Todos encontramos os portões sempre abertos de “Castália”, essa fonte da amizade.

Aprendemos que sabedoria é mais que conhecimento. É uma soma de muitas virtudes, gregas e cristãs ; coragem, humildade, tolerância, bom-humor, e de nunca perder a esperança e o otimismo.

Queremos hoje manifestar gratidão por esse privilégio.

Amigo José Oswaldo (e permitam-me incluir sua esposa Dorothy), que sua vida se prolongue para além desses noventa, na direção do século, dando-lhe oportunidade para concluir suas riquíssimas memórias, e ainda nos proporcionar muitas lições de vida.

Aceite nosso abraço,

Nelson Lehmann


Obs.: Também assino embaixo, nessa homenagem do professor Lehmann ao 'Barão de Castália', no dizer de Heitor Aquino Ferreira. 'Castália' é o nome da residência do embaixador Meira Penna, em Brasília (F. Maier).


Breve biografia do Embaixador Meira Penna:

José Osvaldo de Meira Penna nasceu no Rio de Janeiro no dia 14 de Março de 1917. Pela Universidade do Brasil, atual Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), obteve o título de Bacharel em Ciências Jurídicas. No ano de 1938 ingressou na carreira diplomática por intermédio de concurso público para o Instituto Rio Branco. Fez cursos de especialização na Universidade de Columbia, em Nova York, e no Instituto C. G. Jung, de Zurique. No ano de 1965 fez o Curso Superior de Guerra da ESG, tendo cursado posteriormente diversos cursos de especialização nessa instituição. Como diplomata de carreira, J. O. Meira Penna ocupou diversas funções, dentre as quais: Vice-Cônsul em Calcutá¡, Índia, e Shangai, China (1940-1952); Segundo Secretário em Ankara, Turquia, e Encarregado de Negócios em Nanking, China (1947-1949); Secretário em Ottawa, Canadá¡, Secretário e Conselheiro da Missão Brasileira das Nações Unidas (1953-1956) e membro da Delegação Brasileira a várias Assembléias das Nações Unidas, e da Conferência Geral da UNESCO em 1958; Chefe da Divisão Cultural do Ministério das Relações Exteriores (1956-1959); Cônsul Geral em Zurique, Suíça (1959-1964); Embaixador do Brasil em Lagos, Nigériria (1964-1965); Secretário Geral Adjunto para o Planejamento e da Europa-Oriental e Ásia (1966-1967); Embaixador do Brasil em Israel e em Chipre (1967-1970); Presidente da Comissão de Assuntos Internacionais do MEC, Diretor Geral da Embrafilme e Assessor do Ministério da Educação e Cultura (1971-1973); Embaixador do Brasil em Oslo, Noruega e na Islândia (1974-1977); Embaixador do Brasil em Quito, Equador (1978-1979); e Embaixador do Brasil em Varsóvia, Polônia (1979-1981). Meira Penna foi conferencista de cursos da ADESG (1971-1973); tem ministrado regularmente conferências sobre psicologia social no Instituto C. G. Jung em Zurique e conferências sobre diversos temas na Escola Superior de Guerra e no Conselho Técnico da Confederação Nacional da Indústria e do Comércio. Tem colaborado com o trabalho dos Institutos Liberais de todo o Brasil, sendo atualmente o presidente do Instituto Liberal de Brasília. José Osvaldo de Meira Penna é um dos quatro brasileiros vivos que tem a honra de ser membro da Mont Pelerin Society.

