Nos últimos anos temos visto muitos exemplos de ONG’s ambientalistas culpando os fazendeiros pela destruição do meio ambiente. Eles chegam a ser acusados pelo desmatamento ilegal, pelas queimadas e pela extinção de muitas espécies de plantas e animais etc.
Esse jogo de disputa entre os ambientalistas e os adeptos do agronegócio parece às vezes briga de cão e gato. Basta lermos alguns comentários, opiniões e inúmeros artigos que circulam na internet para vermos os vários rótulos que tratam os agricultores e pecuaristas como se fossem inimigos da ecologia.
Hoje a maior parte da população brasileira vive em grandes cidades, longe do contato com ambientes naturais, e são poucos os que conhecem a realidade do homem do campo.
É certo que a sociedade atual vive preocupada com a qualidade de vida, as mudanças climáticas e a própria sobrevivência do planeta, o que a leva querer envolver-se cada vez mais com essas questões. Mas, em alguns casos é possível ver que existe no senso comum uma série de exageros e superstições no que diz respeito ao papel real dos produtores rurais em nosso país.
E, infelizmente, muitas pessoas que vivem no campo são taxadas de inimigos da natureza e, assim, acabam sofrendo preconceituosamente pelos problemas ambientais de nosso país.
Enquanto que em outros países o governo concede uma série de subsídios aos produtores rurais e boa parte da mídia valoriza esse segmento, tristemente, em nosso país podemos ver uma situação contrária. Algumas situações mostram que os produtores rurais estão assumindo o papel de bode expiatório dos problemas ambientais do Brasil.
Os produtores rurais em muitos casos são tratados como criminosos pelas leis ambientais brasileiras, que – convém lembrar – estão entre as mais severas que existem. Mas, além de problemas com os fiscais de meio ambiente, os produtores rurais têm que enfrentar uma série de outras questões, como por exemplo: reforma agrária e MST, conflitos com povos indígenas e comunidades tradicionais, problemas com as leis trabalhistas, falta de infra-estrutura para escoamento da produção etc.
Não podemos esquecer que o setor do agronegócio movimenta uma significativa parcela da economia nacional e, assim como em outras áreas, reúne exemplos negativos e positivos. Contudo, honradamente podemos dizer que são muito maiores os motivos que nos fazem orgulhar desse segmento produtivo.
Só quem acompanha de perto a vida atual do homem do campo sabe o quanto tem sido difícil para que eles possam colocar o Brasil no patamar de um dos maiores produtores agrícolas e de pecuária do mundo tendo que enfrentar todas essas questões polêmicas.
Esse clima de conflitos e agressões que atualmente ronda o dia-a-dia do agronegócio não nos deixa caminhar para alcançar resultados maiores. Não é possível conseguir a proteção ambiental e a redução dos problemas no campo sem que haja um diálogo entre as partes envolvidas.
É preciso uma disposição para ajudar o meio ambiente, mas não podemos deixar que uma visão equivocada acerca do importante papel que os produtores rurais exercem em nosso país atrapalhe essa busca de um mundo melhor.
É possível ver que na maioria das propriedades rurais há uma preocupação com a produção sustentável. Atualmente os produtores sabem que não há produção sem água ou em solos degradados. Eles sabem que nada cresce sem o equilíbrio da biodiversidade, tão importante para o controle de pragas e doenças.
É certo que não conseguiremos o objetivo de garantir o desenvolvimento sustentável com a promoção de uma defesa fanática, nem por meio de inimizades. É preciso unir as forças para pacificar esses conflitos entre ambientalistas e o agronegócio.
A proteção do meio ambiente é algo que deve ser buscado não pela divisão, mas pela união de todos. Nesse objetivo ninguém pode ser excluído, nem deve ficar de fora; todos precisar se envolver. Assim, devemos deixar os rótulos e os preconceitos de lado para nos unirmos em prol de um mundo melhor !!!
Publicado no Jornal Poderes, edição n. 296, p. 07, de 16/06/2010. Goiânia - Goiás.
Publicado no Jornal Mesa de Bar News, edição n. 385, p. 15, de 22/10/2010. Gurupi - Estado do Tocantins.
Giovanni Salera Júnior é Mestre em Ciências do Ambiente e Especialista em Direito Ambiental.
E-mail: salerajunior@yahoo.com.br
