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Ensaios-->A Pedra Fundamental De Um Acordo -- 22/10/2010 - 08:48 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A Pedra Fundamental De Um Acordo

Paulo Geiger - Editor

As negociações diretas entre israelenses e palestinos têm como objetivo declarado a busca de um acordo para o fim do conflito e, finalmente a paz. É consenso, apesar de muita oposição de setores radicais de ambas as partes, a perspectiva de que essa paz se baseie na existência e convivência de dois estados nas terras que hoje formam o Estado de Israel, os territórios ocupados por Israel e a faixa de Gaza: um estado judaico (Israel) e um estado palestino (Palestina).

Não vou aprofundar aqui a questão da oposição acima mencionada, embora sejam oposições de características e pesos assimétricos: enquanto a oposição israelensee terá de ser – e será, como foi no acordo de paz com o Egito em 1979, e como na retirada unilateral da faixa de Gaza, em 2005 – imposta pelo governo aos dissidentes, um eventual acordo assinado pelos líderes da Autoridade Palestina não será respeitado – sem que a AP tenha força para impor sua decisão – pelo Hamas, pelo Hizbolá, pelo Irã, e possivelmente, a julgar pelo rumo atual dos acontecimentos, pelo Líbano, pela Síria, pelo Irã e até pela Turquia. Ou seja, enquanto um compromisso israelense teria a garantia da responsabilidade institucional e a força da democracia israelense pa ra impô-lo e consolidá-lo, os palestinos não podem, nem querem, garantir que poderão impor esse compromisso, e colheriam os frutos sem necessariamente terem de pagar o preço, sem nem mesmo poderem ser acusados de violação, já que a oposição seria externa’ e contra a sua vontade.

Mas aqui pretendo examinar apenas o compromisso que os palestinos ‘moderados’ estão dispostos – ou não – a assumir para um acordo de paz, a começar pelas próprias negociações. No entrechoque das exigências de pré-condições que permitam as negociações, de novo assimetria: o que os palestinos, oficialmente, exigem é a prorrogação do congelamento de construções de casas judaicas em Jerusalém e nos territórios. É uma questão eventual e quase irrelevante, a não ser para os próprios colonos e as alas mais radicais da sociedade israelense: um futuro acordo necessariamente delimitará as fronteiras dos dois estados, e não serão casas recém-construídas que servirão de referência para isso. Ou seja. &ea cute; uma exigência que pode ser facilmente retirada sem implicações reais para o acordo, ou facilmente cumprida pelos israelenses, se for a única coisa que impeça o prosseguimento das negociações.

Mas a condição israelense é fundamental para definir qual será a natureza do acordo final: o reconhecimento pelos palestinos de que Israel é um estado judaico. A importância dessa exigência não é simbólica, ela define não a tática, mas a visão estratégica palestina da futura coexistência: se é a aceitação de uma convivência definitiva, ou se é um passo tático para o objetivo final do fim do ‘estado sionista’, que é como Israel é, com viés pejorativo e acusatório, definido por eles. Esta é a tática que foi defendida pela Carta Palestina de 1964, e pela OLP de Iasser Arafat. Passo a passo, sem abrir mão do objetivo final. Como claramente indicado pela insistência do ‘retorno de refugiados’ da guerra de 1948 (guerra que eles mesmos começaram) não para o estado palestino a ser criado, mas para dentro de Israel, transformando automaticamente Israel, pela prevalência demográfica, em mais um estado árabe, provavelmente com mudança na bandeira, na língua oficial, no hino nacional, nas relações com o povo judeu. Foi essa exigência que impediu a criação de um estado palestino já em Camp David, no início do século, e é a visão de uma Palestina integralmente ‘não sionista’ que impediu a criação de dois estados já em 1947.

A justificativa ridícula que o presidente da Autoridade Palestina evoca ao dizer que ‘nunca reconhecerá a natureza judaica de Israel’ é a de que não lhe cabe determinar qual será essa natureza. Claro que não. Assim como Israel não pode determinar qual será a natureza do estado palestino, mas estará implicitamente reconhecendo como ‘estado palestino’ quando, e se, assinar um acordo. ‘Judaico’ não quer dizer, nunca quis dizer na história do sionismo moderno, ‘da religião judaica’. ‘Judaico’ quer dizer ‘do povo judeu’: o estado nacional judaico. Assim como existem mais de quinze estados nacionais árabes, de maioria muçulmana (mas onde teoricamente convivem outras religiões). O fato de o povo judeu professar somente o judaísmo não define o car&aacu te;ter religioso do estado judaico. A religião judaica, ao contrário do Islã radical, não é institucional (a influência religiosa na vida política de Israel ocorre por motivos políticos, e não religiosos). A confusão não é semântica, é política. Não cabe a ninguém mais, a não ser os israelenses, determinar a futura natureza do Estado de Israel. Assim como as populações árabes determinam a natureza árabe de seus estados. Mas a recusa dos palestinos de reconhecerem o que os israelenses concebem HOJE como sua natureza (estado nacional do povo judeu) é indício claro de sua intenção: manter aberta a opção de ‘desjudaizar’ Israel, ou ‘dessionizar’ Israel, o que é a mesma coisa. É a continuação do objetivo estratégico palestino (e radical islâmico) que impediu a paz e a convivência desde sempre. Não é uma questão de retórica, é a pedra fundamental de qualquer acordo sincero.

(Especial para ADCom e Rua Judaica)


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