Meira Penna é autor de vasta obra composta, até o presente momento, dos seguintes livros: Shangai: Aspectos Históricos da China Moderna (1944), O Sonho de Sarumoto: O Romance da História do Japão (1948), Quando Mudam as Capitais (1958 / 2ª Edição revista e ampliada: 2002), Política Externa, Segurança e Desenvolvimento (1967), Psicologia do Subdesenvolvimento (1972), Em Berço Esplêndido: Ensaios de Psicologia Coletiva Brasileira (1ª Edição: 1974 / 2ª Edição revista e ampliada: 1999), Elogio do Burro (1980), O Brasil na Idade da Razão (1980), O evangelho segundo Marx (1982), A Ideologia do Século XX: Ensaios sobre o Nacional-socialismo, o Marxismo, o Terceiro-mundismo e a Ideologia Brasileira (1ª Edição: 1985 / 2ª Edição revista e ampliada: 1994), A Utopia Brasileira (1988), O Dinossauro: uma Pesquisa sobre o Estado, o Patrimonialismo Selvagem e a Nova Classe de Burocratas e Intelectuais (1988), Opção Preferencial pela Riqueza (1991), Decência Já¡ (1992), O Espírito das Revoluções: Da Revolução Gloriosa à Revolução Liberal (1997), Ai, que dor de cabeça!: Alguns dados informativos e sugestões para aqueles que sofrem de enxaqueca (2000), Urania: Onde se discute a conquista do espaço, a ficção científica, os discos voadores, E.T.s, a pluralidade dos Mundos Habitados e a solidão do homem (2000), Cândido Pafúncio: Numa historia contada por um idiota (2001) e Da Moral em Economia (2002). Seu último livro foi Polemos - uma análise crítica do darwinismo (2006). No momento, Meira Penna elabora sua autobiografia que, pelo visto, será na forma de vários volumes. Haja fôlego! Além desses livros, Meira Penna é autor de centenas de artigos publicados em jornais e revistas no Brasil e no exterior.


Algumas opiniões acerca do Embaixador Meira Penna:

“O embaixador Meira Penna é um homem de grande cultura, que já leu todos os grandes clássicos e modernos do pensamento liberal, e que fez do liberalismo uma doutrina viva. É também um formidável polemista”.
- Mário Vargas Llosa

“Desenvolvendo grande atividade intelectual desde a juventude, o embaixador aposentado José Osvaldo de Meira Penna realizou uma obra grandiosa, que acredito venha a merecer consideração detida num dos nossos cursos de pós-graduação em pensamento brasileiro ou ciência política”.
- Antonio Paim

“O embaixador Meira Penna alia a sua inteligência e a sua vasta erudição - histórica, filosófica, sociológica, política e econômica - a uma notável capacidade de combater. Polêmico, freqüentemente agressivo em face a posturas contrária a sua - especialmente a socialista e nacionalista -, ele é uma figura ímpar no panorama intelectual brasileiro, sempre pronto a denunciar ilusões ou imposturas”.
- Roque Spencer Maciel de Barros

“Meira Penna é um reconhecido intelectual, articulista e polemista, já escrevera diversas obras de fôlego, introduzindo muitos temas então inéditos ou pouco abordados, como o patrimonialismo selvagem”.
- Cândido Prunes

“O embaixador José Osvaldo de Meira Penna é um dos intelectuais brasileiros que mais tem contribuído para a formação de uma literatura liberal em nosso país”.
- Og F. Leme

“Meira Penna é um expoente da pequena ala de intelectuais liberais do Itamaraty que não se deixaram contaminar pelas ideologias coletivas: o solidarismo romântico, o nacionalismo e o socialismo. Essas ideologias antiliberais, que desconhecem o papel da concorrência na promoção da eficácia econômica e do pluralismo político, impregnaram várias gerações itamaratianas. E, como convé a celebre entropia de um país subdesenvolvido, degradaram-se em manifestações folclóricas: antiamericanismo de salão, socialismo de balcão e terceiro-mundismo de ocasião”. “Meira Penna, como liberal engajado e espadachim ideológico, sempre sofreu discriminação por parte de mesquinhas igrejinhas no Butantã da Rua Larga. Foi um talento subaproveitado. Prosperam mais, para usar a verbologia de Platão, os 'filodoxos' (amigos de opiniões) do que os 'filósofos' (amigos da sabedoria)”.
- Roberto Campos

“Meira Penna está muito atento aos problemas colocados pela inserção do catolicismo na economia da modernidade, além de preocupado com a fundação de uma Ética social”.
- Ubiratan Borges de Macedo

“Meira Penna escreveu o melhor livro de psicologia social brasileira (Psicologia do Subdesenvolvimento) e a melhor defesa da economia liberal que existe em português (Opção Preferencial pela Riqueza), além de uma notável análise da burocracia estatal (O Dinossauro), de um esplêndido painel das Ideologias do Século XX e de muitos outros livros que não ficam abaixo desses”. “Poucos escritores de tamanho valor foram, no mundo, tão injustamente depreciados pela mídia, tão sistematicamente excluídos do debate público e reduzidos a falar para um pequeno círculo de leitores e admiradores”.
- Olavo de Carvalho



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